A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, aproveitou uma agenda oficial de governo em Pernambuco nesta terça-feira (21) para criticar o economista Armínio Fraga, cotado para ministro da Fazenda numa eventual gestão Aécio Neves (PSDB).
Ao visitar a fábrica em construção da Fiat em Goiana (PE), Dilma fez um pronunciamento à imprensa sobre bancos públicos.
O evento, embora divulgado pela coordenação local da campanha petista, integrou a agenda oficial da Presidência da República. "Vou falar de bancos públicos porque tem havido, nos últimos dias, muita controvérsia sobre os bancos públicos", afirmou Dilma, ao se posicionar diante do púlpito com microfones.
"O candidato a ministro da Fazenda do meu candidato adversário vem dizendo que vai fazer uma auditoria nos bancos públicos. Acho que ele desconhece que os bancos públicos, todos, são objeto da regulação do Banco Central e sofrem auditoria interna e externa", afirmou, para em seguida listar números de inadimplência, lucro líquido e ativos de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. "Quando nós chegamos ao governo, eles estavam sucateados. Hoje são bancos fortes. Representam uma parte fundamental de tudo o que o Brasil empresta", disse a presidente, repetindo argumentação que já usara no primeiro turno contra Marina Silva (PSB).
Segundo Dilma, a inadimplência caiu e os outros números (lucros e ativos) cresceram entre 2002 (governo Fernando Henrique) e 2014 (governo Dilma). "Número eu sei que é chato, mas número é incontroverso. Ninguém pode ficar discutindo com número", disse a presidente. "Qualquer tentativa hoje de enfraquecer bancos públicos dizendo que eles não dão lucro ou que têm poucos ativos está fadada ao fracasso", afirmou. "A quem interessa reduzir o papel do bancos públicos? Só interessa àqueles que têm uma visão estreita da realidade do Brasil ou que querem beneficiar seguimentos privados que cobrem um juro maior e que não financiam programas sociais", afirmou a presidente, que visitou a fábrica ao lado do ex-presidente Lula.
RETALIAÇÃOQuestionada por jornalistas, Dilma negou que tenha havido retaliação do governo federal a Pernambuco, Estado que era governado por Eduardo Campos (PSB), adversário da petista na disputa presidencial, morto num acidente aéreo em agosto. "Nunca fizemos retaliação", afirmou a presidente. "Poucos governos fizeram o que fizemos aqui", disse Dilma antes de citar obras no Estado financiadas pela União, como o polo petroquímico e naval de Suape e intervenções em mobilidade."No meu governo, nós liberamos aqui para Pernambuco R$ 6 bilhões. No governo do Lula, foram R$ 4,26 bilhões. E no governo tucano, quanto foi? Menos de R$ 600 milhões. Esta é a realidade", afirmou.
Sobre o atraso do arco metropolitano, obra viária de escoamento da produção da Fiat pelo porto de Suape, Dilma sugeriu que a culpa de as obras ainda não terem começado possa ser do governo do Estado, do opositor PSB.O arco seria feito pelo governo de Pernambuco por meio de PPP (parceria público-privada), mas o governo federal assumiu a obra em 2013."A gente pediu o mesmo projeto da PPP. Estávamos fazendo a licitação com o mesmo projeto quando o órgão ambiental [estadual] disse que havia uma área de proteção ambiental", afirmou.
A Fiat começa a produzir automóveis no primeiro trimestre deste ano e o arco metropolitano não tem data para começar a ser construído.
A fábrica, que está em fase de testes, praticamente parou para receber a presidente.Cerca de mil funcionários aguardavam a petista, que foi saudada com gritos de "Dilma, Dilma". A presidente os cumprimentou, posou para fotos com os operários e trabalhadores da linha de montagem e depois com uma carcaça do novo modelo que será produzindo na unidade pernambucana da montadora.
Antes de visitar as instalações, ela fez um pronunciamento aos jornalistas e respondeu a três perguntas sobre retaliação ao governo do PSB e financiamento de obras no Estado.
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