Dois dias depois de o senador Roberto Requião (PMDB) anunciar que teria uma "bala de prata" para mudar os rumos da eleição para o governo do Paraná, começaram a circular na internet imagens de documentos preenchidos a mão que supostamente seriam de movimentações financeiras particulares do peemedebista. Uma ala de dissidentes do PMDB, que apoia o governador Beto Richa (PSDB), promete apresentar uma notícia-crime ao Ministério Público Estadual com base na documentação, por supostas irregularidades.

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Liderada por Doático Santos, ex-aliado de Requião, a Frente Ampla Paraná Total diz ter tido acesso a 37 folhas de papel com anotações e recibos pessoais do senador. Na internet, o grupo afirma que os documentos foram encontrados em um cofre no Palácio das Araucárias em 2010, ano em que Requião renunciou para disputar a eleição para o Senado. Em abril daquele ano, o então vice-governador, Orlando Pessuti – hoje inimigo de Requião e apoiador de Richa –, assumiu o comando do Executivo estadual.

Sem revelar nomes, Doá­­tico disse que a documentação foi entregue no comitê da Frente Ampla, que funciona no Centro de Curitiba. Ele afirmou ter consultado amigos peritos que teriam atestado a veracidade dos papéis. A ideia do grupo é coletar assinaturas para a notícia-crime em um ato amanhã de manhã na Boca Maldita, para protocolá-la no MP na segunda-feira.

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Assessor jurídico da campanha de Requião, Luiz Fer­­nando Delazari classificou como "desespero e baixaria" o vazamento dos documentos, que, segundo ele, não apresentam qualquer ilegalidade. Segundo o advogado, os papéis envolvem a contabilidade pessoal da mulher de Requião, a respeito da herança do pai dela, e de questões particulares envolvendo outros familiares. Delazari disse já ter acionado a Justiça Eleitoral e também a Polícia Federal pedindo a instalação de um inquérito por furto de documentação privada. "Eles [Requião e Maristela, mulher do senador] prestam contas ao Fisco todo o ano de forma absolutamente correta. Essa é uma ilação horrorosa", criticou.

Procurado, Pessuti disse que não tomou conhecimento dos documentos e afirmou que, certa vez, uma pessoa apenas comentou com ele que teria encontrado "alguma coisa" ligada a Requião. Por meio da assessoria de imprensa, a atual gestão do governo estadual informou que desconhece a existência da documentação.