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 | Ueslei Marcelino/ Reuters ; Ricardo Moraes/ Reuters
| Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters ; Ricardo Moraes/ Reuters

Petista

No 2º turno, Dilma lidera entre eleitores que recebem o Bolsa Família

Estadão Conteúdo

No 2º turno da eleição presidencial, a petista Dilma Rousseff lidera com larga vantagem sobre o tucano Aécio Neves (PSDB) entre os eleitores que recebem o Bolsa Família, principal programa social do país: 74% a 26% dos votos válidos. Mas esse contingente não é o único a sustentar a presidente: 6 em cada 10 de seus eleitores não recebem nenhum benefício do governo. No caso do eleitorado de Aécio, 11% recebem o Bolsa Família e 80% não são alcançados por nenhum dos programas sociais do governo. Os dados são da última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. O levantamento, o primeiro do Ibope no 2º turno, mostrou que os dois candidatos estão empatados tecnicamente: Aécio tem 51% dos válidos, e Dilma, 49%.

Segundo a pesquisa, 13% dos eleitores afirmam ser beneficiados direta ou indiretamente pelo Bolsa Família – a taxa inclui pessoas que moram na residência do entrevistado.

No 1º turno, Dilma venceu em estados com alta cobertura do Bolsa Família, principalmente no Nordeste. A presidente, durante um comício em São Paulo, chegou a acusar os adversários de querer acabar com o programa. "Enquanto eu for presidenta da República, garantir emprego, garantir direito trabalhista, garantir salário, eu vou garantir. Nós temos uma arma contra as mentiras e os boatos: a verdade", disse a petista.

Metodologia

A pesquisa Ibope ouviu 3.010 eleitores entre os dias 7 e 8 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O registro do levantamento na Justiça Eleitoral foi feito sob o número BR-01071/2014.

Tucano

Aécio promete renegociar dívida e ‘domar’ inflação

Estadão Conteúdo

Ao afirmar que é necessário restabelecer o clima de confiança na economia brasileira, o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) destacou ontem, em entrevista a uma rádio de Porto Alegre, que, se eleito, pretende domar a inflação que "penaliza quem tem menos recursos". "O próximo presidente deve montar um governo com base na meritocracia, fazendo com que o Brasil volte a crescer", resumiu. Aécio prometeu também que renegociará a dívida, simplificará o sistema tributário e iniciará uma reforma política para permitir a diminuição do número de partidos.

"Governei Minas Gerais, que, talvez, assim como o Rio Grande do Sul, é um dos estados que mais sofrem com essa concentração de receitas tributárias absurda nas mãos da União. Teremos discussão dessa pauta no nosso governo para dar as melhores condições de geração de renda e emprego", argumentou.

Ele destacou a "falta de transparência" da administração federal e a forma como os gastos foram feitos durante os últimos anos com o PT na gestão, classificando como "governo perverso". "Vamos requalificar os gastos públicos para que haja redução horizontal da carga tributária. Quando você tem suas despesas aumentando sempre mais que suas receitas, obviamente, essa conta não fecha. Tivemos uma série de desonerações em determinados setores que não tiveram impacto positivo na economia", pontuou.

Aécio disse ainda estar feliz com o resultado da eleição no Brasil e no Rio Grande do Sul e assegurou adesão recíproca ao candidato a governador José Ivo Sartori (PMDB), que disputará o segundo turno no estado com o governador Tarso Genro (PT), candidato à reeleição.

A região Nordeste e seus pouco mais de 38 milhões de votos – 26,8% do total – são o foco principal de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) neste início de segundo turno da disputa presidencial. Apenas o Sudeste possui mais eleitores, com 62 milhões de pessoas aptas a votar, 43,4% do total do país.

O tucano, que hoje visita Pernambuco para sacramentar o apoio da família de Eduardo Campos, tenta amenizar a a larga vantagem da rival na região – no primeiro turno Dilma obteve 12 milhões de votos a mais do que Aécio na região. O PT, por sua vez, além de defender o seu principal colégio eleitoral, fala em aplicar de 50% para algo em torno de 70% a 75% sua penetração no Nordeste nesta rodada final das eleições.

Tamanha disputa desencadeou uma guerra de bastidores, especialmente nas redes sociais, com um lado acusando o outro de discriminação contra os nordestinos. A coligação Muda Brasil, de Aécio Neves, informou ontem que entrou com uma representação junto à Procuradoria da República no Distrito Federal para que sejam investigadas as "manifestações de cunho racistas e discriminatórios em relação aos cidadãos nordestinos do país, junto às redes sociais na internet".

Na quinta-feira, o presidente do PT-SP, Emídio de Souza, já havia dito que o partido apresentaria representação para que sejam investigados sites e perfis que tenham propagado o racismo contra os nordestinos. "Espero que o Ministério Público, tão cioso na investigação quando se trata de gente nossa, tenha a mesma [postura] e não permita esse crime inafiançável". O presidente petista disse ainda que a militância precisa defender os nordestinos e dizer: "Nordestino é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo".

Além disso, os ex-presiden­­tes Fernando Henrique Car­­doso e Luiz Inácio Lula da Silva travaram uma batalha à parte sobre a vitória do PT no Nordeste. Na quarta-feira, FHC disse que o PT cresceu nos grotões do país e tem o voto dos "menos informados".

No dia seguinte, no Face­­book, Lula replicou com um post no qual disse, sem mencionar FHC, que acha "um absurdo que o Nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes ou desinformados". Em sua tréplica, o tucano foi direto e, por meio de nota, disse que Lula "não se emenda, vive de pegadinhas".

Adversários usam a TV para trocar ataques

Talita Boros Voitch, especial para a Gazeta do Povo

O segundo turno será marcado pelos tucanos tentando ligar Dilma Rousseff ao esgotamento do modelo de governo do PT e pelos petistas afirmando que a vitória de Aécio Neves é um retrocesso. É o que dizem especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, que analisaram como devem ser os discursos da campanha no rádio e na TV – a propaganda eleitoral vai até o dia 24 de outubro, dois dias antes das eleições.

Na avaliação do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, presidente do Ins­­tituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), Dilma deve insistir nas comparações entre as administrações petista e tucana. "Eles devem apresentar índices econômicos e outros números afirmando que a eleição de Aécio é um retorno ao passado. O PT afirma que se trata de um embate entre esquerda e direita. O progressismo versus o conservadorismo, o povo versus a elite", diz.

Ao mesmo tempo, o esforço do PSDB deve ser em não atestar a pecha de governo ultrapassado. "Por isso, Aécio tem investido no discurso da mudança com segurança. Enquanto a Marina insistia no totalmente novo, o candidato do PSDB opta pelo caminho intermediário, negando essa ruptura total. Ele deve manter o discurso na preservação do legado positivo do governo petista, mas destacando que o modelo de governo do partido está esgotado", afirma Monteiro.

Para o cientista político da Uninter Doacir Quadros, o crescimento de Aécio obriga a candidata à reeleição a reconhecer os erros de sua administração. "No começo ela não aceitava os problemas. Depois começou a dizer que durante o seu governo houve avanços, entretanto também algumas dificuldades, principalmente de ordem econômica. Por isso, Dilma começou a afirmar que vai mudar sua forma de governar caso seja eleita", afirma.

As trocas de acusações também devem ficar mais intensas, com a entrada de temas polêmicos na pauta. "Os tucanos irão utilizar diversas estratégias para minar a campanha da Dilma. Tocar em pontos fracos do governo. Com certeza a Petrobras está entre eles", diz Quadros.

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