Temas polêmicos como aborto, descriminalização do uso das drogas casamento entre pessoas do mesmo sexo e homofobia estiveram no centro do debate promovido na noite desta terça-feira (16) pela CNBB e TV Aparecida. Contudo, o formato do debate, baseado em sorteio, mesmo no bloco de confronto entre os adversários, evitou que esses temas fossem discutidos ou confrontados pelos três concorrentes mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

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No primeiro bloco, os candidatos defenderam a reforma política. Antes do evento, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno, entregou a proposta de reforma política aos presidenciáveis, em breve encontro no Seminário Bom Jesus. Apenas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) não participaram do encontro, por conta de suas agendas. O cardeal informou que Marina preferiu também seguir direto para o debate porque estava com problemas na voz, o que ficou evidente no decorrer do embate. Ao chegarem, Marina e Dilma também foram as únicas que não concederam entrevista à imprensa.

Considerada a "mãe" de todas as outras reformas, a mudança do sistema político brasileiro recebeu o apoio dos oito candidatos que participaram do debate promovido pela CNBB e TV Aparecida. A maioria se colocou contra o financiamento privado de campanhas. Entre as propostas defendidas, Dilma falou de um plebiscito popular para definir a reforma e Aécio Neves (PSDB) citou a importância de implementar o voto distrital misto. Já a candidata do PSB destacou problemas de representatividade do sistema político atual.

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Mesmo no bloco em que os candidatos puderam perguntar para os adversários, o embate entre Dilma, Marina e Aécio não ocorreu. E nas perguntas sobre os temas mais polêmicos, os candidatos nanicos é que foram os protagonistas das respostas, Apenas no final do último bloco é que as críticas ao governo da presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, e ao candidato do PSDB, Aécio Neves, foram feitas de forma mais contundente, o que permitiu à petista e ao tucano a concessão de direito de resposta.

"Sempre tive tolerância zero com a corrupção, não varremos pra debaixo do tapete", protestou Dilma, em resposta às críticas sobre o escândalo da Petrobras, feitas pelo tucano Aécio Neves. Em seu direito de resposta, o presidenciável do PSDB disse que acusações levianas não devem ser usadas para falar de Brasil. "Aprendi cedo que ética e política devem caminhar como irmãs siamesas", frisou.

As críticas e acusações mais contundentes acabaram sendo feitas nas entrevistas concedidas pelos presidenciáveis, antes do evento. Marina Silva foi o alvo preferencial do tucano Aécio Neves e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, Os dois reclamaram da tentativa da adversária do PSB censurar suas campanhas. Falcão considerou "um absurdo" a censura ao site da campanha de Dilma Muda Mais, enquanto Aécio disse que foi "surpreendido" com o pedido de Marina para sua coligação tirar do ar propaganda em que diz que ela foi filiada ao PT por cerca e 20 anos.

Se o debate teve regras rígidas e foi bem planejado, os organizadores não planejaram devidamente o acesso da imprensa, que foi impedida de entrar no estúdio, teve seu trabalho dificultado e alguns profissionais foram agredidos por seguranças. Segundo José Guedes Filho, chefe da segurança da Basílica de Aparecida, os agressores foram os seguranças da Presidência da República. A assessoria da campanha da presidente Dilma Rousseff alegou que a segurança presidencial seguiu orientações da organização do debate.

No final do evento, o presidente da CNBB e cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, disse que o balanço final do evento foi muito positivo, pois muitos temas foram discutidos e o eleitor poderá escolher melhor seu candidato. Além disso, ele destacou o compromisso dos candidatos em realizar a reforma política, uma das bandeiras da CNBB.

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