Oposição busca associar a presidente à denúncia
A oposição ao governo federal vai tentar levar a presidente Dilma Rousseff (PT) para o centro da denúncia envolvendo os depoimentos forjados à CPI da Petrobras no Senado e, consequentemente, explorar o caso na campanha.
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, classificou como "vergonha" o episódio e criticou a estratégia da presidente de atribuir ao Congresso a responsabilidade sobre o tema. Segundo ele, Dilma tem responsabilidade por ter sido presidente do conselho administrativo da Petrobras por oito anos e por ser presidente da República.
Já o PSDB e o DEM, partidos da coligação eleitoral de Aécio Neves, anunciaram ontem um pacote de medidas judiciais contra os envolvidos. Além disso, eles apresentarão pedidos de investigação no Conselho de Ética do Senado contra os parlamentares petistas envolvidos por quebra de decoro parlamentar. A presidente também foi criticada. "Foi feito um grande entendimento para blindar a presidente Dilma. O vídeo deixa claro que houve um combinemos para desmoralizar o Congresso e a CPI", afirmou o senador José Agripino Maria (DEM-RN), coordenador-geral da campanha de Aécio.
Agência Estado
A denúncia de que os depoimentos à CPI da Petrobras no Senado foram forjados por líderes governistas colocou a presidente Dilma Rousseff (PT) na defensiva e virou arma para os candidatos à Presidência da oposição levarem o assunto para a campanha eleitoral. Dilma, que cumpriu ontem agenda como candidata em um posto de saúde em Guarulhos (SP), procurou se afastar do caso, dizendo se tratar de um assunto do Congresso. "Essa [denúncia] é uma questão que deve ser respondida pelo Congresso", disse Dilma ao ser questionada pelos jornalistas que a acompanhavam. "O PSDB faz as representações que quiser fazer em Brasília", afirmou quando lhe perguntaram sobre a ação que os tucanos pretendem propor a respeito do caso. Dilma não respondeu se era a favor do afastamento do relator da CPI e líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE).
A edição desta semana da revista Veja divulgou um vídeo mostrando que assessores do Planalto e lideranças do PT nacional combinaram perguntas e respostas com os depoentes antes de eles serem ouvidos na CPI da Petrobras que investiga suspeitas de irregularidades na estatal.
Seguindo o mesmo tom do discurso de Dilma, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que não vê a denúncia como um escândalo. "Uma denúncia não necessariamente é um escândalo. Uma denúncia tem que ser verificada e aí a gente pode depois conversar sobre isso", afirmou.
Não sai
O relator da CPI da Petrobras do Senado, José Pimentel (PT-CE), divulgou nota ontem em que afirma ter decidido não se afastar da condução dos trabalhos da comissão e que tomou uma série de providências para apurar a suspeita de fraude nos trabalhos. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de domingo revelou a pressão de integrantes do governo e da campanha da presidente Dilma Rousseff para que ele se afastasse da CPI após a reportagem da revista Veja. Na tarde de ontem, a pressão pela saída de Pimentel aumentou após a oposição ameaçar investigá-lo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Pimentel negou as acusações. Disse na nota não ter se reunido com pessoas sob apuração e nem orientou o depoimento dos investigados.
Outros governistas buscaram desqualificar a denúncia. "Estão fazendo um circo aliás, circo não, porque circo é da arte. O que está acontecendo é que, como não houve aquele espetáculo que muita gente esperava da CPI, ficam gerando fatos. Quem é que não se prepara previamente para um interrogatório? É natural", disse o senador baiano Walter Pinheiro (PT).
Chefe do jurídico da estatal ajudou a preparar a cola
Das agências
O chefe do departamento jurídico do escritório da Petrobras em Brasília, Leonan Calderaro Filho, participou da reunião gravada em vídeo, divulgado pela revista Veja, na qual foi discutida a "cola" das perguntas e respostas que seriam feitas pelos senadores na CPI da Petrobras aos investigados. Até ontem, Calderaro não havia sido identificado.
É ele quem questiona no vídeo sobre a forma mais segura de encaminhar para a sede da petroleira no Rio de Janeiro o gabarito de perguntas e respostas que seriam feitas pelos senadores aos executivos investigados da empresa. "O que é melhor, fax? O que é mais seguro?", indagou, na gravação, referindo-se ao envio dos gabaritos à atual presidente da Petrobras, Graça Foster, que chegou a prestar esclarecimentos à CPI, mas não na condição de investigada. Ele também comenta sobre o depoimento de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, que ocorreu um dia depois da gravação.
Não sabia
Ontem, o advogado Edson Ribeiro, que representa Nestor Cerveró, negou que seu cliente tenha recebido antecipadamente as perguntas que seriam feitas durante a CPI.
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