O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) será candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva. A Rede Sustentabilidade, de Marina, já foi avisada pela cúpula do PSB e concordou com a escolha. Outras duas fontes do PSB de Pernambuco confirmam que o diretório estadual do partido está de acordo.
Líder do partido na Câmara, Albuquerque era um dos aliados mais próximos de Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo no dia 13. Filiado histórico do PSB, Albuquerque trabalhou desde o início na construção da candidatura do pernambucano.
O anúncio oficial deverá ser feito nesta quarta-feira (20) em Brasília. O PSB de Pernambuco, que defendia a indicação do deputado Danilo Cabral, aceitou a indicação de Albuquerque nesta terça (19), após reuniões com o presidente nacional do partido, Roberto Amaral.
Entre os cotados para vice da ex-senadora estava também a viúva de Campos, Renata, que rejeitou a ideia. Com a decisão, Albuquerque vai renunciar à candidatura ao Senado pelo Rio Grande do Sul. Ele estava em terceiro nas pesquisas.
O deputado federal gaúcho Beto Albuquerque, 51 anos, tem trajetória de afinidade com o agronegócio. Empresas do ramo estiveram entre as principais doadoras de suas últimas duas campanhas.
Com base eleitoral no noroeste gaúcho, onde a agricultura sustenta a economia, ele defendeu interesses de cerealistas e empresas de celulose no Congresso. Conseguiu, por exemplo, uma linha de financiamento do BNDES para armazenagem de grãos e atuou contra uma restrição ambiental a plantações em áreas de elevada altitude.
No início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi vice-líder do governo, o pessebista trabalhou pela edição de medida provisória que liberaria o plantio de soja transgênica. Naquela época, Marina era ministra do Meio Ambiente e criticava a iniciativa.
Na eleição de 2010, companhias de sementes, beneficiadoras de grãos e empresas como a Celulose Riograndense e a Klabin compuseram metade das receitas do deputado gaúcho na campanha. A proliferação de plantações de eucaliptos é um tema caro a ambientalistas locais. As últimas campanhas de Albuquerque para deputado também receberam contribuições de uma empresa de defensivos agrícolas, de uma indústria de armas e de uma cervejaria.
O estatuto da Rede Sustentabilidade, partido idealizado por Marina e que não obteve o registro no Tribunal Superior Eleitoral em 2013, veda a arrecadação de doadores desses três ramos. O deputado, ao mesmo tempo, também mantém vínculos com agricultores familiares do estado. Fora do Congresso, Albuquerque já foi duas vezes secretário de governos petistas no Rio Grande do Sul.
Em sua última passagem, de 2011 a 2012, comandou a pasta da Infraestrutura e ajudou a criar a estatal de pedágios idealizada pelo governador Tarso Genro para gerir rodovias anteriormente concedidas à iniciativa privada.
Deixou o cargo, se afastou do PT e ajudou Campos a ensaiar em 2013 uma aproximação com a senadora Ana Amélia Lemos, candidata do PP e identificada com o agronegócio local. Marina pressionou contra o acordo e o pernambucano acabou fechando coligação no Estado com o PMDB, do senador Pedro Simon.
Ainda assim, Albuquerque e a ex-senadora aparentam boa relação - Marina pediu votos para ele em visita que fez ao Rio Grande do Sul, há três semanas, junto com Eduardo Campos. Filiado desde os anos 80 e um dos principais articuladores da pré-campanha de Campos, é visto por correligionários como um nome com forte vínculo à história do PSB.
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