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O eleitor indeciso deve estar com dificuldades para conhecer melhor as intenções dos candidatos ao governo do Paraná. Até agora, depois de algumas semanas de campanha nas ruas, nenhum deles fez grandes comícios ou atos públicos – e tampouco há previsão para isso. No primeiro debate na televisão, na última quinta-feira na TV Band, que seria a primeira apresentação dos candidatos ao grande público sem o marketing da propaganda eleitoral, a maior parte do tempo foi perdida em ataques e troca de acusações. A apresentação de propostas ficou de lado.

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que os candidatos estão preferindo expor os planos de governo só nos próprios programas eleitorais e em eventos menores, focados em setores específicos da sociedade. Nesses espaços, podem apresentar ideias de maneira direcionada, com mais tempo para falar do que em um debate normal e sem confronto direto com os adversários. E, na hora em que se encontram, acabam partindo para a briga. Segundo eles, essa postura é nociva para o processo democrático, uma vez que priva os eleitores de parte das explicações sobre o jeito de governar de cada um.

"Na política, entendemos que tem de ter ataque e defesa. Mas tem de ter dosagem. E em alguns casos, como aconteceu no debate [da quinta-feira], só teve ataque. Isso não serve para ganhar eleitor e nem é bom para a democracia", comenta Ricieri Garbelini, professor de Marketing Político da Uninter.

Garbelini diz acreditar que o ideal seria "forçar" os candidatos a serem propositivos, repetindo o modelo de debate norte-americano – em que os candidatos recebem perguntas da plateia ou de um mediador e falam sobre temas específicos, como saúde e educação. "Me parece mais efetivo. Assim o debate se pareceria com uma sabatina, mas com um alcance de público maior."

Sem comícios

Os grandes comícios, que costumavam ocorrer em eleições passadas, são tidos como ultrapassados pelas campanhas dos três principais candidatos – Roberto Requião (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Beto Richa (PSDB). A estratégia tem sido "focar" em eventos menores e com público segmentado. As proposições, então, são apresentadas "por demanda". Em encontro com delegados, por exem­­plo, o candidato fala sobre segurança. Em caminhada em uma cidade do interior, o discurso é voltado às melhorias que serão levadas para o local.

A assessoria de Re­­quião diz que esse já é o "jeito Requião de ser". Em encontros que participa, o senador costuma puxar um caixote e falar algumas palavras, mas de maneira informal e não num comício. Tanto a equipe de Gleisi quanto a de Richa apontam que eles estão priorizando caminhadas e encontros com setores da sociedade. Os três afirmam não ter deixado de participar de nenhuma das sabatinas e debates convocados por entidades como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), para falar sobre o desenvolvimento do estado, e a APP-Sindicato, sobre educação.

Másimo Della Justina, professor de Ciência e Filosofia Política da PUCPR, diz que, com essa postura, os candidatos estão perdendo boas chances de se apresentarem ao grande público. Segundo ele, o primeiro debate só foi produtivo porque mostrou a personalidade de cada um, em especial dos nanicos, que em geral são desconhecidos. Mas a falta de comunicação entre eles e a ausência de propostas fez pesar para o lado negativo. "Enquanto os elefantes brigam, quem sofre é a grama", diz.

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