Paraná é o 3.º estado em desistentes
Cinco dos 30 deputados federais do Paraná não disputam qualquer cargo em 2014. Apenas dois estados têm mais "desistentes", São Paulo (seis) e Rio de Janeiro (sete). Outros três paranaenses concorrem a outros cargos Rosane Ferreira (PV) e Cida Borghetti (PP) são candidatas a vice-governadoras e Ratinho Júnior (PSC) a deputado estadual. Estão fora do pleito: Abelardo Lupion (DEM), André Vargas (sem partido), Eduardo Sciarra (PSD), Dr. Rosinha (PT) e Odilio Balbinotti (PMDB). Desses, Vargas foi o único impedido de participar da eleição, por ter se desfiliado do PT em meio ao escândalo do envolvimento dele com o doleiro Alberto Yousseff, preso pela Polícia Federal. Todos os demais tomaram a decisão por conta própria. A mudança de Ratinho Júnior é a que deve ter mais peso na distribuição de partidos entre a bancada paranaense. Em 2010, ele foi o recordista de votos (recebeu 358.924) e ajudou o PSC estadual a eleger outros três deputados federais.
Prioridades
"Deputado federal é a penúltima escolha feita pelo eleitor"
O diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, afirma que a sensação de que a Câmara dos Deputados se renova muito, mas muda pouco passa pelo processo de escolha dos eleitores. "Na média, o deputado federal é a penúltima decisão", diz. Pela sequência, segundo ele, o eleitor dá mais importância para a seleção do presidente, governador, deputado estadual, federal e senador. Uma pesquisa divulgada no último dia 19 pelo Datafolha colabora para a análise. Pelo levantamento, 72% dos eleitores ainda não sabiam em quem votariam para deputado federal em 5 de outubro. A sondagem foi realizada entre 17 e 18 de setembro e ouviu 5.340 pessoas em 265 municípios. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O número de registro no Tribunal Superior Eleitoral é BR-665/2014.
A Câmara dos Deputados passa pela maior autorrenovação dos últimos 20 anos em 2014. Dos 513 parlamentares, 122 (24%) não disputam um novo mandato na Casa. A partir desses números, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) avalia que a mudança total deve superar 50%, índice maior que o das últimas quatro eleições para o Congresso.
INFOGRÁFICO: Confira como deve ser a mudança de forças na Câmara dos Deputados
A troca de nomes, no entanto, não deve significar uma alteração no perfil dos deputados, no jogo partidário ou nas relações com o Poder Executivo. "O que acontece é apenas a circulação do poder: as cadeiras renovadas acabam ocupadas por políticos tradicionais, como ex-governadores, ex-prefeitos e ex-parlamentares", diz o analista do Diap, Antônio Augusto de Queiroz.
A transformação mais significativa é a pulverização das bancadas entre partidos considerados pequenos (com 10 a 19 deputados) e nanicos (com menos de 10). Atualmente, 22 siglas têm representação na Câmara. Para o Diap, esse número pode chegar a 28.
Outra expectativa é que PT e PMDB, as únicas legendas consideradas atualmente grandes (com mais de 50 deputados), percam cadeiras. Se a tendência se concretizar, os partidos médios (entre 20 a 49 parlamentares) e pequenos ganhariam forças nas negociações com o governo. Encaixam-se como médios atualmente sete partidos (PSDB, PP, PSD, PSB, PR, DEM e PTB) e como pequenos outros oito (PRB, PV, PPS, SD, Pros, PDT, PCdoB e PSC).
"O próximo presidente da República, seja quem for, terá de negociar com vários partidos, caso a caso, para formar uma maioria pontual. Acima de tudo, ficará nas mãos dos partidos médios, muitos dos quais fisiológicos", prevê Queiroz. O cenário, para ele, torna as chances de aprovação de reformas estruturais "praticamente nulas".
Mais loteamento
Nessa lógica, o loteamento partidário dos ministérios, praticada desde a gestão Sarney (1985-1990), também seria aprofundado. Ao longo do governo Dilma Rousseff, nove legendas controlaram ministérios. Seis ministros que chegaram ao cargo por indicação política de aliados acabaram afastados por suspeitas de corrupção, entre 2011 e 2013.
Professor de Ciência Política da Universidade de Brasília, Antonio Flávio Testa discorda da avaliação negativa de Queiroz sobre a nova distribuição de forças da Câmara. "PT e PMDB formam uma aliança artificial que controla atualmente o Congresso. Quanto maior a quantidade de partidos médios e pequenos, maiores as possibilidades de negociação para o presidente", diz.
Segundo ele, as conversas com as legendas menores podem pelo menos acabar com o loteamento dos ministérios pelo modelo de "porteira fechada", pelo qual os partidos têm autonomia para ocupar os cargos de livre nomeação. "Só o fato de diminuir o aparelhamento do Estado já ajuda", diz Testa.
Candibook
Para ajudar na escolha dos candidatos, a Gazeta do Povo criou o Candibook. A ferramenta conta com dados detalhados dos candidatos, incluindo a orientação política, de acordo com o Diagrama de Nolan. O espaço também traz informações sobre as atribuições dos deputados federais e dos demais cargos em disputa. O endereço do Candibook é www.gazetadopovo.com.br/candibook
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