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Por que se candidatar ao governo do Paraná?Adquiri muita experiência na parte burocrática e técnica dos partidos políticos e via muita dificuldade dos dirigentes atuais. Então aprendi muito como é o funcionamento e hoje me sinto bastante capaz de fazer política partidária e também concorrer ao governo do estado.

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O PRTB é um partido menor no estado. A candidatura é uma forma de dar maior visibilidade ao nome da legenda?Não é algo somente do PRTB. São 32 partidos no Brasil e 28 deles vivem na sombra dos grandes partidos. O nosso presidente Levy Fidelix [candidato à Presidência da República] entendeu que esse é o momento de mostrarmos as nossas propostas, haja vista que duas delas já foram encampadas pelo governo federal. A primeira delas é o aerotrem, que é um trem de alta velocidade que sairá de Campinas (SP) a São Paulo (SP)-Rio de Janeiro, com um percurso de duas horas. E temos esse projeto também para o estado [aerotrem de Curitiba a Foz do Iguaçu], um projeto audacioso, de futuro. Sou economista e, como tal, a gente tem que pensar a longo prazo. Logicamente que não vou conseguiu concluir [o aerotrem no Paraná], mas vamos fazer e dar início ao projeto porque em algum momento ele terá que ficar pronto. Também tivemos a felicidade de propor o Ministério das Calamidades Públicas para atender as pessoas vítimas de desastres naturais que precisam ser atendidas rapidamente. Veja que, em Morretes, os vitimados com as enchentes há mais de cinco anos ainda não receberam as casas perdidas. Queremos trazer para o Paraná algumas propostas que defendemos. Uma delas também é o Bolsa 21, que é um aporte de quatro salários mínimos em uma caderneta de poupança em um banco oficial para todos os estudantes nascidos no Brasil a partir de 2015.

Mas com que recursos isso poderia ser feito?Essa bolsa é um projeto nacional, do governo federal. Entendemos que, com a redução de apenas 1% na taxa Selic, a gente consiga fazer com que todo brasileiro tenha acesso a essa bolsa. No governo do estado temos outros projetos, como a premiação aos alunos. Queremos que os alunos recebam uma premiação quando atingirem nota superior em 20% da média, que hoje é 6,0. Queremos que o aluno se sinta motivado, dê um pouco mais de si, e o professor também. Achava que essa era uma proposta inédita, mas o governo de Minas Gerais já paga 14º salário para o professor cuja classe tenha atingido média superior à média normal.

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Sendo de um partido pequeno, como fica a governabilidade caso o senhor seja eleito?Espero que desta vez haja as mudanças de que tanto se fala, porém o poder econômico dos grandes candidatos acaba vencendo e fazendo com que eles retornem à Assembleia. E os deputados votaram a favor do auxílio-moradia para os juízes. Espero que haja uma mudança grande. Em não havendo essa mudança, teremos que conversar com eles, como todos os próximos governadores e presidente. Temos que negociar. Não digo com uma moeda de troca, mas hoje a imprensa tem sido bastante amiga do poder público e da opinião pública em mostrar quem são as pessoas que estão fazendo o bem ou estão pensando apenas em si.

O senhor defende diversos ideais considerados conservadores, entre eles o posicionamento contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Isso dificulta a campanha?Sempre existe o momento em que se esgota a capacidade do estado intervir na economia e em alguns outros temas polêmicos. Logicamente que sempre sou questionado sobre a minha posição, sobre homofobia. Eu não sou contra, mas sou uma pessoa que tem uma confusão muito grande na cabeça por conta do que fui, do que aprendi com meus pais. Então não tenho facilidade de assimilar isso. Porém, nessa idade a gente pode também mudar os conceitos. Mas, hoje, eu confesso para você que sou contra.

