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Requião em cavalgada:  até R$ 5 milhões podem ter sido gastos para tratar os cavalos | Divulgação
Requião em cavalgada:  até R$ 5 milhões podem ter sido gastos para tratar os cavalos| Foto: Divulgação

Inquérito Policial Militar (IPM) encerrado no dia 4 de setembro concluiu que cavalos particulares do ex-governador Roberto Requião (PMDB) - candidato ao Palácio Iguaçu - foram mantidos em unidades da Polícia Militar (PM), tratados com recursos públicos e cuidados por policiais militares no período em que ele comandou o estado, entre 2003 e 2010. O documento sigiloso, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, é assinado pelo comandante geral da PM, coronel Cesar Vinicius Kogut.

Com base em documentos e depoimentos de testemunhas, o IPM afirma ser difícil "determinar a quantia exata de cavalos [de Requião], bem como o período e o local onde ficaram", já que parte da documentação referente à permanência dos animais não foi localizada. Porém, de acordo com a investigação, "a alimentação e medicação dos animais, ainda que de particulares, eram providas em sua maioria, pelos insumos destinados aos equinos da PMPR".

O inquérito esclarece que, em algumas oportunidades "teria sido fornecido por particulares um aporte de alimentação e medicamentos destinados aos equinos particulares.

Portanto, conclui-se que estes animais utilizavam tanto de insumos provenientes da Administração Pública quanto de outras fontes". Policiais ouvidos em reportagem anterior da Gazeta do Povo afirmaram que, em oito anos, 88 cavalos pertencentes ao então governador passaram pelas unidades da PM. Cálculos não oficiais indicam que até R$ 5 milhões podem ter sido gastos com os animais.

Os cavalos eram abrigados no Regimento de Polícia Montada; no Parque da Ciência, em Pinhais (ao lado da Granja do Canguiri, residência oficial de Requião); no Haras Palmital, também em Pinhais; e no Haras Barigui, em Almirante Tamandaré. De acordo com o inquérito, a partir de julho de 2008, pelo menos seis policiais passaram a fazer guarda no Parque Canguiri em escalas de 24 horas de trabalho por 48 horas de folga. O documento diz que "os policiais lá empregados ocupavam-se de realizar patrulhamento nas proximidades da residência Oficial e trabalhar na manutenção dos equinos".

O IPM confirma que parte dos animais era usada em atividades militares, como justificou Requião. De acordo com uma testemunha, "aproximadamente 40 equinos" do então governador eram utilizados em patrulhamento, desfiles e outras atividades. "Os outros equinos eram utilizados exclusivamente por seu proprietário", diz a testemunha.

O inquérito também confirmou que, em 2005, Requião doou nove cavalos à corporação e intermediou a doação de outros 21, em 2007, pela empresa Enterprise Empreendimentos Imobiliários. Os demais animais teriam sido restituídos em 2010, quando Requião deixou o governo para concorrer ao Senado. "A doação não se efetivou, pois alguns dos equinos (...) não constam da relação de cavalos pertencentes à [PM]", conclui o IPM.

O advogado de Requião, Luiz Fernando Delazari, critica o que chama de "uso político" do tema. Segundo ele, o primeiro militar a encabeçar o inquérito teria concluído pelo arquivamento, mas teria sido substituído "por uma manobra duvidosa" do comando da PM. O documento confirma a substituição no comando da investigação, mas devido à "necessidade de novas diligências e da sobrecarga de trabalho". Os telefones da polícia militar permaneceram ocupados durante toda a tarde de ontem.

O IPM isenta de culpa os policiais militares, que não teriam obtido "qualquer tipo de benefício com a condição irregular de alguns cavalos". O resultado da investigação foi encaminhado à Vara da Auditoria da Justiça Militar.

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