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Criadores dos sites E-farsas.com e Boatos.org, que têm como intuito publicar a versão real de histórias mentirosas que circulam na internet, respectivamente o analista de sistemas Gilmar Lopes e o jornalista Edgard Matsuki dizem que seus domínios receberam um maior fluxo de visitantes (e de denúncias) logo antes e durante o período eleitoral -e que os petistas foram mais caluniados.

"Quantitativamente, apareceram mais boatos relacionados à Dilma e ao PT nestas eleições", diz Matsuki, do Boatos.org, que diz não ter afinidade com qualquer candidato ("justifico meu voto desde 2002"). "Porém, os boatos relacionados ao Aécio parecem atrair mais público -há grande equilíbrio. Percebi também que os boatos atingem o candidato que está à frente."

Ele conta ter feito um levantamento sobre a posição política dos internautas que enviam os factoides a serem desmentidos, e que, também entre eles, há equilíbrio numérico."Acho que, por estar no lado da situação, o PT foi vítima de mais boatos neste ano", diz Lopes, do E-farsas, que diz ser politicamente "neutro" e que não decidiu seu voto durante o segundo turno, realizado no domingo. "Mas sou sempre chamado de 'petralha' ou 'tucano' [por alguns visitantes]."

Eles dizem tentar manter um equilíbrio no número de "notícias" desmentidas -como "Foto do Aécio Neves na balada é falsa?" ou "Dilma agride camareira e responde a processo na Justiça". "Como jornalista e editor do Boatos.org, trato de manter a neutralidade", diz Matsuki. "Ou, no caso, agir como 'defensor' de boatos para os dois lados." Lopes diz que "se policia" para "não ficar publicando pesquisas a respeito de um candidato mais do que de outro (para não acharem que estou sendo partidário)."

Ao longo das campanhas presidenciais do pleito atual, foram reproduzidos por meio de serviços de mensagens e nas redes sociais informações falsas.

A atriz Leticia Sabatella escreveu por meio do seu Facebook nesta terça (21) uma mensagem com tom de indignação em que reclamava de ter tido sua imagem, junto com a de outros atores, usada em uma montagem de vídeo enganosa e de cunho político. "Nenhum dos atores deu sua autorização", disse.

Uma mensagem compartilhada pelo WhatsApp nesta semana usou dados antigos do Datafolha a fim de descaracterizar os resultados da última segunda (20).

Perfis falsos em redes sociais também serviram de munição para criminosos virtuais.Tanto o PSDB quanto o PT criaram seus próprios sites a fim de desmentir conteúdo supostamente calunioso acerca de suas candidaturas e de seu passado.

INGENUIDADE ON-LINEAmbos checam pessoalmente o caráter verídico das notícias que chegam até eles, e publicam as mais populares. "Algumas notícias são muito simples de desmascarar", diz Matsuki, que criou um guia com dicas para ajudar na identificação de uma cibermentira. "O trabalho fica mais complicado quando a mídia cai na balela. Vale fazer uma espécie de engenharia reversa e verificar de onde surgiu a história." "Sem dúvida, o internauta é ingênuo", diz. São tão incautos que compartilham algumas informações e ainda xingam pessoas e instituições com base na informação falsa. Se o usuário da web no Brasil fosse mais cético, muito boatos seriam natimortos."

Lopes diz que o maior problema é a falta de fontes confiáveis. "Uso os sites de buscas e, quando necessário, entro em contato com as pessoas ou empresas envolvidas."

"Muitos já perceberam a eficácia do boato on-line (devido à sua rápida disseminação) e a boataria se multiplica a níveis astronômicos [durante a época de eleições]", diz Lopes, que acha que o internauta brasileiro tem ficado mais desconfiado ("e isso é muito bom") e que criou o site depois de ter duvidado de uma corrente que prometia US$ 0,10 para cada retransmissão ao tratamento de câncer de uma menina. "Em vez de repassar, pesquisei e acabei descobrindo a falsidade da história; avisei todos os meus amigos e, a partir de então, comecei a receber e-mails com pedidos de verificações de fotos e de textos."

O tráfego do Boatos.org cresceu durante as eleições, e seu criador afirma que é natural que o conteúdo do site tenha ganhado proporção política maior (cerca de 70%, semelhante ao tema de esportes durante a Copa, segundo Matsuki).

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