"Quem quiser colher a separação de Dilma e Lula vai quebrar a cara"
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, negou ontem que a presidente Dilma Rousseff esteja querendo diminuir a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha à reeleição para construir uma imagem própria sem a alcunha de "criatura".
De acordo com ele, não existe "absolutamente nenhuma" tendência de que a petista esteja resistindo em ter Lula novamente como principal cabo eleitoral na campanha deste ano.
"Dilma e Lula se encontram com muita frequência. Quem quiser colher a separação dos dois vai quebrar a cara. O resto é boato", afirmou o ministro, que é considerado da ala mais próxima a Lula dentro do PT, ao participar de aula pública com estudantes da Faculdade de Direito da USP.
Agência Estado
Com a agenda atrelada ao dia a dia do Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff deu sinais nos últimos dias de que dedicará grande parte de seu tempo livre a São Paulo, estado que concentra quase um quarto dos eleitores. Desde o último dia 31, a petista passou seis dias em eventos na capital paulista e no interior, incluindo ontem, quando se encontrou com estudantes em uma universidade privada.
A estratégia montada pelo comitê presidencial é parte de uma operação para "reduzir danos" no estado onde a petista sofre com altos índices de rejeição. Para assessores próximos da presidente, um evento em um bairro populoso de São Paulo é mais efetivo do que uma viagem de Dilma a estados menores.
Para um ministro, trata-se de uma eleição "mais curta" que a anterior, já que a presidente não dispõe do mesmo tempo livre que em 2010 e, por isso, tem de ser totalmente direcionada para o "foco", que é São Paulo.
Na última pesquisa Datafolha*, de julho, Dilma lidera as intenções de voto, com 36%, e seguida por Aécio Neves (PSDB), que tem 20%, e Eduardo Campos, com 8%.
A presidente, no entanto, também registra o maior índice de rejeição entre os concorrentes, 35%. Se considerados os números apenas do estado de São Paulo, 47% dizem que não votariam em Dilma de jeito nenhum. Na capital, a taxa sobre para 49%. Para validar a estratégia da campanha petista, um integrante do comitê diz que as viagens a São Paulo já surtiram efeito ao indicar o fim do processo de queda da presidente.
Ontem, a petista falou para cerca de 400 jovens em uma universidade no centro de São Paulo. Dilma aproveitou para criticar a gestão da crise da falta dágua no estado, governado pelo tucano Geraldo Alckmin, colega de partido de Aécio Neves, seu principal concorrente na disputa nacional.
No sábado, foi a Osasco, para fazer o "corpo a corpo". Durante o discurso, reconheceu que o estado é sua prioridade. "Eu estou privilegiando São Paulo. Agora, quero dizer para vocês que nem toda semana será assim [...] Só peço isso: na hora em que eu passar uma semana sem aparecer vocês não digam que eu esqueci São Paulo", afirmou.
* O levantamento do Datafolha foi feito entre os dias 15 e 16 de julho, com 5.377 eleitores em 223 municípios do País. A pesquisa contratada pela Folha de S. Paulo e pela TV Globo, foi registrada no TSE sob o protocolo BR-00219/2014 e tem margem de erro máxima de 2 pontos porcentuais e nível de confiança de 95%.
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