Marina Silva foi confirmada candidata a presidente pelo PSB em 20 de agosto. Impulsionada pela comoção pública após a morte de Eduardo Campos, ela ganhou espaço na disputa. Empunhando a bandeira do que chamou de "nova política", chegou a empatar tecnicamente com Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenção de voto. Mas o avanço de Marina não se sustentou. Não resistiu aos ataques dos adversários e perdeu espaço para Aécio Neves (PSDB). A queda vertiginosa se consolidou nas urnas, com um mero terceiro lugar e 21% dos votos válidos.
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Para cientistas políticos, a candidatura de Marina não chegou a ter uma "cara própria". Por conta disso e sem uma estrutura partidária suficientemente forte para assimilar os golpes foi facilmente "desconstruída" pelos seus adversários diretos. Daí veio o tombo.
"No primeiro momento, ela se beneficiou do impacto da morte de Campos, mas isso logo foi digerido pelo eleitorado. As críticas a desconstruíram de forma que ela não resistiu", aponta o cientista político e professor da Uninter Hélio Rubens Godoy.
Recuos e anti-petismo
Os recuos e o posicionamento dúbio de Marina em torno de temas polêmicos como aborto e união homoafetiva e mudanças no próprio programa de governo também pesaram nas urnas. Essa postura, avaliam os especialistas, pode ter suscitado dúvidas no eleitorado.
"O eleitor demanda posições firmes e ela pecou ao parecer muito apática e incapaz de se posicionar frente a algumas questões pontuais. O eleitor se perguntava se estaria votando na Marina do PSB, na Marina do PV, na Marina do PT, na Marina evangélica...", pontua o cientista político e diretor do Instituto Liberal, Fábio Ostermann.
Diante disso, Marina perdeu espaço entre os eleitores "anti-petistas". Isso explica a derrocada da pessebista e a virada de Aécio. "O eleitor que migrou de Marina para Aécio é essencialmente um eleitor de oposição ao PT. Ela deixou de ser a candidata mais viável de oposição para a maioria do eleitorado", diz Hélio Godoy.
Enfraquecida, Marina deve desistir de presidência
A derrota nesta segunda eleição presidencial da qual participou deixa marcas profundas na carreira política de Marina Silva (PSB), avaliam cientistas políticos. Apesar das alianças, ela foi incapaz de avançar em relação a 2010, quando também terminou em terceiro lugar.
"Ela sai tão enfraquecida que é pouco provável que volte a buscar a eleição presidencial. É a segunda vez que bate na trave, com a quantidade parecida de votos. Ou seja, não conseguiu avançar", observa o cientista político Fábio Ostermann.
Na avaliação dos especialistas, Marina tem que passar por um processo de reformulação, voltando a explorar seu histórico de vida e abandonando o frágil discurso da "nova política". "Terá que ser outra Marina. Uma Marina mais aguerrida e com mais articulações partidárias. Ela fechou portas para si mesma e precisa rever isso", aponta o cientista político Hélio Godoy.
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