Após dizer que a oposição usa as investigações da Petrobras para dar um "golpe" no país, a presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado (11) defender a divulgação total de informações sobre a apuração do caso.
"Ou não se manipula esse processo e se abre todas as informações ou se usa com grande prejuízo da democracia brasileira esse processo", afirmou a presidente em entrevista em Contagem (Grande Belo Horizonte).
Petistas, inclusive o presidente da sigla, Rui Falcão, têm apontado manipulação com fins políticos na divulgação de depoimentos dos delatores do esquema de corrupção apontado na Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
Costa e Youssef fecharam acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de benefícios na acusação. Em depoimentos, comprometem o PT, o PMDB, o PP, todos partidos aliados de Dilma, e indicam o uso do dinheiro desviado de contratos das estatais para a campanha eleitoral de 2010.
Para a presidente, há "vazamentos seletivos" com propósitos políticos no caso. "O que considero incorreto é que as provas e as denúncias não estão sendo encaminhados direito nessa fase. Para se divulgar, divulga-se tudo. Nós vamos ver todos os envolvidos, para que logo depois da eleição a gente não tenha surpresa de ver que denunciantes da véspera eleitoral são parte da denúncia", afirmou Dilma.
A Justiça Federal no Paraná negou "vazamento" de informações e afirmou que os depoimentos divulgados até agora se referem a apenas uma das ações penais do caso, que tramita sem sigilo.
O governo Dilma e a CPI da Petrobras, controlada pelo Planalto, pediram ao STF (Supremo Tribunal Federal) acesso aos depoimentos de Costa, mas o ministro Teori Zavascki negou as solicitações nesta semana.
Na entrevista, Dilma justificou o pedido. "Porque eu quero saber todos os envolvidos e não quero vazamentos seletivos. Vazamentos seletivos durante campanha eleitoral tem uma característica eleitoreira", afirmou ela, citando que é preciso que provas venham à tona, não apenas depoimentos.
"Se é verdade que o Ministério Público recorreu à delação premiada, se é verdade que a delação foi assinada, ela só vai ser assinada e reconhecida se as pessoas que denunciam mostrarem provas. Então, a delação premiada tem provas, o que é crucial para qualquer investigação", afirmou a presidente, apontando risco de "impunidade" no caso.
"Sou a favor de que as pessoas respondam pelo que fazem, doa a quem doer. Seja que que partido sejam, sejam ligado a quem, tem que explicar. Que se faça, então, uma divulgação ampla, geral e irrestrita. Ampla, geral, irrestrita. E que não se esconda", disse.
AEROPORTO E CAIXA
Dilma também reservou espaço para atacar o rival Aécio Neves (PSDB), citando a construção de um aeroporto em Cláudio (MG) pelo candidato quando este era governador (2003-2010), em terreno de parentes desapropriado pelo Estado.
A Folha de S.Paulo revelou em julho que o Estado gastou R$ 13,9 milhões para fazer a obra em terreno desapropriado de um tio-avô de Aécio. As chaves ficavam guardadas com um parente do senador.
"Nunca construí aeroporto em fazenda de meu tio", disse Dilma, que também citou o fato de Aécio ter sido nomeado aos 25 anos para uma diretoria da Caixa Econômica Federal, no governo José Sarney (1985-1990).
"E também não fui nomeada aos 25 anos vice-presidente [Aécio foi nomeado diretor de Loterias] da Caixa Econômica Federal. Se tem aparelhamento [da máquina], esse é um", afirmou.
CAMPANHA
A passagem pela Grande Belo Horizonte foi a primeira vista de Dilma ao Estado depois do primeiro turno. Mineira, mas com carreira política construída no Rio Grande do Sul, Dilma bateu Aécio em Minas no domingo (5), fato que o PT já aborda na propaganda eleitoral.
A vitória por 43% a 40% no Estado é citada nos programas de TV e rádio de Dilma desde sexta (10), na linha "quem conhece Aécio não vota nele".
"O Estado que disse 'não' primeiro foi Minas Gerais, porque aqui, presidenta, nós derrotamos os tucanos no primeiro turno [...] O povo de Minas conhece o modelo tucano de governar", disse o governador eleito de Minas, Fernando Pimentel (PT), no ato político com Dilma em Contagem.
Pimentel venceu a eleição com 53% dos votos, ante 42% do tucano Pimenta da Veiga, candidato de Aécio. O programa de rádio do PT neste sábado (11) também abordou a derrota tucana na eleição estadual.
A presença da candidata na região metropolitana de BH é também uma tentativa do PT de reverter o desempenho inferior ao de Aécio nas urnas nesse setor do eleitorado mineiro. O tucano teve 47% e a petista 31% nessa região, que reúne 25% do eleitorado do Estado. Em Belo Horizonte a diferença foi ainda maior: 54% a 25%.
Minas é o segundo colégio eleitoral do país (10,5% dos eleitores). Pelo peso eleitoral do Estado, o PT deverá investir mais no território mineiro, com ao menos mais três visitas de Dilma nos próximos 15 dias. É também uma tentativa de se contrapor à ampla vantagem que Aécio tem em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.
O principal evento de Dilma em Contagem, um dos maiores colégios eleitorais de Minas, foi uma reunião de mobilização com aliados políticos. Antes, a presidente percorreu ruas do centro da cidade sobre uma camionete.
- Aécio lança documento com compromissos para 2° turno
- Em carta lida pelo filho, viúva de Campos oficializa apoio à candidatura de Aécio
- Aécio acata parcialmente exigências feitas por Marina em troca de apoio
- Dilma questiona credibilidade de Aécio em saúde
- Candidatos ao segundo turno não podem ser presos a partir de hoje
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas