Depois de o PT registrar um de seus piores resultados nas urnas em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve comandar na quinta-feira (9) uma reunião com dirigentes do partido no Estado para cobrar empenho na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
O encontro deve reunir dirigentes do PT de todos as cidades do Estado, deputados federais e estaduais, vereadores e ministros puxadores de votos.
O comando da campanha de Dilma avalia que é muito difícil reverter o cenário favorável ao presidenciável Aécio Neves (PSDB) e agora discute a montagem de uma operação de "redução de danos" para evitar um crescimento ainda maior do tucano no Estado.
A expectativa é de que Lula distribua nova bronca aos correligionários, tentando reanimar a militância. O ex-presidente tem cobrado que o PT volte às ruas de São Paulo e faça uma oposição mais atuante ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
As eleições deste ano mostraram que são cada vez maiores as dificuldades do PT em São Paulo, Estado governado pelo PSDB nos últimos 20 anos. Os números indicam que o principal problema para o PT tem sido manter seu voto tradicional, presente na região metropolitana do Estado, cidades do chamado cinturão vermelho.
Em São Paulo, Aécio teve mais votos do que Dilma em 565 das 645 cidades (88%). Em 2010, o então candidato do PSDB, José Serra, que é de São Paulo, venceu a petista em 411 cidades.
Neste ano, Dilma saiu derrotada em redutos de líderes da sigla no Estado. Locais que receberam a presença do candidato derrotado do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha, e também do ex-presidente Lula em atos de campanha.
Origem de Lula e do prefeito Luiz Marinho, coordenador de Dilma em São Paulo, São Bernardo do Campo deu mais votos para Aécio. Em 2010, Dilma havia vencido Serra (PSDB) na cidade.
A petista também perdeu em Araraquara, berço do tesoureiro da sua campanha, Edinho Silva (PT), e em Osasco, do presidente do PT paulista, Emídio de Souza.
O diagnóstico petista aponta entre os motivos do desgaste no Estado a saída de políticos tradicionais da disputa por conta das prisões do mensalão, além uma política econômica que gerou inflação alta e baixo crescimento.
No primeiro turno, as forças do PT se concentraram em áreas de atuação mais fortes do MST e em regiões mais pobres e com maior proporção de beneficiários do Bolsa Família.
A sigla perdeu não apenas a disputa ao governo estadual, mas também uma cadeira no Senado Federal, além de oito vagas de deputados estaduais e seis de deputados federais.
O comando nacional do PT avalia que a estratégia de desconstruir a ex-senadora Marina Silva (PSB), terceira colocada na sucessão presidencial, produziu efeito não calculado e ajudou a inflar votos do PSDB em São Paulo até em redutos tradicionais petistas.
A expectativa do PT era que os votos de Marina no Estado, maior colégio eleitoral do país, migrassem para a reeleição de Dilma, tendo em vista sua ligação histórica com a legenda.
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