O senhor foi o único entre os candidatos nanicos que pontuou (1%) na última pesquisa Datafolha. Foi reflexo das ações de campanha?É reflexo da campanha e também da minha história de vida. Nossa campanha é de parcos recursos financeiros. É uma campanha de adesão, não tenho contratados. Quem trabalha comigo é porque acreditam na nossa ideia. É o conjunto dos programas eleitorais, das entrevistas e do trabalho do dia a dia.
Ainda é possível ter uma virada nestas eleições?Nosso crescimento nos agrada, mas estamos distantes da realidade do segundo turno. Eu só posso trabalhar com perspectivas reais. Espero que o povo conheça as nossas propostas e entenda que, se quer mudança, nós representamos a mudança. Se quiser que as coisas fiquem como estão, então tem as três opções maiores, que são muito similares entre si.
O senhor diz que quer eliminar secretarias e o número de cargos comissionados. Como fazer isso?Fazendo a caneta funcionar. Eu teria apenas quatro secretarias em meu governo. Eu eliminaria, na prática, 25 secretarias (de 29). E só teria as secretarias de gestão pública, de qualidade de vida, desenvolvimento sustentável e segurança pública. Englobaria as secretarias com o mesmo objetivo, que é de prestar serviços para o povo. Eu acredito no estado que vislumbra o governador como funcionário público, que tem que prestar contas do que faz, que tem horário e recebe dinheiro do povo, e que não é diferente dos outros funcionários. Eu vou fazer isso desinchando o estado, diminuindo o estado, fazendo concurso público, eliminando sempre que possível os cargos de confiança, principalmente os cargos de confiança que paguem mais que os cargos de carreira. O funcionário público não tem perspectiva de crescimento por causa do hábito do paraquedismo, que é o sujeito que cai de paraquedas da esfera política na esfera pública e exerce cargo de comando. O cargo de comando tem que ser exercido por funcionários de carreira. O governador é passageiro, mas o funcionário público não. Ele dedica a sua vida ao funcionalismo. O governante é eleito em um dia e no dia seguinte já começa a trabalhar pela reeleição. Sou contra a reeleição e contra a vida pública ser um trampolim de poder. Vida pública tem que ser missão. E no Brasil, infelizmente, vida pública serve para servir para os objetivos pessoais do poder.
O senhor tem filhos com cargos no governo estadual. Maria Eduarda de Leão Buchi Giglio na Comunicação Social e Arthur Felipe de Leão Buchi na Secretaria do Desenvolvimento Urbano. Eles também serão cortados nessa leva?Minha filha não é mais comissionada do serviço público há muito tempo. Já foi comissionada, isto é um fato, mas não é mais. O meu filho não ocupa cargo em comissão, ele é contratado oficialmente pelo governo. Foi nomeado por Requião em 2002, está há 12 anos no governo. Mas eu posso adiantar que meu filho não irá trabalhar no meu governo, porque eu sou contra o nepotismo. Ele vai assumir o meu lugar no escritório de advocacia. Ele é advogado, administrador de empresa e tem dois cursos de pós-graduação. Então vai me substituir a altura em meu escritório enquanto eu estiver no governo do Paraná.
E nem a sua filha terá um novo cargo comissionado em seu governo?Se eu vou extinguir os cargos comissionados, como ela vai ter cargo?
Então o senhor vai extinguir todos os cargos comissionados.Se ela resolver trabalhar no governo, vai ter que participar de concurso público. Mas enquanto eu for governador, ela não vai poder sequer se inscrever para concurso. Então seguramente não vai trabalhar no meu governo. Mas eu queria deixar claro uma coisa: eu gostaria que todo servidor público tivesse a mesma competência que tem meu filho. Se Roberto Requião, Gleisi Hoffmann e Beto Richa tivessem a competência do meu filho, o estado do Paraná seria melhor que é.
