O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Antônio Dias Toffoli, fez nesta sexta-feira (12) críticas a julgamentos das duas Cortes sobre regras eleitorais e partidárias. Para Toffoli, os julgamentos da inconstitucionalidade da cláusula de barreira, a verticalização de coligações e a fidelidade partidária, foram decisões erradas. "Esta situação de tentar resolver uma reforma política através de decisões judiciais, por mais bem intencionadas e iluministas que sejam, não é tão fácil assim", afirmou.

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O ministro se mostrou cético quanto ao impacto das decisões da Justiça no processo eleitoral. Defensor da necessidade de uma reforma política, ele não se mostrou convicto de que o julgamento do mensalão, que levou para a cadeia membros do primeiro escalão do governo do PT, seja suficiente para uma mudança de "práticas". "Em relação ao mundo político, não adianta enfrentar a realidade. Se disse: 'com o mensalão vai mudar as práticas políticas, com a decisão da suprema corte...'. Será que elas mudam por causa disso? Não vou mais desenvolver o assunto, tem imprensa presente, eu sou o presidente do TSE".

A inconstitucionalidade da cláusula de barreira foi duramente criticada por Toffoli, que chamou a decisão do STF de "terrível". Ao comentar os atuais 32 partidos que compõem o quadro político brasileiro, o ministro afirmou que existem 30 projetos a serem apresentados para a criação de novas legendas. "Podemos, em tese, dobrar o número de partidos políticos no Brasil e que de imediato têm acesso a fundo partidário e tempo de TV. Mesmo sem representação, num valor pequeno, mas o suficiente para sustentar pelo resto da vida sem ter que trabalhar umas dez pessoas", criticou Toffoli

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O presidente do TSE lembrou que depois da decisão que acabou com a cláusula de barreira, o número de partidos com representação na Câmara passou de cerca de 10 para 22. Toffoli falou ainda sobre comércio de tempo de televisão. "Aí se faz o leilão (de tempo de TV), quem paga mais", completou, dizendo que "isso se transforma em business".

O ministro acusou a Justiça de não levar em conta a realidade do mundo político. O caso da verticalização, definida pelo Supremo e que motivou uma reação do parlamento, é usado como exemplo. Para Toffoli, houve uma reação "mais forte ainda" dos políticos após a decisão e hoje as discrepâncias entre alianças estaduais e a nacional é ainda maior.

Para justificar sua posição, Toffoli argumenta que as decisões não estão de acordo com a realidade do processo político Brasileiro. Sobre a fidelidade partidária, por exemplo, o ministro lembrou que menos de 10% dos votos no Brasil são em legenda e a grande maioria é em candidatos. "A Justiça determinou que se mudar de partido perde o mandato, mas se criar partido não. Aí vão lá e criam partidos. Então essa decisão fez proliferar partido".

Reforma política

O presidente do TSE se mostrou defensor de uma reforma política, mas não defendeu nenhum modelo específico. Toffoli ressalta o papel da Justiça de agir quando provocada, mas classificou como "fundamental" a proposição do debate por ministros do STF. "É um sistema que, se serviu no passado, hoje não traz tantos benefícios. Parece que traz mais malefícios", afirmou.

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Ele não entrou em detalhes, porém, sobre qual modelo acha mais adequado. "Nenhum é perfeito. O ideal é fazer um bom diagnóstico. Pensar uma maneira de solução que seja aceitável pela realidade", concluiu.