Fora do segundo turno e apesar de não citar nomes, Marina Silva sinalizou na noite deste domingo (5) que pode apoiar um dos candidatos à Presidência, diferentemente da posição que tomou em 2010, quando se declarou neutra.
Em um espaço de eventos em São Paulo, ela afirmou que o programa de governo que lançou é a base de qualquer diálogo e indicou na direção de Aécio Neves (PSDB), da oposição, ao afirmar que "o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que aí está" e que reivindica uma "mudança qualificada".
Veja o resultado da apuração dos votos para presidente em todo Brasil
Veja o resultado da apuração dos votos para presidente no Paraná
"É com esse senso de responsabilidade que participarei como liderança. (...) Nós vamos fazer a discussão, mas obviamente que estatisticamente a população mostra isso [sentimento de mudança], não dá para tergiversar com o sentimento do eleitor", afirmou, respondendo ao questionamento se descartava o apoio a Dilma.
Antes do ato, Marina se reuniu com familiares e assessores num hotel de São Paulo para acompanhar a apuração.
Aliados de Marina começaram a prospectar sua posição no segundo turno já na tarde do domingo. Alguns afirmam que a ex-senadora deve seguir a posição de 2010, quando não apoiou nenhum dos dois finalistas.
No entanto, há no partido quem defenda que ela declare voto. Nesse caso, as maiores apostas são para a aliança com o tucano Aécio Neves.
Apesar de terem detectado a curva de crescimento do tucano, o resultado final deixou muitos marineiros perplexos com o desempenho da candidata, que lembra o do presidenciável Ciro Gomes (PPS) em 2002 ou o do candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomanno (PRB) em 2012 - chegaram a alcançar o topo das pesquisas mas desidrataram no final, ficando fora do segundo turno.
Em números e percentual, a pessebista teve um resultado muito próximo ao de 2010, quando foi candidata ao Planalto pelo PV.
Em queda livre
A Marina que chegou ao primeiro turno das eleições neste domingo (5) não era a mesma que entrou na disputa em 20 de agosto, quando foi oficializada candidata.
A comoção pela morte de Eduardo Campos, sete dias antes, deu lugar à euforia de favorita, quando a primeira pesquisa após a tragédia que matou o ex-governador de Pernambuco indicou que a ex-senadora era a única capaz de vencer Dilma.
Na véspera do primeiro debate, da Band, entre papéis com simulações de perguntas e respostas números sobre o país, ela exaltou Campos. "Ele ia se sair muito bem. Sabia tudo. Era muito melhor do que eu nisso", afirmou emocionada a quatro assessores que a acompanhavam após a preparação.
Após seu bom desempenho no debate - e nas pesquisas -, Marina virou alvo do PT de Dilma e do PSDB de Aécio.
Mais de um mês de ataques, fragilidades da candidata e da candidatura expostas, e ela despencou 12 pontos em um mês no Datafolha.
Tentou recuperar fôlego com viagens ao Nordeste e ao Sul, mas os números não respondiam. Ficou cansada, perdeu peso e a voz.
Na última semana antes do primeiro turno, com as pesquisas mostrando o crescimento de Aécio, a candidata otimista, de ar solene, quase messiânico, deu lugar a uma Marina cabisbaixa, arredia e desanimada.
Aliados dizem que Marina assumiu uma campanha que não fora preparada para ela, mas confiaram que a sua biografia e a mobilização do PSB, somadas ao discurso de nova política, seriam suficientes para mantê-la no auge da onda formada pela comoção com a tragédia da morte de Campos. Não foram.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada