Em ato de quase uma hora realizado nesta quarta-feira (27), o ex-governador José Roberto Arruda afirmou que recorrerá ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar reverter decisão que barrou sua candidatura ao governo do Distrito Federal.
Na madrugada desta quarta, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impugnou a candidatura de Arruda com base na Lei da Ficha Limpa, por cinco votos a um. Condenado por improbidade administrativa por órgão colegiado de Justiça no mês passado, o ex-governador já havia sido considerado inelegível pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Distrito Federal.
Durante discurso de 27 minutos, Arruda afirmou que "se fosse covarde [...], não tinha chegado ate aqui". "Só não há jeito para a morte. Enquanto temos chance de recurso, por mais difícil que seja, me mantenho na luta", afirmou aos correligionários.
O ex-governador tenta voltar ao cargo após ter sido preso e renunciado ao mandato em 2010 no caso que ficou conhecido como mensalão do DEM. Na ocasião, vídeo dele recebendo dinheiro foi amplamente divulgado corroendo a imagem do político.
Pesquisa realizada pelo Datafolha no Distrito Federal mostra que Arruda tem 35% das intenções de voto. A seguir aparecem empatados em segundo lugar Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) com 19% e 13%, respectivamente.
Ainda no discurso, Arruda brincou sobre o resultado das pesquisas eleitorais. "Quem sabe com essa decisão da justiça passamos dos 40%. Apesar de todas as dificuldades, a vitória no campo jurídico virá no ultimo momento".
O ex-governador reclamou daquilo que definiu como "perseguição" dos adversários. Arruda se referia a divulgação ontem de áudio, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, no qual afirma que teria menos chance de vitória no TSE.
Questionado por jornalistas se a divulgação influenciou o resultado no tribunal, Arruda afirmou que "todas as [suas] conversas são públicas". "Isso é absolutamente normal. Não falei nada que não falaria em público".Na entrevista, Arruda usou uma metáfora para explicar sua situação jurídica nessa campanha. "É como se cada um estivesse dirigindo um carro numa rodovia com as placas dizendo 80 km/h - todos andando a 80 - mas só no seu caso o limite fosse 60".
Arruda defendeu-se afirmando que registrou sua candidatura com base na lei e numa vasta jurisprudência. "Isso me dá o direito de recorrer até a última instância. O próprio julgamento do TSE, com todo o respeito, inovou. É uma nova interpretação. [...] Apenas o meu caso recebe uma interpretação mais rigorosa".
A reportagem apurou que ele deve apresentar recursos cabíveis no TSE e STF simultaneamente.