O senhor pretende economizar 10% do orçamento do estado. Como isso seria possível?Com retirada de pessoal vou economizar 100 milhões por ano. Isso evidentemente está longe de ser os R$ 4 bilhões que representam os 10%. Eu vou economizar esse valor fixando os gastos do governo em três segmentos: saúde, educação e segurança pública. Esperamos que o estado devolva à população nestas três áreas. No Brasil, já nos acostumamos a substituir a obrigação do estado em saúde e educação, com escolas e faculdades particulares e planos de saúde. Agora na questão da segurança pública, não é possível o cidadão garantir a segurança. Esse me parece ser a última obrigação constitucional do estado que ainda não está sendo suprida pela iniciativa privada. No meu entendimento, a polícia do Paraná tem que receber investimento muito forte. A polícia recebeu muitos veículos na atual gestão, mas não foi suprida no número de homens. Não basta o sujeito ter veículo, ele precisa de armamento e tem que estar qualificado. A polícia administrativa também tem que ser tratada como prioridade. A ideia é contratar mais gente, armar melhor e treinar permanentemente. Não pretendo diminuir quanto ganha o oficial, mas quero melhorar o pagamento dos praças e melhorar as condições de prestação de serviços, porque hoje não raro eles ficam 48h em serviço e tem muita pouca oportunidade de oferecer qualidade no trabalho prestado. Preciso estudar isso com profissionais competentes.
E com relação à saúde e educação...?Vamos começar pela saúde. A saúde no Brasil é verticalizada, começando pelo governo federal, passando pelo estadual e chegando ao municipal. Os governos municipais não recebem repasses de impostos, os estaduais não raro não recebem e nem repassam e o federal não cumpre os 10%. Tem a tabela do SUS que não remunera adequadamente. Os equipamentos hospitalares hoje custam verdadeiras fortunas e os médicos não podem medicar sem utilizar equipamentos. Então a saúde pública precisa de gestão, de sair dessa coisa de um governo acusar o outro. Isso é coisa de campanha e é falta de respeito com as pessoas. Na realidade, nenhum está investindo o que tem que investir. O governo estadual tem dificuldade de chegar aos 12% [de investimento na saúde] e a dona Dilma Rousseff zombou de quem exigiu que ela assinasse o compromisse de destinar 10%. Tem um exemplo muito claro, de um hospital que foi construído por um ex-governador que hoje é senador. Eu não sei se ele é senador ou governador, porque ele recebe por tudo. Então eu prefiro considerá-lo um marajá. Enfim, ele construiu um hospital e deu o nome da mãe dele, o que eu acho bacana. O que eu não acho bacana é que esse hospital foi utilizado para um parto desde que ele foi inaugurado. Não obstante, se você for em Paranaguá, você vai ver que os hospitais estão sempre lotados. E eles estão lotados porque o médico e aí não importa se ele é cubano ou brasileiro quando chega no posto de saúde e vê que não tem equipamento, ele manda para um município próximo. E então, no outro município, o sujeito vê que o hospital também não dispõe dos equipamentos ou tem uma fila quilométrica. Tem inúmeros relatos de pessoas que esperam por exame há mais de um ano, seja do que for. Essas coisas precisam ser revistas. A minha opinião honesta sobre a saúde é que os governadores deveriam se reunir com a presidente eleita, já que tudo indica que será uma presidente, ou uma ou a outra, mas procurar uma solução para o problema. Porque o governador ou o prefeito não consegue resolver sozinho e nem a presidente conseguirá sozinha.
Nós entramos nesse assunto porque o senhor iria explicar como economizar 10% do orçamento, mas isso ainda não ficou claro.O que, como eu vou economizar os 10%? Eu não sei. Não sou governador ainda. Mas vou saber assim que eu assumir. É muito raro um candidato dizer que não sabe ainda. Mas vou te dizer porque eu não sei ainda. Porque os governos têm Portal da Transparência, mas eles não funcionam. Então eu não consigo saber quanto vou economizar em luz, água, papel, xerox, diárias e todas essas patifarias que existem no serviço público. Eu não sei, por exemplo, quanto está sendo gasto em cartão corporativo. Eu preciso saber quanto poderemos economizar em gasolina, manutenção dos veículos, qual o tamanho da frota, quantos veículos são locados... E isso você só descobre quando está com a mão na massa.
