Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite desta segunda-feira (18), a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) criticou os governos do PSDB por, segundo ela, "engavetarem" denúncias de corrupção, e disse que o Brasil precisa de um novo pacto federativo para melhorar a saúde pública. Dilma disse ainda que nos próximos anos, caso seja reeleita, trabalhará para manter o Brasil como "um país de classe média."
Na primeira pergunta, Dilma já teve de responder sobre casos de corrupção em sete ministérios: Agricultura, Cidades, Esportes, Saúde, Transportes, Turismo e Trabalho. A Petrobras também foi citada, como sendo alvo de suas CPIs. "Nós fomos o governo que mais estruturou mecanismos de combate à corrupção e aos maus feitos", respondeu Dilma. "No meu governo e no do presidente Lula, a Polícia Federal ganhou imensa autonomia para investigar, descobrir e prender. Além disso, temos relação respeitosa com o Ministério Público e não tivemos um procurador-geral da república chamado de engavetador", disse. Ela fez referência a Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que ficou pejorativamente conhecido como "engavetador geral da República", por supostamente não investigar escândalos de corrupção.
Dilma disse ainda que os governos do PT criaram a Controladoria Geral da União e a Lei de Acesso à Informação. "Nem todas as denúncias de escândalos resultaram em punições e condenações. Pelo contrário, muitos daqueles que foram identidiados como tendo praticado atos indevidos foram posteriormente inocentados", afirmou a presidente.
A petista também teve de responder sobre as condenações decorrentes do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Questionada sobre a postura de seu partido, o PT, que questionou as condenações dos petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, Dilma disse que respeita a decisão da corte. "Eu sou presidente da República e não faço nenhuma observação sobre os julgamentos realizados pelo Supremo Tribunal. A Constituição exige que nós, presidentes da República, respeitemos e consideremos a importancia da autonomia dos outros órgãos. Eu não julgo ações do Supremo, tenho minhas opiniões pessoais", afirmou. "Enquanto eu for presidente, eu não externarei minha opinião a respeito do julgamento do Supremo. Não é uma questão subjetiva."
Saúde
Dilma defendeu um novo pacto federativo para melhorar o atendimento de saúde pública e disse que o governo federal assumiu responsabilidades de outras esferas governamentais nos últimos anos. Ela destacou que o governo contratou profissionais por meio do programa Mais Médicos, mas admitiu que o setor ainda precisa melhorar. "Não acho (que a situação é boa), até porque o Brasil precisa de reformas federativas. Nós assumimos, no caso dos Mais Médicos, o atendimento a postos, que é uma responsabilidade compartilhada. Agora consideramos tratar das especialidades (...). Diminuímos a pressão, porque todo mundo que não era atendido no posto de saúde procurava um hospital".
Economia
Dilma disse ainda que a economia deverá dar sinais de recuperação no segundo semestre. "Enfrentamos a crise pela primeira vez não desempregando não arrochando salários, não aumentando tributos. Pelo contrário, reduzimos a incidência de tributos sobre cesta básica", afirmou. "Todos os índices indicam recuperação no segundo semestre, a inflação cai desde abril, no último dado chegou a 0,08%. O que estou dizendo estamos superando a dificuldades de enfrentar crise sem demitir. Preparamos o Brasil para um novo ciclo de crescimento. Queremos continuar a ser um país de classe média."
Dilma foi a terceira presidenciável entrevistada no Jornal Nacional: antes, foram ouvidos os candidatos do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo na semana passada. Nesta terça-feira (19) será entrevistado o candidato do PSC à Presidência, Pastor Everaldo.
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