Aécio liga Marina ao governo e apela ao eleitorado 'anti-PT'

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O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, abandonou a postura conciliadora dos últimos dias e fez duras críticas nesta sexta-feira à sua adversária Marina Silva (PSB), que superou o senador tucano nas últimas pesquisas de intenção de voto. Aécio adotou a estratégia de associar Marina ao governo e pediu apoio dos eleitores "que querem simplesmente derrotar o PT".

"O eleitorado tem é que avaliar o passado de cada um. A história da Marina foi construída durante 24 anos na militância dentro do PT. Acho que no final das contas teremos o PT 1, que fracassou com a Dilma, e o PT 2, que tenta se manter no poder com a Marina. É preciso que ela diga como vai governar porque existe o segmento do eleitorado que quer simplesmente derrotar o governo do PT que está aí", disse.

O candidato também disse que está "absolutamente determinado a ir até o último dia" para defender as propostas de "um Brasil diferente desse que está aí". O tucano se classificou como a única candidatura de oposição entre os principais presidenciáveis. O senador cumpriu roteiro pela região metropolitana de Porto Alegre, onde visitou a Expointer, uma das maiores feiras de agropecuária do país, e uma cidade administrada pelo PSDB.

No ataque a Marina, Aécio advertiu também que é preciso lembrar as convicções políticas dela no passado, em contraponto ao que defende atualmente. Segundo o candidato, as convicções de Marina "mudam ao sabor das conveniências".

"A Marina se pronunciou sobre as pesquisas e disse que os demais candidatos estão desesperados. Mas como posso me sentir desesperado com tanto apoio?", provocou o senador, apontando para as mais de 800 pessoas que o acompanhavam em pleno horário de almoço em São Leopoldo, a 40 quilômetros de Porto Alegre, e completou: "Qual é a Marina que é candidata hoje? É a Marina que lá atrás votava contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e contra o plano real ou é a Marina de hoje, que apoia esses pilares da macroeconomia do PSDB? E a Marina que impedia, através de projetos de sua autoria, a plantação de produtos transgênicos no país ou é a Marina que agora abre o sorriso para o agronegócio?"

Aécio chegou a São Leopoldo com mais de uma hora de atraso, de helicóptero, acompanhado da candidata ao governo do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos (PP). A comitiva se deslocou de van até a esquina das ruas Brasil e Independência, as principais da cidade, pouco antes de meio-dia. A via foi trancada para que ele percorresse a pé um trajeto de aproximadamente três quadras.

Na Expointer, mais tarde, o tucano voltou a acusar o governo de aparelhar o Estado e prometeu guerra ao "Custo-Brasil" já no primeiro dia de gestão, se for eleito, com a simplificação do sistema tributário, e também a valorização da meritocracia. Além disso, ele se comprometeu a alterar a política externa do país, especialmente no campo dos acordos econômicos multilaterais, classificada por ele como "anacrônica" e "atrasada".

Aécio também disse ter confiança que nos últimos 30 dias de campanha. Para ele, "as histórias" dos candidatos ficarão mais claras ao eleitor.

O tucano também aproveitou para ironizar os resultados do Ideb, divulgados pelo Ministério da Educação hoje, dizendo que o governo "reconheceu" que a sua gestão em Minas Gerais produziu o melhor ensino público do país nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

"Minas não é o estado mais rico, está longe de ser o mais homogêneo, então (o resultado) é um exemplo claro de que gestão pública eficiente, com foco, com gente qualificada, pode trazer resultados para a vida das pessoas. Nada melhor que começar melhorando a qualidade da educação", disse.