O senhor se filiou ao PRP há um ano e meio e já concorre ao governo do estado. A trajetória política está sendo rápida...Quantos anos você tem?
27.Pois eu milito em política há muito mais tempo que isso. Então a minha trajetória não está sendo rápida. Eu me filiei no partido há pouco tempo, mas só porque o partido me disse que eu teria possibilidade de vir a público oferecer uma proposta diferente para o governo. Estou correndo os riscos de ter uma campanha com pouquíssimo dinheiro e tempo. A nossa proposta é que todos os partidos têm que ter candidato no primeiro turno. Ou então que se extingam as mais de 30 siglas que existem no país.
O senhor é ligado ao Grupo Massa, que pertence ao atual candidato a deputado estadual Ratinho Junior (PSC), da base do governo Beto Richa. Seu filho trabalha na secretaria que Ratinho Junior chefiou até este ano. O senhor não vê isso como uma contradição?Eu me desliguei do grupo. Eu sou candidato de mim mesmo. Se você observar minhas 44 propostas, vai perceber que 10 contrariam os hábitos do atual governo.
Então as acusações de que o senhor poderia ser um laranja nessas eleições...Olha pra mim. Você acha que eu tenho jeito, porte, respondo como laranja? Acha viável um homem com a minha idade ser laranja de alguém? Eu acho que só quem não me conhece tem a suprema ousadia de achar que eu sou laranja de alguém. Eu nunca na minha vida fui subserviente a alguém. Eu lastimo que a imprensa paranaense como um todo pense que um homem de 62 anos pode pôr a sua biografia a serviço de uma laranjada. Me dói muito isso. Porque quando fiz enfrentamento ao PT [o pedido de impugnação da candidatura da candidata Gleisi Hoffmann], e toda a imprensa é sabuja do PT, tudo o que aconteceu comigo foi ser ofendido por ter filhos que trabalham no governo. Meus filhos trabalham, quem tem que ter vergonha é quem não trabalha. Fui tratado como se fosse um pária. Não sou um pária. Sou um homem corajoso, altaneiro, ando sozinho, sempre andei na minha vida. Sempre enfrentei os poderosos. Sou um outsider do sistema. E se tivesse sido tratado nessa campanha com a equanimidade que deveria ter sido tratado, talvez eu já estivesse em terceiro lugar. Se eu tivesse recebido R$ 1 milhão do pedágio, como ela [Gleisi] recebeu, até porque essas coisas são muito mal divulgadas, talvez eu tivesse mais pontos do que eu tenho agora.
Isso [doação das concessionárias aos candidatos] foi divulgado pela Gazeta do Povo.É, mas só uma vez, né.[A assessora do candidato esclarece que a ligação com o Grupo Massa é funcional. Ogier Buchi diz que foi demitido apesar de ter dito, em entrevista recente ao jornal Folha de Londrina, que só foi afastado e pediria demissão em 29 de dezembro caso fosse eleito]
Em uma entrevista ao portal G1, o senhor disse que queria romper com os contratos de pedágios...Isso é um erro. Eu nunca disse que queria acabar com os contratos. O que eu disse e repito é que os contratos serão revistos. Sob pena de ser irresponsável, eu não posso dizer que vou acabar com os pedágios. Eu só quero que quando você for pra praia, em Guaratuba, tomar um solzinho com o namorado, que não te roubem. Porque eu acho sinceramente que cobrar 15 merréis para você sair daqui e andar 96 quilômetros até Matinhos é um roubo.
