Temendo serem associados a problemas de gestões atuais, candidatos a governador, mesmo quando apoiados pelo grupo no poder, têm procurado descolar sua imagem de governos mal avaliados.
Em ao menos dez estados, os governadores eleitos em 2010 sumiram dos jingles e do material de campanha dos candidatos de situação.
Na Bahia, Rui Costa (PT) usa a imagem da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula em cartazes, mas não tem exibido o governador Jaques Wagner (PT), cuja gestão foi abalada por crises como a de segurança.
Em muitos casos, os gestores também não são citados por seus candidatos nem participam de atos políticos. Lobão Filho (PMDB), que disputa o governo do Maranhão, tem adotado um discurso de distanciamento da governadora Roseana Sarney (PMDB).
Em evento recente em Sucupira do Norte (MA), ele disse "sentir vergonha" porque vários governadores, entre eles Roseana, descumpriram promessa de construir uma estrada partindo da cidade.
Essa estratégia nem sempre agrada aos padrinhos das candidaturas. Em Mato Grosso do Sul, o governador André Puccinelli (PMDB) chegou a dizer que "não vai rodar a bolsinha" para aparecer na propaganda do seu candidato, Nelsinho Trad (PMDB).
No Rio Grande do Norte, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) foi impedida pelo partido de disputar a reeleição, e nenhum candidato reivindicou seu apoio.
Lúdio Cabral (PT) tem agenda intensa em Mato Grosso, mas com pouca participação do governador Silval Barbosa (PMDB), que teve o nome envolvido em operação da Polícia Federal e chegou a ser detido por algumas horas em maio. Em Alagoas, Rio de Janeiro, Tocantins, Piauí e Roraima, os eleitos em 2010 também foram para o segundo plano nas campanhas de situação.
"A rejeição às denúncias que tiveram ao longo dos governos e a resistência aos que têm mandato acabam influenciando o eleitorado", afirma o cientista político Antonio Flávio Testa, da UnB (Universidade de Brasília).
Dos dez gestores "esquecidos", oito tiveram aprovação abaixo dos 30%, segundo pesquisa Ibope de dezembro do ano passado.
Renovação
Candidatos governistas ouvidos negam que estejam escondendo os governadores nas campanhas. Dizem que eles não aparecem nas propagandas porque não são candidatos e que não participam dos eventos por compromissos de governo. Ao mesmo tempo, usam o discurso da "renovação" para explicar as campanhas descoladas das gestões atuais.
Lobão Filho ressalta nunca ter participado do governo de Roseana, e diz ter estilo diferente. "Tenho o meu modo de gerir e ela tem o dela. Com isso, não faço críticas a ela, é apenas uma constatação de referenciais diferentes." Na mesma linha, o petista Lúdio Cabral diz que sua candidatura é de "renovação" e "inaugura um ciclo novo".
Candidato à reeleição ao governo do Tocantins, Sandoval Cardoso (SDD) diz que construiu sua trajetória "fora do grupo" de Siqueira Campos, que governou até abril. "Reconheço a importância dele, mas a política do Estado vive outro momento."
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