No Rio Grande do Sul, onde o candidato à reeleição Tarso Genro (PT) polarizou a disputa com Ana Amélia Lemos (PP) durante toda a campanha, a surpresa foi o "azarão" José Ivo Sartori (PMDB, foto). Em uma arrancada nos últimos dias antes do primeiro turno, o ex-prefeito de Caxias do Sul deixou para trás não só Ana Amélia, como também o atual governador. Sartori venceu a disputa com 40,4% dos votos contra 32,57% do petista. A senadora Ana Amélia, que chegou a liderar com certa folga as pesquisas a poucos dias da eleição, terminou fora do segundo turno, com 21,79%.
Para a cientista política Ângela Quintanilha Gomes, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), houve "excesso de confiabilidade nos resultados das pesquisas" por parte da candidata do PP. Ana Amélia demorou a responder uma denúncia bastante explorada pelos adversários: a de que foi funcionária "fantasma" do Senado nos anos 1980. A candidata foi servidora comissionada no gabinete do marido senador, enquanto também trabalhava como jornalista em Brasília. Ana Amélia alegou que as atividades não eram incompatíveis, mas a resposta foi "tardia e inconsistente", avalia Ângela.
A campanha petista também explorou o fato de que a adversária não declarou à Justiça Eleitoral uma fazenda em Goiás. A resposta veio apenas no último dia da propaganda eleitoral. Segundo Ana Amélia, o imóvel estava em processo de inventário, recentemente concluído. Mas o estrago já estava feito.
"Longe do embate mais forte, [Sartori] acabou ganhando a simpatia do eleitor", explica Ângela Quintanilha. O candidato, que declarou apoio a Aécio Neves, chega bem posicionado para o segundo turno. "Mas não dá para dizer que ele venceu [o primeiro turno] apenas por méritos próprios", conclui a cientista política.
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