Fernando Pimentel (PT) foi eleito governador neste domingo (5), desbancando do poder o grupo político do PSDB, que há quase 12 anos governa o Estado. É a primeira vez que o PT chega ao governo mineiro. Até então a principal vitrine petista em Minas tinha sido a Prefeitura de Belo Horizonte, com o próprio Pimentel (2004-2008).
Com 97% das urnas apuradas até as 20h05, Pimentel tinha 53% dos votos, contra 42% do seu principal concorrente, Pimenta da Veiga (PSDB). Com esse resultado, segundo a Justiça Eleitoral, já era possível considerar o petista eleito.
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Ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo Dilma Rousseff, Pimentel deixou a pasta em fevereiro deste ano para promover o que chamou durante a campanha de "derrota histórica" do grupo de Aécio.
Ao votar na manhã deste domingo (5) em Belo Horizonte, ele, porém, contemporizou a sua declaração ao inverter a posição: "Eu não acho que as derrotas sejam históricas, históricas são as vitórias".
Em 2008, Pimentel e o candidato ao Planalto Aécio Neves (PSDB), ex-governador, firmaram uma aliança eleitoral para eleger Marcio Lacerda (PSB) prefeito de Belo Horizonte. Ele foi muito criticado no PT por essa posição. Agora, Pimentel enfrentou o grupo de Aécio e o derrotou.
Além de a campanha de Pimenta ter sido atrelada à presidencial de Aécio, foi o próprio presidenciável tucano que escolheu o candidato do PSDB, seu amigo de longa data.
Ao longo deste domingo, Pimenta mantinha uma aparente crença de que, mesmo inferiorizado nas pesquisas durante toda a campanha, poderia provocar o segundo turno. O crescimento de Aécio na reta final da disputa presidencial o animava. Pela manhã, ele chegou a dizer que seu "otimismo não é desmedido".
Durante a campanha, Pimenta afirmou também ter sido "vítima" do acidente que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB), tendo sua campanha prejudicada na medida em que seu principal cabo eleitoral, Aécio Neves, naquela ocasião, caiu nas pesquisas.
Governador eleito, Pimentel terá agora a importante tarefa de ajudar a presidente Dilma Rousseff a se reeleger. Novamente ele poderá enfrentar Aécio.
O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia (sem partido), coordenador da campanha de Dilma em Minas, disse que Pimentel eleito passa a ser o "líder político" do Estado.
"A gente sabe que em Minas funciona assim. No dia seguinte à eleição, o governador eleito passa a ser o líder político. Isso ajuda demais o movimento político [a favor de Dilma]", disse.
ALIANÇAS
O economista Pimentel se elegeu em coligação com o PMDB, PC do B, Pros e PRB. Ele quase não usou a imagem de Dilma na sua campanha e até o vermelho do PT ficou em segundo plano. O tom azul, tradicionalmente usado pelos tucanos, foi a marca da sua campanha.
A campanha do petista foi marcada pela crítica à obra de 12 anos do PSDB, com o argumento de que foram gestões com obras impostas, "sem ouvir" as pessoas e os municípios. Ainda neste domingo ele prometeu fazer diferente.
"É a proposta de um governo próximo das pessoas, participativo, aberto para a participação do cidadão, um governo mais carinhoso com o nosso povo, a nossa gente, um governo que leve em conta as diferentes regiões do Estado", disse.
"Minas não tem dono, não tem rei, não tem imperador. Aqui quem manda é o povo de Minas", completou.
Pelo lado do PSDB, a campanha se desenvolveu com ataques ao petista, especialmente na reta final. Os processos a que Pimentel responde na Justiça --e nega as acusações-- foram citados na propaganda eleitoral.
O PSDB tentou também vincular a passagem de Pimentel pelo governo Dilma a situações ruins da economia do país ou a perdas de investimento por Minas, como a ida de uma unidade da Fiat para Pernambuco. Nada mudou o quadro.
MEDO
O deputado federal Nilmário Miranda, que disputou e perdeu o governo de Minas pelo PT em 2002 e 2006 --sendo nas duas vezes derrotado por Aécio--, atribuiu a vitória atual do PT ao fato de "Minas perder o medo da pressão" política dos tucanos sobre os municípios.
"Quando eu fui candidato, parecia que eu estava contra Minas. Agora as pessoas ouviram e decidiram. Minas perdeu o medo", disse.