O senhor afirma que o PRTB é o único partido de direita de verdade. Por quê?Quando assumiu o poder no Brasil, o PT se dizia de esquerda e acabou assumindo todos os planos econômicos dos conservadores. Nós também não temos dificuldades de entender que as conquistas que o cidadão brasileiro teve não devem retroceder. Essa nova direita vai manter esses benefícios e, se necessário, vai cobrar um pouquinho mais a contrapartida de quem recebe. Porque, até então, a gente vê muitos comentários de pessoas que estão recebendo e estão na sombra, deitados em casa esperando que o governo faça essa parte.

O senhor fala do Bolsa Família?Sim.

O senhor é contra o programa? O que poderia fazer sobre isso a nível estadual?Sim. Quando você se elege governador do Paraná, você tem o apoio de 11 milhões de habitantes, então você tem voz para um posicionamento contrário a nível nacional. Isso deve criar um movimento para que tenhamos uma mudança radical. Queremos que aqueles que recebem [o Bolsa Família], além de terem que colocar seus filhos na escola, também tenham que trabalhar.

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E isso seria uma discussão que o senhor levantaria como governador?Temos pautado algumas discussões que vêm da rua. Saúde, educação e segurança é algo que está batido demais. É algo que se fala todos os dias e as propostas são basicamente as mesmas. Deve haver melhora na segurança, na saúde e na educação, mas nós queremos nos pautar em temas nacionais pelo que a rua nos fez sentir no ano passado. Assim como a discussão do "não é só por 20 centavos", mas por uma mudança de comportamento, porque o governo tem sido muito fisiologista e paternalista. Queremos que o estado tenha um comportamento diferente e aqui no Paraná vai ser assim. Defendemos a privatização dos presídios como forma de melhorar e reduzir os custos para que tenhamos uma economia e aproveitar essa receita para aplicar em educação.

Já que o senhor tocou na proposta de privatização dos presídios, poderia explicar como funcionariam essas concessões?É uma concessão do tipo menor valor. Hoje, estima-se que cada preso custe em torno R$ 3 mil ao estado. Então, a empresa que fizer a menor oferta a partir desse valor máximo, teria a responsabilidade da guarda e da construção de novos presídios. Também entendemos que aqueles presos que fugirem e cometerem novos crimes não demandem mais precatórios para o estado, porque o estado poderá ser responsável em ter que pagar esses precatórios, e algum dia alguém vai cobrar.

Ao mesmo tempo, o senhor propõe educação a distância como direito dos presos. Como funcionaria?Seria mais uma das vantagens para o detento, haja vista que o que aconteceu em Cascavel foi por conta das más condições, comida estragada e abuso nas vistorias. Se é possível chegar um sinal do outro lado do planeta, porque não pode chegar a uma penitenciária do estado? Queremos que ele estude, se qualifique, para que, no momento em que ele saia de lá, se ele não conseguir emprego de carteira assinada, possa ter seu próprio negócio.

E o senhor defende outras privatizações para o estado?A gente não sabe em que pé está o estado do Paraná. Temos que primeiro tomar consciência do que está acontecendo, das reais condições. Estimo que o estado tem 3,5% do orçamento para aplicar em novos investimentos, o que é algo em torno de R$ 1,4 milhão. É muito pouco para tanta demanda. As necessidades são ilimitadas e os recursos são escassos. Deveremos nos pautar em algumas novas privatizações, mas, até então, a principal delas seria a dos presídios.

Já seria o suficiente para dar um fôlego nas contas do estado?Com os presídios, com a redução no tamanho da máquina e também no número de comissionados. Quero aumentar de 1% a 2% do que se tem hoje para aplicação em novos investimentos.

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Em quanto o senhor cortaria os gastosHoje temos que reduzir pelo menos um terço das Secretarias.

