O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), foi reeleito com 55,78% dos votos válidos. Derrotou o senador Marcelo Crivella (PRB), após uma dura campanha no segundo turno. O resultado é uma vitória política do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), cujo grupo político completará doze anos à frente da máquina estadual. O partido também controla a prefeitura da capital fluminense desde 2009 e, com o resultado, mantém a relevância nacional da legenda.
Em entrevista após o anúncio do resultado, Pezão afirmou que "nem nos melhores sonhos" imaginava ser eleito. Classificou o resultado de "extraordinário" e disse que sai das urnas com o "compromisso redobrado". Pezão dedicou a vitória a Cabral, que deixou o cargo em abril, em benefício de sua candidatura.
A vitória do PMDB seria difícil de imaginar no início de 2014. A popularidade do então governador Cabral estava em níveis críticos. Ele jamais se recuperara das manifestações de 2013, que, duramente reprimidas no estado, o tomaram como alvo. O peemedebista também tinha problemas de imagem, por causa de episódios como uma festa em Paris em que secretários foram fotografados com guardanapos na cabeça, e uso do helicóptero oficial. O Palácio Guanabara, sede do governo, virou alvo de manifestações violentas. Foram marcadas por repressão da Polícia Militar, que deu fôlego ao movimento, denominado "Fora, Cabral"
Para superar esse quadro, o PMDB adotou uma estratégia de risco. Cabral renunciou ao cargo no início de abril. Desistiu da intenção anunciada de concorrer ao Senado e sumiu. Escondeu-se para evitar contaminar Pezão com sua impopularidade. O novo governador, até então um vice que atuava como secretário de Obras, investiu em se tornar conhecido. Na eleição, o marqueteiro Renato Pereira apresentou Pezão como uma espécie de oposto de Cabral. Em lugar do governador festeiro que viajava com frequência ao exterior, entrou um homem simples, filho de operário e de origem rural.
Na construção dessa imagem, Pereira aproveitou o tempo de televisão para ser mostrado caminhando por pastos, conversando com moradores da zona rural, papeando com donas de casas em comunidades pobres. Era quase como um filme, com imagens em profundidade e horizontes ensolarados. Essa estética foi abandonada por algum tempo no início do segundo turno. Surpreendido por ter de enfrentar Crivella, Pezão adotou uma forte campanha de desconstrução. Acusou o adversário, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do chefe da IURD, Edir Macedo, de misturar política e religião.
O objetivo era aumentar a rejeição do candidato do PRB, que era baixa. Alcançada a meta, a "narrativa tranquila" foi retomada no fim da campanha, que resultou em vitória também tranquila.
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