| Foto:

"É assustador", diz presidente do TRE-PR

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Edson Vidal Pinto, diz que o crescimento das intenções de voto em branco ou nulo é "assustador". Para o magistrado, o fato está ligado ao um problema crônico do sistema educacional brasileiro e não à falta de informação repassada aos eleitores. "Só por meio da educação um eleitor pode ter plena consciência da sua escolha", afirma.

Vidal Pinto chama de "desserviço" as campanhas na internet favoráveis ao voto nulo como forma de protesto capaz de influenciar no resultado das eleições. "É uma falácia. O voto tem de ser válido para que produza sua eficácia. Quem apregoa um voto sem efeito está fazendo o contrário do que o conceito de cidadania manda."

Urna

O presidente do TRE-PR também descarta que o índice de votos nulos registrados em eleições recentes possa ter sido provocado por desconhecimento sobre o manuseio da urna eletrônica. "A urna brasileira é de uma facilidade de uso muito grande. Assim como sua credibilidade é enorme", afirma. (AG)

CARREGANDO :)

Enquanto Eduardo Campos (PSB) se esforça para emplacar seu nome como candidato capaz romper a polarização entre o PT de Dilma Rousseff e o PSDB de Aécio Neves, quem aparece de fato na terceira via da disputa presidencial é "ninguém". A primeira pesquisa Datafolha divulgada após a Copa do Mundo consolida a soma das intenções de voto em branco e nulo na terceira colocação, com 13%. O índice é mais de três vezes superior ao registrado em sondagem do mesmo mês na campanha de 2010 (4%) e quase o dobro que o aferido em julho de 2006 (7%).

INFOGRÁFICO: Veja a evolução das Intenções dos votos brancos e nulos nas eleições presidenciais

Publicidade

Caso o cenário se mantenha, a opção pode ser decisiva para o resultado da eleição. De acordo com o último Datafolha, Dilma aparece com 36%, contra 20% de Aécio, 8% de Campos e 3% do Pastor Everaldo (PSC) – além deles, há 14% de indecisos e outros cinco candidatos nanicos com 1% cada. Quanto mais nulos e brancos computados, menor a quantidade de votos necessária para se alcançar a maioria dos válidos e garantir a vitória no primeiro turno.

De acordo com a legislação eleitoral, ambas as escolhas tornam os votos inválidos, ou seja, fora da conta que define o presidente eleito. No panorama atual, o universo de votos válidos é de 87%. Para evitar um segundo turno, Dilma precisaria conquistar mais oito pontos porcentuais e chegar a 44%.

Descontentamento

O diretor do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, enxerga um quadro controverso no atual contingente de brancos e nulos. "O dado se deve a uma combinação de descontentamento com a atual gestão e desconhecimento das outras opções. Por outro lado, na prática, é um fenômeno que pode ajudar quem está em primeiro lugar", diz.

A aposta de Hidalgo é que o índice vai baixar com o início da propaganda eleitoral gratuita na televisão. Não foi o que aconteceu, contudo, em 2006 e 2010. Em ambas as disputas presidenciais, o número de eleitores que consumou o voto branco ou nulo cresceu em relação ao registrado em julho – respectivamente, de 7% para 8,41% e de 4% para 8,64%.

Publicidade

Na avaliação do cientista político da Universidade de Brasília Paulo Kramer, o número ajuda a comprovar o "sentimento de mudança" que pauta o eleitorado. "É algo tão perceptível que até a campanha da Dilma tem se baseado no conceito de que ela, apesar de representar a continuidade, é a única capaz de fazer as mudanças que o povo quer", diz Kramer.

Sem anulação

A campanha pelo voto nulo como forma de protesto move centenas de sites e páginas em redes sociais. O principal argumento usado nesses espaços é de que seria possível anular a eleição caso o número de votos nulos chegasse a 50%. O objetivo é desmoralizar os políticos e o sistema eleitoral.

Para o advogado especialista em direito eleitoral Olivar Coneglian, o argumento decorre de um erro de avaliação sobre um artigo do Código Eleitoral, de 1965. "A anulação só pode ocorrer em caso de cassação de um candidato que obteve a maioria dos votos. Já o voto nulo ou em branco, apesar de regular, é sempre inválido", afirma ele.

Publicidade