Com discurso favorável a uma maior distribuição de renda, direitos das minorias e taxação das grandes fortunas, a presidenciável do PSOL, Luciana Genro, chegou ao quarto lugar nas eleições de domingo (5) com votos alavancados pelas regiões mais ricas do país.
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Em autoavaliação, ela diz que o partido precisa "se enraizar" nos "setores mais empobrecidos da população".
Nas regiões Sul e Sudeste, a candidata obteve porcentagem de votos acima da média de 1,5% da votação nacional. De um total de cerca de 1,6 milhão, 554 mil vieram do Estado de São Paulo. No Norte e Nordeste, ela não chegou a 0,9%.
Na capital paulista, onde Luciana levou 3,3% dos votos, sua maior proporção de eleitores estavam nas zonas eleitorais de Pinheiros e Perdizes, bairros de classe média alta. Nesses locais, ela obteve quase 5%.
"Falta o PSOL conseguir chegar de forma mais intensa em todos os eleitores", disse Luciana à Folha nesta segunda (6)."Não é casual que a gente tenha uma votação maior nos grandes centros urbanos e na população com maior renda, mas é porque essa população tem um acesso mais facilitado à informação, principalmente através da internet."
Ela voltou a criticar o tempo de televisão no horário e a falta de uma cobertura jornalística igualitária pela falta de disseminação de sua candidatura e afirmou que priorizou fazer campanha em setores em que tem "maior penetração e enraizamento partidário".
"O processo de enraizamento nos setores mais empobrecidos da população é mais complexo, porque a gente disputa nesse segmento com o poder econômico de forma muito contundente", disse, acrescentando que concorreu com "candidatos que compram lideranças das comunidades para fazer campanha para eles" e "programas como o Bolsa Família que, infelizmente, são utilizados como moeda de troca eleitoral".
A ex-presidenciável comparou sua legenda aos primeiros anos do PT. "Quando era oposição, o PT também tinha apoios significativos dos setores médios, mais do que os setores pobres, que apoiavam o [ex-presidente tucano] Fernando Henrique", afirmou.
Retrospectiva
Para a ex-deputada federal e filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), a campanha do PSOL atraiu um público jovem e dos grandes centros urbanos a partir de "um programa de mudanças estruturais" e "defesa dos direitos civis, como a pauta da luta contra a homofobia".
Parte dos temas também foram defendidos pelo candidato do PV, Eduardo Jorge, que ficou com 0,6%. Luciana diz que a diferença se deu porque "não se pode ser consequente em defesa de pautas progressistas se aliando a setores conservadores", em referência à participação do ex-adversário nas administrações de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura de São Paulo.
Até esta quarta (8), o PSOL deve anunciar se apoia a candidatura de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno ou se mantém neutralidade.
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