80 mil pessoas, ao menos, são aguardadas para o adeus a Eduardo Campos.
Recife vive um estado letárgico desde o acidente que matou o ex-governador e presidenciável Eduardo Campos, na última quarta-feira. O prefeito Geraldo Júlio, também do PSB, decretou luto oficial de oito dias na capital pernambucana. Escolas e universidades suspenderam as aulas. O trânsito diminuiu e o comércio perdeu força.
Os jornais estão repletos de anúncios de empresas, associações e sindicatos em homenagem a Campos. Adversário político e candidato ao governo do estado, o senador Armando Monteiro (PTB) determinou a paralisação da campanha por uma semana. Alguns comércios e residências têm panos pretos nas janelas. É como se a cidade aguardasse a chegada da sua principal liderança política.
Trajetória
Duas vezes governador, deputado estadual e federal, Campos era o herdeiro político de Miguel Arraes, que, quando governador do estado, em 1964, se opôs ao golpe militar. Do avô, Campos herdou o gosto pela política e a admiração dos pernambucanos. "[Campos] Era meu amigo, meu irmão e meu tudo", disse a aposentada Elza Silveira, 70 anos, que ontem fazia vigília em frente à sede do governo estadual. Elza viu Campos uma só vez, durante uma visita do então candidato ao seu bairro, na periferia do Recife. "Ele me deu um sorriso e apertou a minha mão."
"Minha filha e eu sabemos do valor dele", contou a dona de casa Verônica Eunize, 40 anos. Verônica segurava uma camisa do programa "Ganhe o Mundo", implantando por Campos quando governador. O "Ganhe o Mundo" leva alunos da rede pública com boas notas para estudarem e aprenderem línguas fora do Brasil. "Minha filha foi para a Espanha e hoje está no 3º ano do magistério", disse Verônica, admiradora também de Miguel Arraes. "Foi Miguel Arraes que botou saneamento, asfalto e deu o título da terra no bairro que eu nasci."
No Palácio Campo das Princesas, onde Campos trabalhou por oito anos, funcionários viam nele um político diferente. No dia do acidente, algumas servidoras desmaiaram e precisaram receber atendimento médico. "Fui segurança pessoal de Miguel Arraes e estou aqui no Palácio desde 1979. Campos foi o mais humano dos que passaram aqui", dizia Iranildo Mendes, 60 anos, funcionário da segurança do governo do estado.
Recife se prepara para o adeus a Eduardo Campos
O governo de Pernambuco definiu ontem como será o adeus ao ex-governador e candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos. Os corpos de Campos, do fotógrafo Alexandre Severo, do cinegrafista Marcelo Lyra, do assessor de imprensa Carlos Percol e do assessor político Pedro Almeida Valadares Neto vão chegar a Recife pela Base Aérea, provavelmente hoje (até o fechamento desta edição não havia confirmação da data).O pedido para que os corpos viessem todos de uma vez foi feito pela viúva do presidenciável, Renata.
De lá, os corpos serão transportados em carro do Corpo de Bombeiros até o Palácio do Campo das Princesas, sede do Executivo estadual, no centro da cidade. Pelo menos 500 autoridades são aguardadas para a cerimônia. Já confirmaram presença a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nove governadores: Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo), Alberto Pinto Coelho (Minas Gerais), Renato Casagrande (Espírito Santo), Jaques Wagner (Bahia), Rosalba Ciarlini (Rio Grande do Norte), Agnelo Queiroz (Distrito Federal), Tião Viana (Acre) e Luiz Fernando Pezão (Rio).
A expectativa do cerimonial do Palácio Campo das Princesas é de que mais de 80 mil pessoas acompanhem a cerimônia. Ontem, estruturas metálicas começaram a ser montadas em frente ao Palácio. Uma missa campal será conduzida pelo Arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido. Campos e a família eram católicos praticantes e muito próximos de Dom Fernando.
No dia seguinte ao velório, as famílias irão receber os corpos para os enterros. Campos será sepultado ao lado do túmulo do avô Miguel Arraes, no Cemitério de Santo Amaro. O enterro deve ser reservado à família, amigos e autoridades.
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