O PT partiu muito atrás dos concorrentes na busca por dinheiro nesta eleição. Até a semana passada, o partido da presidente Dilma Rousseff estava só no quarto lugar em arrecadação de campanha, atrás do PMDB do vice Michel Temer, do PSDB de Aécio Neves e do PSB de Marina Silva.
Estudo feito por Estadão Dados e Transparência Brasil com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, dos R$ 475 milhões que foram contabilizados pelas campanhas até sexta-feira passada, dia 29, o maior beneficiário é, de longe, o PMDB: ficou com R$ 109 milhões, ou 23% das doações feitas até o começo de agosto. O partido, dono da segunda maior bancada na Câmara dos Deputados e que participou de todos os governos federais desde o início da década de 1990, é o único dos quatro líderes em arrecadação que não lançou candidato próprio ao Planalto.
A quantia recebida pelo PMDB é quase três vezes maior do que a arrecadada pelo PT. Em dinheiro, a diferença entre os dois partidos é de R$ 74 milhões em favor dos peemedebistas. Vários dos principais doadores até agora preferiram investir no partido do vice em vez de no da presidente. Um exemplo é a atual líder nas doações, a gigante alimentícia JBS. Foram R$ 13,6 milhões para o PMDB até o momento, ante apenas R$ 5 mi para todos os candidatos e comitês petistas.
Estão computadas no estudo todas as doações, para todos os cargos, em todas as unidades da Federação, referentes à primeira parcial da prestação de contas divulgada no site do TSE. Segundo a legislação, essa parcial deveria informar apenas o que entrou no caixa até o dia 2 de agosto - ou seja, antes ainda da morte de Eduardo Campos (PSB) e da entrada de Marina Silva na disputa, quando Dilma liderava as pesquisas com folga.
Na prática, porém, há doações mais recentes incluídas nos dados, já que é permitido aos partidos e candidatos fazerem retificações ao informado anteriormente. O prazo para a prestação de contas final é 25 de novembro.
Concentração
Apesar de estar no poder federal e liderar até então as pesquisas ao Planalto, o PT arrecadou até agora menos da metade do que o PSDB, que ficou com 17% do total. Foram R$ 45 milhões a menos. Com apenas 7% do total arrecadado, os petistas ficaram atrás até do PSB, que conseguiu 8%. Somados, os quatro partidos contabilizaram mais da metade de todo o valor doado na primeira prestação de contas.
Há outra diferença fundamental entre as doações para PT e PMDB, além do valor. Três de cada 4 reais arrecadados pelos petistas foram diretamente dos doadores para os candidatos, fruto do esforço individual de cada um. Apenas 25% foram para comitês partidários e para a direção do partido, antes de serem redistribuídos. No PMDB, as doações são muito mais centralizadas na proporção oposta às para o PT: 3 de cada 4 reais passaram pelos cofres dos diretórios e comitês do partido antes de chegarem às mãos dos candidatos.
Bancada
O eventual desejo dos doadores de mudar a distribuição de poder transparece quando se compara o valor arrecadado pelo PT com seu peso na Câmara. O tamanho da bancada federal de cada partido é o critério usado para dividir o tempo de propaganda eleitoral na TV e para dividir o dinheiro do Fundo Partidário. O PT tem o maior número de deputados federais, mas acabou entre as quatro siglas que menos arrecadaram até agora em proporção às suas bancadas na Câmara: apenas R$ 390 mil por parlamentar. Ficou no nível do PRB.
O PMDB e PSDB, segundo e quarto partidos com a maior bancada, estão entre os cinco líderes na razão entre a arrecadação e o número de deputados. Os tucanos receberam R$ 1,8 milhão para cada representante na Câmara, quase cinco vezes mais que os petistas. O primeiro lugar é do PEN, partido com apenas um deputado federal, mas com arrecadação de R$ 2,4 milhões na campanha até o momento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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