Mas como rever os contratos?Simples. Os contratos já poderiam ser revistos se os governadores realmente quisessem rever. Mas eles não querem. O Requião é um mentiroso e diz que não fez um aditivo para a estrada Cascavel-Foz do Iguaçu, mas ele fez o aditivo. Eu tenho esse contrato e publiquei inúmeras vezes no meu site. Ele fez um aditivo permitindo a empresa de pedágio que não duplicasse aquele trecho e não fizesse as obras. Dizem que os contratos não podem ser rompidos, mas, como qualquer obra da inteligência humana, podem ser rompidos sim. Mas não quero romper o contrato, quero refazer o contrato. Se você observar, o que foi feito de lá pra cá é que sempre que chega época de campanha tem uma armação qualquer. O Jaime Lerner fez o que se chamou o estelionato de 1998, o Requião em 2002 veio com outro estelionato, veio com o "baixa ou acaba", mas não abaixou e nem acabou. E nem o atual governador fez o que se propôs. Ele criou a agência reguladora e ela não abaixou, não acabou, não modificou e não regulou. Eu não sei o que acontece que o Joãozinho Chiminazzo, que é o homem que representa as pedageiras e é uma figura extremamente simpática, grande baterista. Ele consegue bater na bateria dele de modo que os governantes sacodem a cabecinha e ele faz o que quer. Englobo nessa colocação Lerner, Requião e Richa. Você ousaria me chamar de laranja agora, depois de eu te dar essa resposta? Acho difícil. Eu duvido que um laranja qualquer, nem que seja um laranja da Pomerânia, tivesse a coragem de falar as coisas que eu falo.
Outra questão que eu vi em uma entrevista do senhor é a proposta de modernizar o setor regulador do meio ambiente.A imprensa brasileira disse que nós somos o quarto emissor de poluição. Só ficamos depois dos chineses, dos EUA, e não sei quem está em terceiro, nem me interessa saber. Aí você tem os órgãos reguladores. Ibama não é comigo. Mas o IAP é, sim, comigo. Em 2004 o Paraná tinha míseros 3% de área florestada. Não sei te dizer hoje, 10 anos depois. Só sei que existem denúncias gravíssimas de corrupção em todos os órgãos de meio ambiente e em todos os governos. E como modernizar os órgãos? Fazer concursos públicos, oferecendo plano de carreira e salários dignos, férias quando tem direito, não dando acúmulo de serviço e nem banco de horas, porque funcionário quer ter dinheiro no banco e não banco de horas. Vou acabar com a corrupção oferecendo primeiro a oportunidade de ele chegar à chefia do local de trabalho. O juiz quer presidente do tribunal, o funcionário do IAP quer ser presidente do IAP. Não dá para puxar um político e colocar ele no cargo. Senão fica o aviso: não adianta você ser bom, porque você nunca vai chegar lá. Eu quero que os funcionários ascendam em suas carreiras com plano de cargos e salários.
O senhor também defende a implantação de Veículos Leves sobre Pneus (VLPs) e Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) para o estado. Qual é a ideia concreta para esse plano?É aplicar e melhorar o que já existe. Evidente que vamos implantar em outras cidades além de Curitiba. Serei governador dos 399 municípios. Curitiba é uma região importante, já que um quarto da população do estado está ali. Mas também não dá para olhar para Londrina e Maringá sem perceber que há um enorme corredor entre eles. Eu não posso governar o Paraná sem ter os olhos voltados para estas cidades, para Cascavel, Francisco Beltrão, Pato Branco e Paranaguá, que precisa de mim. É preciso um plano de turismo para a cidade. Eu vou desenvolver um corredor turístico que passe de Paranaguá por Vila Velha, o Cânion do Guartelá e Prudentópolis. Outro sai de Paranaguá, vai pra Curitiba, pega um avião e vai pra Foz do Iguaçu. O navio para normalmente 48h no porto e é possível até ver as Cataratas do Iguaçu nesse tempo. Você desceu do navio, pisou no porto e deixou 110 dólares. É a média. Tem pão-duro que não deixa nada. Mas num navio de 2,3 mil passageiros, você traz 230 mil dólares para o Brasil na passagem pelo Porto de Paranaguá. E esse dinheiro vai ser distribuído no comércio que se forma em torno do navio, que é das manufaturas, brindes, o que se faz com tanta eficiência na torre Eiffel e no Vaticano.
