1992
Em 1992, o Paraná tinha 538 mil adolescentes entre 15 e 17 anos. Desses, um terço se dedicava exclusivamente aos estudo. Outros 33% só trabalhavam, sem ir para a escola. A necessidade de universalizar o ensino médio só se tornou dever do Estado em 1996, com a Emenda Constitucional (EC) nº 14. Assim, em 1999 a situação dos jovens começou a melhorar (veja acima) (1). E foi apenas em 2009, com a EC nº 59, que se tornou dever do Estado oferecer educação gratuita dos 4 aos 17 anos.
2005
O melhor do país no Ideb
O 5º ano da rede estadual do Paraná obteve nota 5,0 na primeira edição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a melhor dentre os estados brasileiros (2).
2012
8º no ranking de matemática
O Paraná obteve a 8ª colocação no teste internacional Pisa, no conteúdo de Matemática. O Distrito Federal se destacou na prova que avalia o desempenho dos jovens de 15 anos.
2013
Falta ensino integral
Antonio CostaO Colégio Estadual Cecília Meireles, em Curitiba (foto), atende em período integral 250 dos seus 1,1 mil alunos. Em outubro de 2013, pais e alunos fizeram manifestação pedindo ampliação das vagas, mas a escola não tinha condições estruturais de aumentar a demanda. O Paraná tinha 7 mil vagas na rede estadual em período integral, equivalente a 1,7% do total. Em Santa Catarina, o índice chegou a 4,7%. No ranking nacional, o Paraná ficou em 19º lugar (3)
2022
30% não vão aprender tudo o que deveriam
70% é o porcentual de alunos que devem aprender o conteúdo adequado até 2022, segundo meta estipulada pelo movimento Todos pela Educação para todo o Brasil.
Governadores têm ferramentas para melhoria do ensino médio
O Congresso Nacional está discutindo uma ampla reforma no ensino médio brasileiro. Mas, independentemente de possíveis mudanças algumas bastante polêmicas , os especialistas dizem que os governadores têm ferramentas suficientes para melhorar essa etapa educacional, que é reconhecida como uma das mais fracas e ultrapassadas no sistema brasileiro. O principal ponto, dizem, é reformular a carreira docente
"Fala que eu te escuto." De tantas melhorias necessárias na educação pública da rede estadual, começar por uma conversa franca com professores e diretores seria um excelente ato de governo. Eles querem ser ouvidos. Um deles é José Melquíades Ursi, 65 anos, professor de Sociologia no Colégio Estadual Francisco Zardo, em Curitiba, que dá expediente de segunda a quinta-feira no local. Mas, para ouvi-lo, é preciso marcar horário: ele dá aula para 12 turmas do ensino médio e atende a aproximadamente 35 alunos em cada turma, ou 420 no total desempenho quase "padrão" entre os professores da rede pública.
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A lotação de salas de aula é um problema nacional. Pela Sinopse Estatística da Educação Básica de 2013, do Ministério da Educação, a situação do Paraná até é melhor do que a de muitos estados: 26 alunos por turma, dentro da média do Sul e abaixo da média brasileira (31) e do Sudeste (33). No Colégio Francisco Zardo, a média gira em torno de 35. "Para corrigir bem um trabalho, preciso de pelo menos três minutos. Tendo 15 turmas, ou 500 alunos, como eu tinha no ano passado, são 25 horas para corrigir trabalhos", ensina o professor. Além da sobrecarga da jornada, não há tempo para planejar bem o conteúdo. "A gente que faz hora extra para corrigir trabalhos tem que ouvir gestor dizendo que a hora-atividade não pode ser de 60 minutos."
Prejuízos aos alunos
Não é só o docente que sai no prejuízo. Pelas médias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012, a realidade paranaense não é satisfatória. O MEC não divulga rankings de estados e escolas, mas a Gazeta do Povo fez uma comparação entre dados de 3.584 colégios estaduais do Sul e do Sudeste. Em Linguagem, apenas 19% das instituições paranaenses conseguiram média acima de 500 pontos. Em São Paulo, esse índice foi de 41% e, no Rio Grande do Sul, 23%. Em Matemática, 44,5% das escolas do Paraná tiveram alto desempenho; contra 58% em São Paulo e 64% no Rio Grande do Sul. Em Redação, apenas 32,6% das escolas paranaenses conseguiram média acima de 500 pontos, contra aproximadamente 50% nas redes gaúcha e paulista.
O Francisco Zardo não está na amostragem obtida pela reportagem. Mas, para José Ursi, as listas de aprovados nos vestibulares é uma prova de que os alunos estão indo bem nos testes. O que é preciso, avalia ele, é aprimorar o ambiente. "Mas não há orientação pedagógica, não há preocupação com a realidade da sala de aula."
José Ursi e a diretora do Francisco Zardo, Naterci de Souza Schiavinato, sugerem uma interação melhor entre a Secretaria Estadual de Educação e os colégios para aprimorar a orientação pedagógica. "Tratam a escola de lá, de dentro de um gabinete. Quando você está na realidade, mexendo com pessoas, tudo fica difícil. E a necessidade quem sabe somos nós, que estamos aqui", diz Naterci.
Quem está na lida como Ursi, que tem um contrato por meio do Processo de Seleção Simplificado (PSS), recebe salário de R$ 2.570,00. "Com o avanço da carreira, um professor concursado chega a R$ 7 mil, R$ 8 mil. Não acho muito justo a diferença salarial. E, se sai essa entrevista e alguém não gosta, no dia seguinte posso estar fora", comenta. Ele e Naterci avaliam que as funções iniciais deveriam ter melhores salários, para atrair profissionais qualificados e motivados.
Educação básica
Não cabe aos professores do ensino médio fazer milagres. Os alunos brasileiros já chegam nessa etapa com baixo nível de compreensão. O teste mais recente do Pisa (Programme for International Student Assessment) mostrou que os jovens de 15 anos têm muita dificuldade para solucionar problemas matemáticos o Brasil ficou em 38.º, entre 44 países no teste de raciocínio. No ranking nacional, o Paraná ficou em 8.º em Matemática, 7.º em Ciências e 7.º em Leitura. "Para mudar isso, é preciso investir bastante. Mas é algo demorado. O político sempre prefere fazer algo mais rápido, como asfaltar alguns quilômetros de estrada", diz Ursi. Para ele, o professor quer ensinar e o aluno, aprender. Mas os governantes precisam deixar que isso ocorra.
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