Um dos temas polêmicos que tem pautado essa campanha seria o que o governador Beto Richa (PSDB) chama de discriminação ao Paraná pela demora do governo federal na liberação de empréstimos para o estado. Como o senhor vê essa discussão e qual seria seu posicionamento?O governador deixou de aplicar em três anos o mínimo constitucional em saúde. Acredito que aquele assinasse esse empréstimo pleiteado pelo governo do estado, iria responder na Justiça. Ele não pode simplesmente liberar, tem que ter todo um acompanhamento da documentação e, naquele momento não saiu porque o estado estava realmente inadimplente. Se eu estivesse como responsável, também não assinaria. E tenho dito: o governador do estado e o prefeito de Curitiba, em um momento qualquer, vão ter que responder pela liberação de recursos para a construção da Arena da Baixada de uma forma tão rápida. Em algum momento isso vai explodir, eles vão ter que pagar, vão tem que se defender e provar que não houve irregularidades. E, havendo a constatação de irregularidade, eles não terão mais o apoio dos procuradores do estado e vão ter que pagar advogados do próprio bolso, e vão sentir. Alguns políticos estão há muito tempo com ações na Justiça e estão tendo que devolver aos cofres públicos aquilo que fizeram de errado.

Outra questão polêmica para o estado são os pedágios. Como o senhor se posiciona sobre esse assunto?Sou a favor [dos pedágios] e contra o preço que se cobra. Fui recentemente a Cascavel e gastamos R$ 120 com ida e volta. É muito pesado, está muito caro. Você vai a São Paulo e gasta R$ 10, e se você vai a Cascavel, gasta R$ 60, é muito dinheiro.

E haveria condições de rever os preços?Tenho visto o atual governador dizer que não renovou os contratos e que não retirou as ações [da Justiça]. A qualquer momento então deverá haver uma demanda judicial definitiva acerca do assunto. Porém, os contratos devem vencer em 2018 e o próximo governador vai ser o responsável pela nova licitação. Quero trazer inclusive empresas internacionais para participar.

Qual seria a base que o senhor gostaria de colocar nos valores dos pedágios?Acredito numa redução de 50%.

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O senhor poderia detalhar o projeto do aerotrem para o estado?

Pretendo trazer este projeto ou um projeto tão bom quanto esse, se houver nova tecnologia. Até porque é uma lei da física: dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Vai chegar uma hora que estaremos todos juntos e engarrafados. Temos que ter novas modalidades de transporte e essa é a modalidade mais barata que existe hoje. Vamos convocar os engenheiros e arquitetos, é um desafio muito grande, são 600 km daqui [Curitiba] a Foz do Iguaçu, mas o projeto tem que ser iniciado.

Entre os seus projetos também está a Escola da Escotismo, que seria criada para a prática da cidadania. Como funcionaria essa escola?Coloco como minha principal bandeira o resgate da velha educação, aquela que tem que vir de casa, com a qual todos foram criados. Entendendo que o pai e a mãe têm o comando, têm que dar bons exemplos e isso não demanda investimento nenhum. As crianças estão chegando na escola mal-educadas, o professor é refém, está com dificuldade, está tirando cada vez mais licença médica porque está insuportável gerenciar tantas crianças. E o grupo de escotismo é uma fórmula com a qual eu tenho uma boa experiência. Fui escoteiro durante quatro anos e lá a gente só aprendeu coisas boas. O grupo funcionava dentro do Colégio Estadual do Paraná, ou seja, a estrutura física está lá, não é preciso construir nada. Queremos que esses grupos de escoteiros, com uma parceria com a União dos Escoteiros do Brasil, seja uma rotina em todas as escolas, para que as crianças possam aprender noções de meio ambiente, cuidados pessoais, boas ações e cidadania. Está faltando muito disso no nosso país. A estrutura funcionaria dentro das escolas estaduais, a ponto de as pessoas reconhecidamente importantes para aquela comunidade possam também estar presentes nas reuniões e contar o que elas fizeram de bom e de errado, o que não fariam jamais, para que a criança aprenda que a experiência só vem com o tempo.

