Marina Silva: terceira colocada no primeiro turno tende a apoiar Aécio Neves| Foto: Nacho Doce/ Reuters

Após receber mais de um quinto dos votos válidos no primeiro turno, Marina Silva (PSB) negocia uma lista de demandas para declarar apoio a Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT) no segundo. Os pedidos incluem propostas defendidas por ela para o meio ambiente e educação, além do compromisso do tucano com o fim da reeleição. Na história recente das eleições presidenciais brasileiras, no entanto, o apoio de candidatos que ficaram para trás pesou pouco no resultado dos confrontos diretos.

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INFOGRÁFICO: Confira o histórico de alianças feitas no segundo turno das eleições presidenciais

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Das sete campanhas realizadas desde a volta das diretas, há 25 anos, a atual é a quinta com segundo turno. As anteriores ocorreram em 1989, 2002, 2006 e 2010. Em nenhuma delas houve uma virada do segundo colocado e apenas em 2002 o terceiro e quarto lugares do primeiro turno ficaram do lado do candidato vencedor ao final da disputa.

A eleição de 1989 teve número recorde de concorrentes (22), o que pulverizou a votação de primeiro turno. Fernando Collor (PRN) fez 28,5% dos votos válidos contra 16,1% de Lula (PT). Para o confronto direto, o petista conseguiu os apoios do terceiro, quarto e oitavo colocados – Leonel Brizola (PDT), 15,5%, Mário Covas (PSDB), 10,78%, e Roberto Freire (PCB), 1,06%.

Collor contou com colaborações menos expressivas, de Paulo Maluf (PDS), 8,28%, e Guilherme Afif Domingos (PL), 4,53%. Ainda assim ganhou de Lula por 53,03% a 46,97% no segundo turno. "Os números da época mostraram que os votos do Brizola e do Freire até migraram majoritariamente para o Lula, mas os dos tucanos, não. Essa é uma lógica difícil", diz David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília que fez estudos sobre a transferência dos votos em 1989.

Em 2002, Lula fez 46,4% dos votos no primeiro turno, contra 23,2% de Serra. O candidato tucano teve uma disputa acirrada pela segunda colocação com Anthony Garotinho (PSB), que fez 17,9%, e Ciro Gomes (PPS), 11,97%. Ambos os derrotados declararam apoio a Lula, que venceu Serra no segundo turno com folga, por 61,27% a 38,72%. Como retribuição, Ciro foi nomeado ministro da Integração Nacional, em 2003.

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Terceiras colocadas nos primeiros turnos de 2006 e 2010, Heloisa Helena (PSol) e Marina Silva (então no PV), respectivamente preferiram a neutralidade no segundo turno. E novamente os vencedores do primeiro turno, Lula e Dilma, não permitiram as viradas nos confrontos contra os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.

"A lição que nós temos é que todo apoio no segundo turno vem com seus prós e contras. E a Marina também carrega uma porção de fatores negativos, caso contrário não teria perdido tantos votos na reta final", diz diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. Na visão dele, seria melhor para Aécio não buscar se vincular a Marina.

Especialista em comportamento eleitoral, o sociólogo Antônio Lavareda discorda. "O eleitor vê esses apoios de segundo turno sob uma ótica positiva, não pela rejeição." Segundo ele, qualquer ajuda pode fazer a diferença em uma eleição acirrada como a que se desenha atualmente.

Para Lavareda, nem os oito candidatos "nanicos", que somaram 3,49% dos votos do primeiro turno de 2014, devem ser dispensados. "Pergunte a Lula se ele não se arrependeu de ter negado o apoio de Ulysses Guimarães (PMDB) em 1989", questiona. Na época, Ulysses ficou em sétimo lugar, com 4,43% dos votos.

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