Hipóteses
Veja quais as hipóteses levantadas sobre a causa do acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos:
Mau tempo
Chovia no momento da aterrisagem, e os pilotos decidiram arremeter. Segundo especialistas, as condições de visibilidade permitiam o pouso. Mas, como elas são instáveis, o piloto é quem deve decidir se é mais seguro pousar ou arremeter na medida em que se aproxima da pista.
Fadiga dos pilotos
Cinco dias antes do acidente, um dos pilotos publicou no Facebook que estava "cansadaço" das viagens. Somado ao mau tempo, o cansaço pode ter feito os pilotos perderem a orientação.
Falha mecânica
Teria havido algum problema mecânico na aeronave. A hipótese, porém, é tratada como pouco provável, uma vez que o avião tinha passado por inspeção há seis meses e estava com a revisão em dia.
Colisão com algum objeto
Testemunhas disseram ter visto fogo em uma das duas turbinas do avião. Isso pode ter sido motivado por uma colisão com uma ave ou um drone. Normalmente, porém, um avião como o que levava Eduardo Campos consegue pousar com apenas um motor.
Soma de fatores
É quase unanimidade entre especialistas que o acidente tenha sido provocado por uma conjunção de fatores que só a investigação irá apontar e não por apenas um motivo isolado.
Fonte: Redação.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) pretende fazer a reconstituição da queda da aeronave onde estavam o ex-governador Eduardo Campos e outras seis pessoas. O objetivo é identificar pontos onde o Cessna tocou antes de cair no meio do Boqueirão, área residencial de Santos (SP). Uma das frentes da investigação tenta identificar se houve colisão antes da queda. Testemunhas e pilotos da Base Aérea do Guarujá relatam ter visto fogo nas turbinas do jato momentos antes da queda.
â Leia a cobertura completa da morte de Eduardo Campos
Os peritos da Aeronáutica pretendem ter, dentro de 10 dias e com base nas marcas deixadas pela aeronave nas casas e nos prédios atingidos, um mapa com a trajetória do Cessna. Ontem, os peritos do Cenipa e da Polícia Federal utilizavam equipamentos para tentar localizar pequenos fragmentos que ajudem a reconstituir o trajeto. Ao lado de um dos sobrados atingidos, dois peritos da PF tentavam fazer com scanner uma "maquete virtual" com os pontos exatos tocados pelo jato, enquanto peritos tiraram fotos e filmavam o local.
"Pela forma como a aeronave caiu, de bico, na vertical, é um indício de que pode ter ocorrido algum problema ainda no ar, pois ela não estava plainando no momento da queda. Como algumas pessoas relataram que a turbina também já estava pegando fogo no ar, e ela caiu na vertical, é grande a possibilidade de algum problema mecânico ou pane ter ocorrido no jato antes da queda", afirmou um perito do Cenipa que estava no local do acidente durante a madrugada. "A reconstituição do percurso da aeronave e o áudio da cabine vão nos mostrar as causas do acidente", acrescentou o perito.
Na quarta-feira, também agentes da Polícia Federal percorreram as ruas ao redor do ponto de impacto em busca de câmeras de vigilância que pudessem ter gravado imagens do momento da queda. A PF não confirmou se a busca deu resultados positivos. As partes da aeronave que interessam para os investigadores já estavam sendo levadas para Brasília. Partes do motor do avião foram para uma oficina em São Paulo.
Caixa-preta
A caixa-preta do jato começou a ser analisada pelo Cenipa. O equipamento tem capacidade para gravar duas horas de conversa entre as pessoas que estavam na cabine do avião e as realizadas pelos pilotos com as torres de comando e controle. Caso os diálogos tenham sido preservados no equipamento, será possível reproduzir o trajeto do voo, iniciado por volta das 9h21, quando decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, até as 9h57, horário do acidente. Mas não há garantia de que a toda ou parte da conversação esteja preservada por causa dos danos no gravador de voz. Se o som estiver preservado, a comissão deve se debruçar nos primeiros 40 a 50 minutos de gravação, tempo de voo entre as duas cidades.
Sem definição sobre enterro, clima é de dor e incerteza
Guilherme Voitch, enviado especial, com agências
Em Recife, o clima ontem na casa do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) era de dor e incerteza. Durante todo o dia, a movimentação foi intensa na casa da família, no bairro Dois Irmãos, zona norte da capital pernambucana. Políticos e autoridades prestavam condolências à família e buscavam informações sobre a chegada do corpo a Recife. O governo de Pernambuco chegou a anunciar que o enterro dos restos mortais de Campos ocorrereria às 16 horas de domingo, no cemitério de Santo Amaro, em Recife. Mas a informação, logo depois, foi negada. Peritos e as equipes de buscas no local do acidente do avião, em Santos (SP), avaliam que será necessário mais dois ou três dias para localizar os restos corporais e identificá-los por exames de DNA.
Discreta, a família de Campos delegou ao prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), a missão de atuar como porta-voz para os assuntos referentes ao velório do presidenciável. Por volta das 19h, Júlio disse que a possibilidade mais concreta era de que o trabalho de identificação dos corpos fosse finalizado no sábado. "Só vamos ter uma confirmação do dia e hora [do enterro e do velório] quando tivermos uma resposta de São Paulo [onde os legistas do IML estão trabalhando]. Mas pelo que conversei com o governador [de Pernambuco, João Lyra] pode ser sábado."
Silêncio
A viúva de Campos, Renata, e a mãe do ex-governador, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, novamente não falaram com a imprensa. Renata também pediu, por meio de assessores, que o luto dos cinco filhos do casal fosse respeitado. O irmão do presidenciável, Antônio Campos, que tinha dado uma entrevista aos jornalistas na quarta-feira, entrou e saiu da residência rapidamente, sem dar qualquer declaração. Um padre e um frade estiveram no local, a pedido do arcebispo de Recife e Olinda, Fernando Saburido.
Parentes e amigos dos quatro assessores de Campos que morreram no acidente também estiveram na casa do ex-governador.
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