Mas sobre o VLP, o senhor não explicou. A ideia é implantar o sistema nas cidades-polo de cada região?Vou governar o Paraná por quatro anos, e só por quatro anos. Outro dia vi o vídeo da minha primeira apresentação na Rede Massa. E eu mudei muito, envelheci muito. As pessoas são assim. Governador é temporário. Mas o plano de desenvolvimento das pessoas não é. O Jaime Lerner fez o Anel de Integração aqui. O segundo Anel não ficou pronto no governo dele. É isso o que tem que acabar nos governos. O segundo Anel é relevante para o desenvolvimento do Paraná. A mim pouco me interessa se o mérito for passado ao Lerner, mas se eu conseguir concluir o Segundo Anel, eu vou ter salvo vidas e contribuído muito para o desenvolvimento do estado. Quando eu for governador vai ter Escolinha [de Governo], que foi uma das melhores coisas que Roberto Requião fez no governo dele. Os secretários tinham que ir lá prestar contas. Depois o Requião começou a fazer do programa um culto a si mesmo e desviou a finalidade. Eu não penso em descontruir o que os outros fizeram de bom. Isso nós vamos manter e, mais importante, manter a autoria.
O discurso do senhor se assemelha ao da Marina Silva. O senhor se identifica com ela?O meu partido é coligado ao da Marina, mas esse discurso é o da minha vida. Ela virou candidata depois de mim. Meu partido apoia a Marina Silva, eu sou um homem de partido e a apoio.
O senhor tem uma ação na Justiça que questiona a compra de ações, pela Copel, da Construtora Triunfo. O processo foi iniciado em 2005. Como está o trâmite da ação?Esta ação está em trâmite. Mas neste momento está paralisada porque acho inoportuno tratar dela enquanto sou candidato.
Inclusive nessa ação uma das partes é a Eletrobras. E na sua declaração de bens para a Justiça Eleitoral, o senhor declarou apenas ações da Eletrobras, no valor de R$ 2,8 milhões.Em primeiro lugar, a Eletrobras não é mais parte da ação. Ela declinou da condição de ré. Tanto é que a ação está na Justiça pública estadual e não mais na federal. Quanto à questão dos títulos, eu sou advogado tributarista. O meu investimento é em debêntures porque os títulos têm renda fixa e só pagam imposto de renda no momento da realização. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu sou especialista em não pagar imposto. A minha expertise não é não pagar, porque não tem jeito, mas em investir de tal forma que eu dou segurança para a minha família.
Mas o senhor não tem outros bens?Eu tenho. Você quer fazer o meu imposto de renda?
É que na declaração de bens o senhor só informa as ações.Pois se eu só tenho essas, então eu só tenho essas.
Mas o senhor acabou de dizer que tem outros bens.Eu moro em uma casa. Eu tenho automóvel. Mas você já perguntou se na minha empresa consta isso?
Então os bens estão no nome da sua empresa?O que a lei exige é que eu apresente o meu imposto de renda como pessoa física. Fiz isso. Você é muito curiosa.
Eu sou jornalista.Você parece fiscal do imposto. Eu vou te explicar como faz isso. A Justiça Eleitoral me pede que eu ofereça os bens que estão em meu nome enquanto pessoa física. Eu era funcionário da Rede Massa e lá a gente é contratado na pessoa jurídica. Então na pessoa jurídica eu tenho outros bens. Eu apenas não apresentei porque a Justiça não me pede. Não vou ficar fazendo desfile de bens. E eu tenho duas empresas. Uma na minha condição de advogado e outra sob o ponto de vista na minha atuação como homem de mídia. Mas como sou especializado em imposto, eu trabalho para pagar o menor imposto possível. Como pessoa física, você paga 27,5%? Pois é, eu não pago. Se você quiser, eu faço o seu imposto de renda. Isso está muito longe de ser ilegal. Não é ilegal e não é imoral. Imoral é ter duas aposentadorias.
