Futuro
Richa cogita tirar licença do cargo para fazer campanha por Aécio
O governador Beto Richa disse que agora pretende se dedicar à campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB). "Ainda não pensei a respeito, mas talvez mais para frente eu me licencie para intensificar a campanha do Aécio aqui no estado", afirmou. O governador reeleito disse que se considera um "soldado" do partido e que ainda não tem planos para cargos futuros. "Nunca fui de me projetar para o futuro. Procuro desempenhar bem minhas funções para o cargo para o qual foi eleito. Aquele que se diz candidato de si geralmente está fadado ao insucesso. Sou um soldado do meu partido e cumpri com meu papel aqui no Paraná." Para o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Richa ganha projeção nacional com a vitória em 1º turno, mas sofre a "concorrência" de outras figuras dentro do PSDB. "Ele continua tendo a sombra de Geraldo Alckmin e José Serra". Além disso, analisa, é preciso "buscar" a liderança. "Para se projetar nacionalmente, é preciso trabalhar para isso, tal qual Eduardo Campos fez."
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), assegurou ontem a reeleição no primeiro turno, mesmo concorrendo com dois senadores dos maiores partidos do país Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). O tucano foi escolhido por 3.301.322 paranaenses, o equivalente a 55,67% dos votos válidos. Ao comentar a vitória e falar sobre os planos para o próximo mandato, ele declarou que "o melhor está por vir".
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Richa conquistou 8,6% mais votos do que na eleição de 2010, quando havia obtido 3.039.774, o que também lhe garantiu vitória no primeiro turno. Os problemas financeiros enfrentados no primeiro mandato como a falta de pagamento a fornecedores e de gasolina para abastecer veículos da PM não devem se repetir, segundo o governador. "Posso assegurar que o melhor está por vir. Dediquei parte do meu tempo a pagar dívidas. Agora, as contas estão praticamente saneadas", afirmou, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, onde atendeu à imprensa e comemorou a vitória.
Ainda não há, porém, indicação clara do caminho a ser seguido. "Vamos continuar assim: com muita austeridade e absoluto rigor na aplicação dos recursos públicos", disse num primeiro momento. Depois, questionado se o estado passará por algum ajuste fiscal, declarou que "a prioridade é investir no social". "Nenhuma administração se justifica se não praticar ações para melhorar a vida das pessoas, em especial daquelas que mais precisam do poder público."
Retomando o tom da campanha, o tucano voltou a reclamar do que considera "discriminação" do governo federal na liberação de recursos para o Paraná. "Vamos intensificar as ações de políticas públicas e investimentos, já que tivemos dificuldades para sanear as contas e por perdemos muito tempo para liberar um empréstimo [da União], que só veio depois de determinação do Supremo Tribunal Federal", afirmou. Entretanto, disse que espera contar com a colaboração de Requião e Gleisi no Senado. "Quero cumprimentá-los pela campanha e espero contar com eles para ajudar o Paraná, afinal são senadores com mandato delegado pelo povo."
Legitimidade
Apesar de a vitória em primeiro turno dar legitimidade à administração tucana, analistas ponderam que são necessárias mudanças na gestão do estado. "Há uma tendência nacional, que se confirmou no Paraná, de eleições mantenedoras dos governantes. Isso mostrou que o eleitor não está tão insatisfeito quanto parece pela cobertura dos meios de comunicação", observa o cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR. Uma questão prática que vai modificar o governo, diz ele, é a acomodação de mais partidos e forças políticas na equipe. Richa foi reeleito com apoio de 17 partidos; em 2010, eram 14.
Cervi avalia que a vitória de Richa também é consequência do desempenho negativo dos candidatos de oposição. Mesma opinião tem Antonio Gonçalves de Oliveira, professor do Mestrado em Planejamento e Governança Pública da UTFPR. "Cabe ao governador empenhar-se para promover um mandato muito melhor do que foi o primeiro, corrigindo falhas cometidas as quais, pela falta de opção política, não chegaram a influenciar no resultado da atual eleição."
Oliveira acrescenta ainda que a nova composição da Assembleia Legislativa, que tende a dar um apoio maciço a Richa, gera um "excesso" de governabilidade que pode ser ruim para o Paraná. "Para o governador, o lado bom é fazer tudo do jeito que projeta, mas também não há desculpa para não encaminhar os projetos. Para o povo é ruim, há falta dos pesos e contrapesos essenciais ao Estado Republicano. É quase que uma administração imperial." Cervi, por sua vez, lembra que a tendência no Brasil é que o segundo mandato tenha avaliação pior que a do primeiro.
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