Na área da saúde, o senhor propõe a criação de polos regionais. Como funcionaria isso?Fui criador da primeira rede independente de farmácias do Brasil [Maxifarma]. Naquele momento, estávamos com muita dificuldade, sufocados pelas grandes redes e conseguimos, através da união desse grupo de empresários, ser o top comercial em 94 através dessa iniciativa de associativismo. Então vamos criar mecanismos para que municípios circunvizinhos sejam capazes de custear os especialistas. O atendimento básico, emergencial, você consegue até dar vazão, mas o problema maior são os especialistas. Eles investem dez, doze anos da sua vida se especializando e não querem ir para o interior porque ganham muito pouco e um município custear um especialista sozinho é muito difícil. Então seria um rateio para que eles pudessem compartilhar e pagar esses especialistas regionalizados. Seriam pelo menos 40 polos no estado.

Qual seria sua principal proposta para a área da agricultura do estado?As pessoas gostam de comprar em locais com segurança, em shopping porque há ar-condicionado, em locais que têm nome. Quero criar, assim como fiz com o grupo de farmácias, uma marca estadual para que todo tipo de negócio – da indústria, do agronegócio e do comércio – possam se beneficiar e divulgar essa marca no mundo interior como uma marca forte. Então, os outros países vão começar a comprar conosco por conta de uma propaganda constante na televisão, com garantia de qualidade, de produção e de preço. Quero levar para o pequeno agricultor essa minha experiência pessoal que deu certo.

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Grande parte da economia paranaense gira em torno do agronegócio, que depende de uma boa infraestrutura de estradas e portos. Quais suas propostas para o setor?É o básico, é chover no molhado. Temos que dar condição de fluidez para toda a produção. Logicamente que estaremos melhorando e equipando nossas patrolas e as estradas vicinais para dar vasão ao pequeno agricultor. Mas, basicamente, melhorar o conceito das cooperativas. Quero, com essa marca e com a minha experiência, agregar valor para que o agricultor possa vender, estar satisfeito, e ficar onde ele mora, porque é muito gostoso ficar no interior. Há uma diferença muito grande entre o que se tinha antigamente e o que se tem hoje, como com a internet. Com uma qualidade de vida melhor e a saúde chegando mais perto, vamos fazer com que o pequeno agricultor se sinta prestigiado.

O senhor tem contra si uma acusação de corrupção passiva em trâmite na Justiça. Poderia comentar esse assunto?Ela está em trânsito, mas não é contra mim. Sou agregado ao processo. Foi algo que aconteceu em 2002 e entendo isso como uma medalha por ter sido muito corajoso e enfrentado a pior máfia do Brasil, que é a máfia da morte, das funerárias. Eu era diretor do serviço funerário de Curitiba, entre 2001 e 2002. Fui preso três vezes no estrito cumprimento do meu dever porque havia interesse de empresas que não podiam atuar em Curitiba. Fui corajoso e os enfrentei e, por tal, estou com essa medalha no peito, com muito orgulho. Houve uma armação e a empresa que fez a veiculação da matéria a nível nacional não apresentou as fitas sem edição. O processo está hoje em fase final e acredito na minha inocência porque todas as fitas foram editadas.

Por que o senhor deve ser o próximo governador do Paraná?Quero ser o governador para dar o exemplo para qualquer cidadão do estado que deve e que pode enfrentar os poderosos. Não é possível simplesmente que as mesmas empresas que financiam os mesmos grupos, os mesmos partidos, se perpetuem no poder. Posso fazer melhor e quero dar esse meu último terço de vida para contribuir com a melhoria da qualidade de vida, com essa sensibilidade de alguém que é como qualquer outro que está na rua. E quero que o eleitor, quando estiver olhando a urna e ver a minha foto, ele não me veja, mas ele se veja como se ele fosse o candidato, porque qualquer um pode e deve, sim. Podemos melhorar o estado do Paraná com alguém que tem sensibilidade, como eu tenho.