Como o senhor pretende governar sem ter maioria na Assembleia Legislativa?Acabando definitivamente com o mensalão no Brasil, que é a tal da governabilidade. Eu vou mandar os decretos para a Assembleia e vou torna-los públicos. Vou ligar para a Gazeta e te chamar. Quer dizer, não, você vai trabalhar comigo no Palácio porque é curiosa e competente. E eu vou te pagar mais. Você vai ter um plano de carreira.
Pelo que você disse antes, eu vou ter que fazer concurso, né?Mas você passa. O concurso vai ser moral. Concurso comigo vai depender de duas coisas: mérito e conhecimento. Mérito na questão da titulação e conhecimento na questão da prova objetiva. Comigo não vai ter quanto pesa, se tem olho azul, olho verde. É competência. Então, ai do deputado que tiver coragem de votar contra um projeto que é de interesse do povo do Paraná. Porque aí eu vou incitar o meu poder de governador. Eu não dependerei dos deputados porque não serei candidato a reeleição. Se eu mandar projeto que eu entenda que é bom pro povo, e conseguir mostrar pro povo que é bom, o povo vai se manifestar.
E em relação aos temas morais, como o senhor se posiciona, por exemplo, com relação ao casamento homoafetivo ou ao aborto?Me posiciono de acordo com a lei. A lei hoje alberga o casamento homoafetivo. Eu acabei de dizer pra você que eu acho moral apresentar meu imposto de renda de acordo com a lei. Então, se o parâmetro serve, tem que servir pra tudo. Nesse caso das uniões, é lei. Eu não faço parte dessa minoria, então não sei se a lei é adequada ou não. Eu honestamente não sei se essas pessoas se encontram suficientemente garantidas pela lei. Eu também não sou mulher para decidir se o aborto é ou não decisão que eu deveria tomar.
O senhor não é mulher, não é homossexual, mas quer ser governador. Então deveria tomar alguma posição em relação a esses assuntos.Eu tenho uma posição. Eu acredito em Deus. Ninguém é obrigado a acreditar, mas eu acredito. Deus deu aos homens e às mulheres livre-arbítrio. Eu vou ver ser só o representante do estado. Eu não posso ter a ousadia de decidir sobre o livre-arbítrio das pessoas. Que ficção é essa que um governador pode levantar o dedinho e dizer "eu acho isso errado"? O que eu acho errado é o que não está na constituição do estado e na federal. Mas se uma moça me procurar e disser "Eu fui estuprada. Eu fui estuprada por um aidético. Eu preciso da sua ajuda", eu vou ajudar.
Mas isso a lei já garante, aborto em caso de estupro.Então não entendi o que você quer saber.
A lei que existe para esses temas é suficiente. É isso?Qual é a sua posição a respeito?
Eu não estou aqui para dar a minha opinião.E nem eu.
Mas o senhor é candidato ao governo do estado.Eu não estou aqui para falar sobre temas morais. Eles dizem respeito às decisões pessoais. Os temas morais não podem ser vinculados à política de qualquer momento da história. A sociedade pode provar, daqui a 10, 15 anos, que eu não estou correto. Eu sou produto do meu tempo e da minha história. Quando eu tinha 18 anos, as coisas que eu achava certas eram muito diferentes das que eu acho certas aos 62.
Qual será seu primeiro gesto ao assumir o Palácio Iguaçu?Começar a pagar as contas. Não vou fazer aqueles 90 dias de "mandraquice", porque a gente vai ter três meses antes para conhecer o estado. E vou trabalhar desde o primeiro dia, porque tem muita coisa para fazer.
E porque o cidadão deve destinar o voto ao senhor?Pelos motivos que expus nesta entrevista. Se ele quiser que mude, ele vota 44. Se ele não quiser que mude, aí ele pode votar em um dos outros.
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