O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cardeal Raymundo Damasceno, disse nesta sexta-feira (29) que as igrejas não são "currais eleitorais" e não devem influenciar os eleitores nas escolhas dos seus candidatos nas eleições de outubro. Dom Damasceno disse que a Igreja Católica não faz "distinção" de candidatos por sua religião, nem pede que os católicos escolham nomes ligados à sua opção religiosa.
"Não fazemos nenhum curral eleitoral. Orientamos, falamos, mas não fazemos comitês eleitorais em nossos templos. A liberdade é fundamental", afirmou. Questionado sobre a candidatura de Marina Silva (PSB) à Presidência, que é declaradamente evangélica, o cardeal disse que os fiéis são "livres" para escolherem seus candidatos, mas devem fazê-lo de "maneira consciente". Marina aparece como segunda colocada nas recentes pesquisas de intenções de votos e venceria a presidente Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno.
"O eleitor deve conhecer suas propostas, seu passado, seu projeto de governo. Não fazemos essa acepção de pessoas. Temos que escolher o melhor candidato pensando no Brasil, e não em interesses pessoais ou de grupos. Cristão ele é como cidadão, tem os mesmos direitos e deveres e, como tal, tem que participar da vida política", afirmou. Dom Damasceno cobrou que os candidatos atuem na política de forma "coerente com os seus princípios". "Tem que manifestar sua fé em sua vida social, no trabalho, e atuar pensando no bem do país. Não fazemos discriminação."
A CNBB vai realizar no dia 16 de setembro, em Aparecida (SP), debate com os sete candidatos à Presidência da República com melhores colocações nas pesquisas de intenções de votos. Foram convidados, além de Marina, a presidente Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Jorge (PV), Eymael (PSDC) e Luciana Genro (PSOL).
A entidade ainda não confirmou a presença de todos, mas Dom Damasceno disse esperar que compareçam para que possam apresentar seus posicionamentos sobre temas considerados importantes para os cristãos. "A finalidade é proporcionar aos nossos fiéis a oportunidade de conhecerem melhor os candidatos para que possam exercer com consciência e responsabilidade o seus direitos. A CNBB não toma posição político-partidária, ajuda o eleitor a tomar sua decisão livremente, conscientemente."
As perguntas serão formuladas por bispos da CNBB e por jornalistas de emissoras católicas. Haverá também confronto direto entre os candidatos no quarto bloco do debate.
Reforma política
A CNBB pretende conquistar apoio dos candidatos ao projeto de lei, de iniciativa popular, com mudanças no sistema político nacional. A proposta inclui temas como o financiamento público exclusivo das campanhas, regulamentação das consultas populares na Constituição -o plebiscito e o referendo- ampliação da participação feminina na política e implementação de dois turnos de eleições - um para os eleitores escolherem os programas partidários e outro para a escolha dos candidatos.
A entidade espera reunir 1,5 milhão de assinaturas para formalizar a apresentação da proposta no Congresso Nacional e vai intensificar a coleta de apoio nas festividades do 7 de setembro. O projeto de lei tem o apoio de outras entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Movimento Contra a Corrupção Eleitoral.
"Vamos ver se o Congresso se sensibiliza com a reforma política. Queremos evitar que o poder econômico tenha esse papel, que ele não participe do financiamento das campanhas. Os partidos se assemelham uns aos outros aí fica difícil para o eleitor saber o que o candidato defende, o que propõe para o país", afirmou o cardeal.
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