Marina diz que Ministério do Meio Ambiente não é técnico
A ex-ministra Marina Silva, candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos (PSB), disse que o Ministério do Meio Ambiente atual "não é técnico", como afirmou a CNA, durante a sabatina. "Não concordo que o ministério seja técnico. É só olhar o pouco que foi feito na criação de novas áreas de conservação", afirmou a ex-ministra, ao deixar o prédio da CNA.
Na pergunta da entidade feita a Campos, foi insinuado que o Meio Ambiente era "hostil" ao agronegócio, durante a gestão de Marina (2003-2008). E que, agora, com um ministério mais técnico, não havia mais esse problema.
"Não posso concordar com isso. O ministério atual não é técnico" insistiu Marina.
A ex-ministra disse que não estranhou o tom forte das perguntas levadas pela CNA a Campos, quando havia qualquer referência ao Código Florestal e outras questões que geram polêmicas entre os ambientalistas e o agronegócio. "Eu já conhecia as perguntas, porque elas nos foram encaminhadas antes. Portanto, nada diferente do que já estou acostumada", disse Marina.
Agência Estado
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos (PSB), afirmou nesta quarta-feira (6) que o Brasil vive hoje os efeitos da crise internacional desencadeada há quatro anos, mas que apesar disso o setor do agronegócio tem ajudado "no pouco crescimento do País".
Em sabatina promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), em Brasília, o pessebista disse ainda que desacertos internos levaram a um cenário de baixa expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação persistente. O candidato afirmou que o ambiente macroeconômico do Brasil precisa melhorar para que o setor privado aceite aportar recursos em projetos chave para o desenvolvimento do País.
Ele usou o início do seu discurso de apresentação no evento para fazer uma análise do cenário macroeconômico do País. Em crítica direta ao atual governo, do PT, Campos defendeu a criação de um Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal para acabar com a chamada "contabilidade criativa".
"É fundamental crer no planejamento, na meritocracia e na governança com metas e objetivos definidos", disse, advogando por um aumento de ao menos 30% na produtividade na "velha máquina pública". "É fundamental uma mudança de cultura. O Estado existe para servir a sociedade, e não o contrário", concluiu.
Ele voltou a fazer críticas ao atual modelo político do Brasil, dizendo que esse padrão "esclerosou". "A sociedade sente-se hospedada em hotel de cinco estrelas quando na verdade está em hotel de meia estrela", disse.
A candidata a vice na chapa de Campos, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, acompanha o evento. Ela sofre resistência do agronegócio do País.
OMC
Em discurso focado na liderança do presidente da República em políticas para o setor, Campos listou cinco pontos que seu governo adotaria para estimular o agronegócio: governança renovada no Estado na relação do campo, criação de uma nova política de renda a agricultores, melhora no padrão da infraestrutura, política comercial e busca por tornar o Brasil uma "potência como líder global em produtividade e sustentabilidade".
O candidato foi aplaudido após colocar em sua fala pontos destacados em carta aberta elaborada na CNA, chamada de "O que esperamos do próximo presidente 2015-2018". Entre eles: sugerir a assinatura de acordos comerciais bilaterais e assumir um "ativismo técnico" na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não podemos ter uma política externa de partido, precisamos de uma política externa de Estado", afirmou.
Ao sugerir uma reformulação no Ministério da Agricultura, Campos foi aplaudido três vezes por produtores. "Assumo o compromisso de fortalecer o Ministério da Agricultura, que é tirá-lo do balcão da política", prometeu. "É preciso que quem olhe Brasília enxergue um ministro que possa falar com o presidente da República", disse.
Crédito rural no Brasil precisa ser ágil
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, afirmou nesta quarta-feira, 06, durante sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que o crédito rural no País precisa ser "modernizado e tem de ser ágil". "Não adianta ter R$ 200 bilhões em crédito e fazer conta de palito na hora de avaliar os subsídios e a subvenção", disse.
Ele defendeu ainda a institucionalização de políticas de preço mínimo para o setor e disse que, caso eleito, liderará a negociação no Congresso para regulamentar ainda em 2015 o artigo da Constituição Federal (CF) que diz respeito às cooperativas. "A não regulamentação da CF afeta a capacidade e a competitividade dos cooperados, responsáveis por 40% da produção brasileira", disse.
Ele defendeu ainda a criação de um conselho para o desenvolvimento agrário que seja voltado ao "diálogo constante" com esse segmento.
Campos também apontou problemas do País na área de logística e defendeu investimentos nessa área. Segundo ele, a logística chega a ter um impacto de 40% sobre o preço de produtos nacionais quando em outros países essa proporção chega a 10%. O candidato destacou que o agronegócio multiplicou sua produção nos últimos anos e não foi acompanhado pela expansão da capacidade logística do País. "O Orçamento fiscal não dá conta dos objetivos (para a logística). O ambiente macroeconômico tem que melhorar, se não o setor privado não aporta recursos", concluiu.
Global
O candidato do PSB também afirmou que o agronegócio fez uma aliança estratégica com o conhecimento, "ficando mais global do que outros setores". De acordo com ele, a revolução e a modernização do setor nos últimos 40 anos culminaram no quadro atual, em que o agronegócio responde por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e 26% dos empregos.
Ele defendeu que haja um diálogo maduro com o setor no futuro. "Teremos que fazer do Brasil a maior potência de bioeconomia do mundo", disse. Campos ressaltou ainda que ele e sua companheira de chapa, a ex-ministra Marina Silva, sabem dos desafios que têm pela frente. "Nunca fui mercador de ilusões. Com paz, entendimento e produtividade o agronegócio será mais e mais respeitado."
O pessebista destacou também que um dos desafios do País é a carência em infraestrutura, que afeta sobretudo o agronegócio e a indústria. "É fundamental termos uma agenda nesse novo ciclo", disse. "O modelo de gestão do novo Estado vai exigir um novo padrão. A agenda inovadora e de futuro não será terceirizada", concluiu.
Compromisso com BB
Campos defendeu também "compromisso" com o Banco do Brasil (BB), que é uma das fontes de financiamento para o campo no País, em um eventual governo.
Ele usou o início do seu discurso na CNA para fazer uma análise do cenário macroeconômico brasileiro, disparando críticas contra a atual gestão. Ele também defendeu um maior comprometimento com o centro da meta da inflação para que o Produto Interno Bruto (PIB) e a renda dos brasileiros cresçam. O candidato afirmou que o País deve ter "câmbio no lugar certo", que não prejudique a competitividade do agronegócio e da indústria do País.
Ao final de sua fala na CNA, Campos abordou a crise no setor sucroalcooleiro, citando o fechamento de dezenas de usinas pelo País. "A agroenergia precisa se transformar em política de Estado", disse. Ele concluiu defendendo a criação de planos de logística decenais, que não mudem com as trocas de governo, e disse que é preciso ampliar investimentos em hidrovias no País.
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