O ex-presidente do Banco Central e principal assessor econômico do candidato Aécio Neves (PSDB) à Presidência, Armínio Fraga, reafirmou que não tem intenções de ir para o Poder Executivo, caso Marina Silva vença as eleições. "Não pretendo ir para o governo se não for com Aécio", destacou. "Não sou filiado a partido algum. Sou cardosista e aecista", ponderou.
"Como potencial ministro da Fazenda falo que é preciso arrumar a casa", destacou, frisando que isso ocorreria numa administração Aécio Neves. "O governo vem adotando medidas pontuais com transtorno para a economia", disse. "A reforma tributária como a que queremos fazer é complexa, pois unifica a legislação do ICMS. Mas se tudo der certo, é possível aprovar em um ano ou pouco mais", afirmou.
Embora a economia nacional precise de um processo intenso de "arrumação", ele avaliou que isso provocou um patamar de juros muito elevados, que são tão atraentes que mantém o apetite de investidores em aplicar no Brasil, especialmente em ativos de renda fixa. "Quando um País como esse paga juros de 11% ao ano, enquanto em boa parte do mundo é 0%, é irresistível não vir para cá", ponderou. Ele fez os comentários em palestra promovida pela Eurocâmaras e Câmara de Comércio França-Brasil.
Fraga ponderou que não será uma tarefa fácil, embora seja possível, que o senador do PSDB vá para o segundo turno na disputa pelo governo federal. "Sigo esperançoso. Reconheço que é um desafio muito grande", comentou.
Armínio destacou que, no caso da presidente Dilma Rousseff ser reeleita, há baixas expectativas de que ela corrigirá a gestão da política macroeconômica. "Sempre há a esperança de que as coisas mudem. Mas há poucas evidências de que isso vai acontecer", disse.
Fraga ponderou que a proposta econômica de Aécio Neves é mais conhecida pela sociedade e que, no caso de Marina Silva, "há mais incerteza" sobre este e outros temas. "Espero que Marina aproveite para se apresentar e expor suas ideias", afirmou.
Armínio foi perguntado se é possível manter confiança no Brasil e comprar ativos financeiros do País, a partir do que pode surgir das urnas em 26 de outubro, quando ocorrerá o segundo turno. "Acho que dá para comprar. O País tem mecanismos de correção. É um cenário binário. Para mim, é preciso cautela. Mas não é o caso de (investidores) irem embora daqui."
fonte: Estadão Conteudo
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