Em tom de campanha e de crítica à candidata Marina Silva, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou às origens e se juntou, em um ato em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio, a petroleiros e outros sindicalistas para defender o pré-sal contra o que consideram ataques da oposição.
Apesar de dizer que não desejava criticar a ex-colega de partido, Lula atacou o programa de governo da candidata do PSB e afirmou que, se fosse ela, "proibia seus economistas de falar, porque cada um fala mais bobagem que o outro".
Disse ainda que Marina pretende terceirizar o papel de presidente. "Se tem uma coisa que você não pode terceirizar é o cargo de presidente da República. Este é um cargo que você não pode terceirizar. Ou você assume ou não assume. Esse negócio de pedir para cada um falar um pedacinho das coisas que estão acontecendo neste país não dá certo. Afinal, este país não é uma colcha de retalhos que pode ser subdividido. Eu, se fosse a candidata que faz oposição a Dilma, proibiria seus economistas de falar, porque cada um fala mais bobagem que o outro. E o que pode acontecer é que o programa de governo possa ser feito a 500 mãos, menos as dela [de Marina]."
Lula, em seus breve discurso, minimizou as denúncias de corrupção na empresa e criticou a CPI que investiga a estatal. De acordo com o ex-presidente, a instalação dessas comissões visa "achacar empresários". "No pré-sal, já houve três pedidos de CPI só na Petrobras. Eu tenho a impressão que essas pessoas [parlamentares] pedem CPI para, depois, os empresários correrem atrás delas e achacarem esses empresários para ganhar dinheiro. Os milhares de trabalhadores dessa empresa não podem ser confundidos com alguém que porventura possa ter cometido um erro qualquer. Se alguém praticou erro, se alguém roubou, esse alguém tem mais é que ser investigado, ser julgado. Se for culpado, tem que ir para a cadeia, e o povo da Petrobras tem que ter orgulho de vestir essa camisa."
Cerca de 1.000 pessoas acompanhavam a fala de Lula, segundo a PM. O ato começou com 300 pessoas na Cinelândia e foi ganhando adesão ao longo do percurso. Os organizadores estimaram em 6.000 o público.
José Eduardo Dutra
Para bater em Marina, Lula escalou o atual diretor corporativo da Petrobras, José Eduardo Dutra, que foi colega de Senado da opositora. "Não é novidade esse tipo de ataque, de desqualificação da companhia", disse o petista. "Fui colega por oito anos da senadora Marina Silva e nunca vou atacá-la pessoalmente, mas em 242 páginas do programa de governo da candidata, o petróleo é tratado como um mal necessário, e não é citado nem uma vez o pré-sal", afirmou Dutra, , que presidiu a Petrobras e a BR Distribuidora no governo Lula.
Barrados
Na chegada à sede da Petrobras, muitos políticos foram impedidos de acompanhar Lula no pequeno palco. Só falaram sindicalistas, Dutra e Lula. Tiveram de deixar o palanque Lindbergh Farias, candidato ao governo do Rio pelo PT, além dos candidatos a deputado federal Benedita da Silva (PT), Jorge Bittar (PT) e Jandira Feghali (PC do B).
Durante o ato, que teve início às 10h, na Cinelândia, e percorreu alguns metros até a sede da Petrobras, no centro do Rio, eram vistas bandeiras de vários partidos, como PDT, PC do B. PRB e especialmente do PT.
Lula só chamou mais a atenção de populares durante a caminhada até a sede da Petrobras. Já seu discurso foi acompanhado principalmente por sindicalistas e militantes. O objetivo do ato, segundo seus líderes, era defender o pré-sal. O evento terminou por volta das 14h com um abraço simbólico ao edifício sede da Petrobras. Segundo sindicalistas, as despesas com o evento foram partilhadas entre os sindicatos e centrais sindicais. A CUT era a entidade de maior presença no ato.
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