A gestão de Dilma no governo federal e a de Aécio em Minas Gerais foram alvo de críticas mútuas no debate no SBT| Foto: Adriana Spaca/ Brazil Photo Press

Gazeta comentou debate em tempo real; veja como foi

O debate do SBT foi comentado e analisado, em tempo real, pela Gazeta do Povo, veja como foi.

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Opinião

Tom agressivo e duas novas acusações

Rogerio Waldrigues Galindo, colunista da Gazeta do Povo

O debate de ontem talvez tenha sido o mais agressivo já registrado na história da jovem democracia brasileira entre dois candidatos à Presidência. Pelo menos desde que acabou a fase "folclórica" da política nacional, que contou com embates clássicos, como o de Brizola com Maluf. (Para quem não lembra, os dois gritavam, com Maluf chamando Brizola de desequilibrado e Brizola o acusando de ser filhote da ditadura.)

Ontem, não se chegou a esse ponto. Mas quase. Não foram só os temas duros das perguntas: corrupção, incompetência, nepotismo. Foi também o tom dos presidenciáveis: quem olhava Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) tinha a nítida impressão de que os dois sentiam raiva naquele momento um do outro.

O debate foi marcado pelas acusações que já vinham aparecendo (escândalos na Petrobras, falta de investimentos em saúde em Minas) mas também teve novas denúncias de parte a parte. A primeira novidade veio quando Dilma tentou questionar o nepotismo de Aécio, que empregou a irmã e outros parentes em Minas Gerais. Aécio respondeu com uma paulada: levantou o caso de Igor Rousseff, irmão de Dilma empregado por anos na prefeitura de Belo Horizonte. Acusou-o de fantasma e, de maneira quase inacreditável, Dilma não reagiu. Se tinha esse telhado de vidro, por que fez a pergunta?

No caso de Aécio, a pergunta mais difícil foi sobre Lei Seca. Dilma, sem falar no histórico pessoal do tucano, perguntou o que ele achava da proibição de se dirigir sob efeito de álcool. Aécio foi pego em uma blitz e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Respondeu tentando acusar Dilma de baixar o nível do debate (como se fosse possível!) e admitiu que "inadvertidamente" não fez o exame de álcool. Não há como se sair bem de uma situação dessas.

Passou mal

Após o debate, Dilma Rousseff (PT) passou mal durante entrevista ao vivo. Ainda no estúdio, ela começou a responder uma pergunta ao vivo, se confundiu e não conseguiu retomar sua fala. Em seguida, disse sofrido ter uma queda de pressão e estar se sentindo mal. A repórter que a entrevistava encaminhou Dilma para sentar em uma cadeira e encerrou a entrevista.

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Candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se enfrentaram ontem no debate mais acirrado da campanha e em um dos mais tensos da história política recente do país. Aécio acusou Dilma de ter um irmão funcionário fantasma na prefeitura de Belo Horizonte, enquanto a petista acusou o tucano de ter empregado parentes no governo de Minas Gerais. Além disso, questões pessoais, como o episódio no qual Aécio não fez o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca, também foram abordados. O debate foi transmitido pelo SBT e realizado em conjunto com a rádio Jovem Pan e o portal UOL.

A troca de acusações relativas às famílias tomou o centro do debate ainda no primeiro bloco. Primeiro, Dilma acusou Aécio de empregar a irmã dele, Andréa, e outros parentes no governo de Minas Gerais. "O que nós conseguimos é que de cada quatro funcionários comissionados, três sejam de funcionários de carreiras [no governo federal]. Eu nunca nomeei parentes para o governo, e queria saber o que o senhor tem a dizer sobre seus parentes empregados no governo de Minas durante sua gestão", disse a petista.

Aécio rebateu dizendo que sempre teve um "cuidado muito grande" ao envolver parentes de adversários em denúncias, mas logo acusou um irmão de Dilma, Igor Rousseff, de ter sido funcionário fantasma da prefeitura de Belo Horizonte. "Ele foi nomeado pelo Fernando Pimentel [ex-prefeito do PT] e nunca apareceu para trabalhar. Agora entendo por que a senhora não tem nenhum parente nomeado em seu governo. Você pede para que seus aliados empreguem", acusou o tucano. Sobre o caso, Aécio disse também que sua irmã trabalhou voluntariamente para o governo dele.

Igor Rousseff, de fato, foi funcionário comissionado da prefeitura de Belo Horizonte na gestão de Pimentel, mas não há qualquer comprovação de que tenha sido fantasma. Pimentel deixou a prefeitura antes de Dilma ser eleita presidente e seu irmão foi exonerado.

Lei Seca

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No terceiro bloco, Dilma questionou Aécio sobre sua opinião em relação à Lei Seca. Aécio entendeu a pergunta como uma provocação em relação a um episódio no qual foi flagrado em uma blitz dirigindo com a carteira de motorista vencida, no Rio de Janeiro. "Tive um episódio no qual dirigia com a carteira vencida e, inadvertidamente, não fiz o teste do bafômetro. Tenho capacidade de reconhecer meus erros que a senhora não tem. Me arrependi e pedi desculpas por esse episódio", disse.

Dilma respondeu que Aécio "diminui" a importância da questão da violência no trânsito causada por motoristas embriagados. "Ninguém pode dirigir bêbado, ou drogado. Eu nunca dirigi sob o efeito de álcool ou de drogas", disse a petista.

A presidente também alfinetou Aécio ao falar de quando ela deixou Minas Gerais, durante a ditadura. "Deixei Minas por que fui perseguida política, e não para passear no Rio de Janeiro", ironizou. Aécio, por sua vez, acusou Dilma de mentir e fraudar informações para atacar sua campanha.

Corrupção

As recentes denúncias de corrupção na Petrobras voltaram a ser pauta do debate, assim como já havia ocorrido no debate da última terça-feira, na TV Band. Aécio disse que os escândalos na estatal viraram rotina durante a gestão petista. Dilma defendeu que a independência da Polícia Federal permitiu que as investigações ocorressem, ao contrário do que havia ocorrido na gestão tucana. Ela citou, também, reportagem que liga o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em março deste ano, ao esquema investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.

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Gestões

A gestão de Aécio em Minas também foi trazida para o debate. Dilma acusou o tucano de descumprir o mínimo constitucional com saúde e educação durante sua gestão – o que teria resultado em uma defasagem de R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões nas duas áreas, respectivamente. O senador acusou a presidente de mentir, e disse que todas as suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TC). Ele acusou também a presidente de desrespeitar a população de Minas.

Os dois candidatos também trocaram farpas em relação ao índice de inflação no governo atual e ao índice de desemprego durante o governo Fernando Henrique, e voltaram a disputar a autoria do programa Bolsa Família.