Ao lado do ex-jogador Ronaldo, o senador Aécio Neves (PSDB), candidato à Presidência, criticou neste domingo (14) a política de ocupação de favelas promovida pelo governo do Rio, comandado pelo aliado Luiz Fernando Pezão (PMDB), que tenta a reeleição e declara apoio a Dilma.
O tucano elogiou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), mas afirmou que "ficar só nisso não resolve".
"As UPPs são a primeira etapa. Acessibilidade é muito importante, as UPPs também, mas ficar só nisso não resolve. Estamos vendo isso no Rio de Janeiro. O segundo passo, que o governo federal vai dar se eu for eleito, é investir nas favelas com hospitais, posto de saúde equipados, bancos, educação de qualidade. Por que as escolas melhores equipadas têm que estar no asfalto?", disse Aécio, na sede da Cufa (Central Única de Favelas), em Madureira, na zona norte do Rio.
A declaração ocorre dois dias após a presidente Dilma Rousseff renovar, em cerimônia ao lado de Pezão, a permanência das Forças Armadas no Complexo da Maré até dezembro.
O PSDB apoia a reeleição do governador do Rio, em aliança costurada entre Aécio e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Mas Pezão declara apoio a Dilma e tem intensificado a campanha ao lado da petista.
"Vamos subir as favelas não apenas com polícia, mas também com crédito, serviços, possibilidade das pessoas se qualificarem, hospitais de boa qualidade. Essa é a grande virada que queremos dar. Chega dessa visão do asfalto para a favela preconceituosa. Estamos assistindo um genocídio contra jovens e negros", disse ele, que falou a uma plateia de cerca de 300 pessoas convidadas pela Cufa.
Ele afirmou que, se eleito, vai oferecer bolsa de um salário mínimo aos jovens que abandonaram os estudos para que concluam os ensinos Médio ou Fundamental.
O tucano participou do lançamento do livro "Um país chamado favela", de Renato Meirelles e Celso Athayde. A publicação afirma, com base em pesquisas do instituto Data Popular, que 76% das pessoas declaram que melhoraram de vida nos últimos anos. Mas apenas 1% atribui a mudança ao governo - a maioria credita a esforço pessoal, ajuda de familiares e de Deus.
"O brasileiro que muda de vida é aquele que rala, que estuda e trabalha. O Estado, diferente do que o atual governo diz, não é aquele que melhora a vida das pessoas. O Estado tem que ser parceiro. O discurso de que o Estado melhorou a vida é uma enganação", disse o tucano.
O tucano foi à Cufa ao lado do jogador Ronaldo, que já havia declarado apoio ao tucano mas, pela primeira vez, participou de ato da campanha. Ao lado do ex-jogador, arriscou golpes de capoeira, posou com dançarinos e conheceu a estrutura do ONG, instalada sob o viaduto Negrão de Lima.
À plateia, Ronaldo disse que "o Brasil está cansado dessa sequência sem fim de escândalos, de corrupção". "Temos que ter mudança. O Aécio é a melhor opção e ele tem meu voto e minha confiança", disse o ex-jogador.
"Onda da razão"
Exatos vinte dias após classificar a candidatura de Marina Silva (PSB) como uma "onda" e prever para até este domingo uma virada, Aécio diz ter prazo até o dia 5 de outubro, primeiro turno das eleições, para alcançar a segunda posição.
"Não marquei 20 dias. Estou confiante de que isso vai acontecer. Espero que até o dia 5 de outubro. É o meu limite. Depois de várias ondas nessa eleição, está chegando a hora da onda da razão. E nessa onda nós vamos vencer as eleições", disse o senador.
Em entrevista à rádio Saara, no dia 25 de agosto, o tucano afirmou que em "15 dias a 20 dias vamos ter um quadro mais real, um pouco mais próximo da realidade".
Ele voltou a dizer que sua candidatura é a "mudança segura" para o país.
"Existem hoje três propostas no Brasil. A primeira delas fracassou na gestão do Estado brasileiro pelo absoluto descompromisso com a ética que envergonha os brasileiros. Fracassou também na condução da economia. Por isso a candidata do PT terá muitas dificuldades de vencer as eleições. Do outro lado há outra candidatura que não adquiriu as condições de governabilidade. Não adianta que você vai pinçar uma pessoa daqui e outra acolá e vai fazer um programa de governo."