Apenas nove dos 24 municípios do Centro-Sul do Paraná oferecem leito para internamento hospitalar de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que 15 deles, a maioria, precisam levar moradores que dependem de tratamento médico a outra cidades. Por isso, um dos principais gastos das prefeituras com saúde é em transporte: combustível, salário de motoristas, diárias para viagens e manutenção de veículos.
A diretora de Saúde de Marquinho, Maria Jucelei Accordi, estima que, anualmente, o deslocamento de pacientes para Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Curitiba consuma perto de 30% do orçamento da área cerca de R$ 1 milhão de R$ 3,2 milhões. Ela diz que outro problema são os altos salários que o município precisa oferecer para atrair médicos."Gasto muito com médicos e não tenho dinheiro para exames. Mas, sem exames, não tem diagnóstico", lamenta. "O médico do Programa Saúde da Família ganha R$ 17 mil por 6 horas diárias. Ele nem cumpre integralmente [a jornada], porque tem que viajar. Se eu exigir que ele fique, o médico desiste", acrescenta.
Um caso típico de paciente que precisa viajar constantemente é o de Reginaldo dos Santos, de 6 anos. Ele nasceu com uma doença no coração e precisou colocar marca-passo com dois dias de vida. Já está no terceiro aparelho. "Eu precisei sair do emprego [na época do tratamento mais intensivo] porque não tinha jeito: tinha mais dois meninos em casa e precisava cuidar deles", conta o pai, Joani dos Santos (53). A mãe, Maria Aparecida (44), acompanhava o filho em Curitiba.
Em abril deste ano, a família, que mora em Goioxim, passou por mais um susto. Um problema respiratório levou Reginaldo a uma nova saga de viagens em busca de tratamento. Ele percorreu 90 quilômetros até Guarapuava, onde está o hospital mais próximo; e mais 250 quilômetros até Curitiba. Com tantas idas e vindas, sobram histórias. Há dois anos, o motorista da van da prefeitura esqueceu de apanhar Reginaldo, que ficou em Goioxim e perdeu um exame. Neste ano, a van estragou no meio da viagem. "A gente que está na estrada tem que ter fé em Deus", diz Maria Aparecida. Os médicos já aconselharam a família a se mudar para uma cidade maior, para facilitar o socorro em caso de emergência. "Não temos condições de ir embora", explica Joani, que trabalha fazendo pequenos serviços na agricultura e ganha por dia trabalhado.
"Precisamos de mais médicos especialistas [na região], otorrino, ortopedista. Cirurgia de útero paga pouco [ao médico], e ninguém quer fazer. Quem vai para a fila de espera fica cinco meses, seis meses", diz a coordenadora da Pastoral da Criança em Guarapuava, Joceli de Fátima Ramos Zeni. "Temos somente dois hospitais. É muito pouco. Não se consegue atender com qualidade a população", reclama a presidente da APP-Sindicato de Guarapuava, Jianete Ribeiro Neves de Souza.
Há dez anos, Guarapuava contava com seis hospitais atendendo pelo SUS. Com o tempo, as unidades foram fechando. Hoje, a cidade tem apenas o Hospital São Vicente de Paula, filantrópico; e o Instituto Virmond, particular. "A negociação para a construção de um Hospital Regional está avançada. Me disseram, em Curitiba, que a obra deve começar ainda em 2014. Além disso, queremos construir um centro de especialistas e unir os cinco consórcios de saúde dos municípios", afirma a diretora da 5.ª Regional de Saúde, Eliane Silva Dranca.
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