Irritado com o recuo no programa de governo voltado à população LGBT da candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, o secretário nacional do segmento do partido, Luciano Freitas, deixou a coordenação da campanha. A saída do dirigente é a terceira baixa da campanha desde que Marina assumiu a cabeça de chapa, há duas semanas.
As primeiras defecções foram do secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, e do integrante da Executiva, Milton Coelho.
Freitas foi surpreendido por uma nota retificando o que havia sido prometido no programa oficial em defesa dos direitos de homossexuais. Menos de 24 horas após a divulgação do programa, a campanha alegou "falha processual na editoração do texto" e tirou do documento os pontos mais polêmicos. Insatisfeito com a divulgação da errata sem consulta prévia, Freitas avisou que se dedicará à campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco.
No sábado, 30, o segmento se reuniu com a coordenação da campanha para discutir o evento que a candidata teria com a comunidade LGBT. Participantes da reunião revelaram à reportagem que, após as manifestações do pastor Silas Malafaia e a repercussão da comunidade evangélica nas redes sociais, a candidata se viu pressionada a voltar atrás. "Criou-se um furdunço nas redes sociais e nós tememos por isso", disse um dos participantes.
Freitas questionou a mudança no programa por pressão de setores conservadores. Ele já havia feito ressalvas a Marina na reunião da Executiva que selou sua candidatura. Na ocasião, o dirigente disse temer que a ex-ministra não seguisse o programa aprovado por Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto morto no dia 13 de agosto.
As propostas apresentadas na sexta-feira, 29, seguiam integralmente as reivindicações que o PSB havia articulado com os partidos da coligação e encaminhado a Maurício Rands e Neca Setubal, coordenadores do programa de governo. "O programa estava como o PSB pensa (sobre as demandas LGBT), mas a candidata tem o direito de não assumir determinados compromissos", disse um dirigente da cúpula do PSB. "Se o Eduardo tivesse se encontrado numa situação como esta, ele faria o diálogo, não uma errata logo de cara", criticou um dirigente do partido.
Otávio Oliveira, que a partir de 2015 será o novo secretário nacional LGBT da legenda, substituirá Freitas. Fontes disseram que Oliveira também fez críticas ao recuo de Marina mas, assim como Freitas, considerava o programa o mais avançado.
Recuos. Um dos pontos que foram cortados do programa de Marina é o apoio ao projeto de lei 122, que equipara o crime de homofobia ao racismo, com a aplicação das mesmas penas previstas em lei. Outro recuo se refere à união entre pessoas do mesmo sexo, onde inicialmente se referia ao direito ao casamento civil.
Malafaia, que liderou uma onda de críticas ao programa de Marina na internet, disse que a defesa do casamento gay é um termo "muito forte para uma sociedade cristã". O pastor disse que não foi o responsável pelo recuo de Marina e sim "a maioria cristã" da sociedade. "Eles (da campanha de Marina) sentiram que a dose era muito forte. E tinham de ficar apavorados mesmo (com a repercussão negativa)", comentou.
Para o líder evangélico, Marina fez bem ao recuar. Malafaia - que na sexta-feira ameaçou fazer críticas mais duras se ela não se reposicionasse e cobrou dela a escolha entre sua fé cristã e sua ideologia política - afirmou que a campanha do PSB errou em se influenciar pelo discurso de esquerda e da comunidade gay. Em sua avaliação, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foram mais comedidos em suas propostas para a comunidade LGBT. "Eles não são malucos. Se botar a cara para fora, o sarrafo vai comer", avisou Malafaia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Projeto que eleva conta de luz em 7,5% avança no Senado e vai para o plenário
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião