Gazeta comentou debate em tempo real; veja como foi
O debate da Globo foi comentado e analisado, em tempo real, pela Gazeta do Povo. Veja como foi.
Opinião
Aécio e a "sorte" de contar com um assistente de palco
Na disputa para saber quem pode ir para o segundo turno contra Dilma Rousseff, Aécio Neves pode ter conseguido uma vantagem importante com o debate de ontem na Globo. Na emissora de maior audiência, o candidato do PSDB teve a "sorte" de contar com um aliado que lhe fazia perguntas inócuas, evitando que Aécio tivesse maior contestação dos concorrentes diretos nos primeiros blocos, quando a audiência é maior. Pastor Everaldo, dessa forma, deu palco livre para o tucano falar sobre o que quisesse.
Aécio também tem a vantagem de ser um sujeito com maior facilidade de falar frente às câmeras, o que ficou claro quando ele confrontou Dilma diretamente (aliás, essa pode ser uma diferença fundamental entre os dois caso o tucano seja o adversário da petista no segundo turno). O maior problema de Aécio foi quando ele foi confrontado diretamente por Luciana Genro, que falou duro com ele sobre o aeroporto de Cláudio (MG).
De resto, o encontro, ao incluir os nanicos, causou a inusitada possibilidade de o país assistir em rede nacional um debate sobre homofobia e religião, com argumentos importantes. Quem diria: Levy Fidélix nos proporcionou esse momento.
Rogerio Galindo, repórter, blogueiro e colunista da Gazeta do Povo
O último debate do primeiro turno da corrida presidencial, realizado na noite de ontem, na Rede Globo, teve clima quente entre os candidatos favoritos e os "nanicos". Sob influência da última pesquisa Datafolha, que colocou Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) em empate técnico, os dois trocaram acusações e, logicamente, atacaram também a presidente Dilma Rousseff (PT). Já Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSol) criticaram duramente Levy Fidélix (PRTB) por suas posições homofóbicas. Fidélix respondeu acusando seus adversários de fazer "apologia às drogas e ao aborto".
Já no primeiro bloco, Aécio criticou Marina e relembrou que a candidata era filiada ao PT na época do mensalão. A candidata respondeu que a origem do mensalão seria o suposto esquema de compra de votos do PSDB para a emenda da reeleição. "Seu partido praticou o mensalão na emenda da reeleição. Pessoas boas existem em todos os partidos, e pessoas como as que praticaram o mensalão do PT e do PSDB, também. Vou governar com os bons", disse.
Aécio também criticou pesadamente a atual presidente. Ele voltou acusar o PT de usar os Correios para boicotar sua campanha na distribuição de correspondências. "É vergonhoso o que está acontecendo nas nossas empresas públicas", disse. Ele declarou também que Dilma mentiu ao dizer que demitiu o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa segundo o tucano, consta da ata da reunião que ele [Costa] teria pedido demissão e que foi elogiado pelo governo pelos "serviços prestados" ao Brasil.
Dilma respondeu que Costa declarou, durante a CPI da Petrobras, diante de parlamentares da oposição, que teria sido informado que seria demitido. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), teria sugerido que ele pedisse demissão antes. "Vocês sabem dos fatos, mas insistem em negá-los, de má-fé", disse Dilma. "Não é a melhor forma de tratar alguém que roubou milhões. Essa história precisa ser contada com maior clareza", respondeu Aécio.
A presidente, por sua vez, voltou a criticar a política de privatizações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e disse que os tucanos chegaram a cogitar a privatização da Petrobras, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil no período. "Vocês entregaram a Caixa e o Banco do Brasil de forma extremamente precária; hoje são bancos muito sólidos. Acho estranho que o senhor trate com tanta leveza as privatizações", criticou.
Aécio defendeu as privatizações realizadas durante o governo tucano. Disse que ocorreram em setores necessários, e que se não fosse por elas, as antigas estatais estariam aparelhados pelo atual governo. "Privatizamos setores que eram necessários que fossem privatizados, imaginem a telefonia e a Embraer na mão do PT", disse.
A presidente também recebeu críticas de Marina, que questionou sua suposta defesa da independência do Banco Central na eleição anterior, e sua mudança de posição na atual campanha. A petista disse que jamais defendeu a independência do banco, e sim sua autonomia. A candidata do PSB também criticou o fato de Dilma não ter exercido nenhum cargo público eletivo antes da Presidência. A presidente respondeu que esse discurso não combinaria com a "nova política" pregada pela ex-senadora.
Homofobia
Eduardo Jorge e Luciana Genro, que trocaram farpas no debate anterior, "se aliaram" ontem na crítica a Levi Fidélix. No debate anterior, o candidato do PRTB disse que "aparelho excretor não reproduz" e que "a maioria deveria se unir contra a minoria" [homossexual].
O candidato do PV sugeriu que Fidélix deveria pedir perdão ao povo brasileiro pelas ofensas a homossexuais feitas no debate do último domingo. "Queria aproveitar esse momento para reiterar que o senhor envergonhou o Brasil com sua fala homofóbica", disse o candidato.
Já Luciana comparou a fala de Fidélix ao discurso nazista. "O senhor tem coragem de estimular a violência aos homossexuais porque a homofobia não é crime. Nossos deputados estão batalhando para que pessoas que façam um discurso como o seu sejam algemadas", disse.
O candidato respondeu que os dois candidatos fazem "apologia ao crime" ao defender a descriminalização das drogas e do aborto. "Você não têm moral para falar isso. Você [Eduardo Jorge], acima de tudo, propõe que o jovem consuma maconha. Isso é crime, é apologia ao crime", disse. Fidélix ainda acusou Luciana de "ir para a Cuba e para a Venezuela treinar guerrilha". Além dos citados, Pastor Everaldo (PSC) também participou do debate.