A atenção básica concentra o principal gargalo do sistema público de saúde nas maiores cidades do interior e do litoral paranaense. Os prefeitos devem investir no mínimo 15% do orçamento na saúde, mas na maior parte das vezes a demanda é superior aos recursos disponíveis.
Londrina, além de ter ampliado o leque de atendimentos por ser referência regional em saúde, perdeu serviços nos últimos anos. O Programa Saúde da Família (PSF) passou de 102 equipes para 73. O Serviço de Internação Domiciliar (SID) projeto pioneiro na cidade passou de cinco para três equipes de atendimento.
As consultas comuns, em Cascavel, estão aquém do ideal. Uma portaria do Ministério da Saúde preconiza como ideal duas consultas por habitante anualmente. A cidade tem 296.205 habitantes e, portanto, deveria oferecer 592.410 consultas ao ano, mas em 2011 realizou 80.220 a menos do que o número recomendado.
Em Ponta Grossa, a demanda é crescente, mas, apesar disso, a cidade tem infraestrutura inferior à de outras do mesmo porte.
Em Maringá, o problema está na demora para conseguir exames. "Neste ano precisei fazer um ultrassom e só consegui ser atendida depois de 70 dias", afirmou a comerciante Lucineia Ardengue de Fátima. Paranaguá enfrenta falta de médicos. "É um absurdo, cheguei ao posto de saúde com meu filho muito mal e não havia sequer um médico para atender", disse a moradora Regina Siqueira.
Conforme o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira, as pesquisas qualitativas têm demonstrado que a saúde é um tema recorrente nas eleições. "O fraco atendimento nos postos de saúde, o aumento na expectativa de vida que exige atendimento à população idosa e a falta de concursos públicos geram insatisfação na população", considera.
Na opinião do diretor do departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, Donizetti Giamberardinho Filho, "qualquer político que mostrar que consegue melhorar essa situação será bem-vindo". Para ele, o mais importante, em qualquer programa de governo, é qualificar e garantir a humanização do profissional de saúde.
Colaboraram Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel, Juliana Gonçalves, da sucursal de Londrina, Octávio Rossi, especial para a Gazeta do Povo, e Marcus Ayres, da Gazeta Maringá, e Oswaldo Eustáquio, correspondente em Paranaguá.
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