As elevadas taxas de violência contra crianças e adolescentes e a necessidade de garantir a permanência deles nas escolas são temas escanteados pelos principais candidatos à Presidência, lamenta o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil, se diz preocupado com a pouca visibilidade do tema nos debates e afirma que está nas mãos do próximo presidente aproveitar a presente situação demográfica.
"Hoje o Brasil tem o maior número e percentual de crianças que vai ter na sua história. Na famosa pirâmide populacional do Brasil, o ponto máximo é agora. E não estou escutando nenhum dos candidatos à Presidência falar muito especificamente de medidas para crianças e adolescentes. O país vai perder uma oportunidade histórica", disse em entrevista à reportagem.
Stahl dispara uma série de estatísticas nacionais, que colocam o Brasil em uma posição bastante desconfortável, entre as cabeças no ranking de número de homicídios de jovens e com baixa investigação a respeito dessas mortes. "Entre 5% e 8% dos homicídios de adolescentes são elucidados; e 7% dos homicídios de adolescentes têm um inquérito."
Sem medidas para contornar esse cenário, alerta, avanços do país como a redução da mortalidade infantil podem virar conquistas vazias. "O Brasil salva vidas na primeira infância, mas perde vidas na segunda década de vida."
O Unicef elaborou um documento para o período eleitoral, elencando desafios e propostas para a infância e juventude. O texto foi distribuído para candidatos nas esferas federais e estaduais, o que não foi suficiente para o tema estar presente no primeiro plano dos debates.
"Me atreveria a dizer que, neste momento, ninguém quer falar muito da violência, de uma proposta de solução. Se [o candidato] fala de um problema, tem que ter uma solução, que não é fácil. Recomendamos começar pelo fato de que menos de 8% [dos homicídios de jovens] têm um inquérito. Se não sabemos a causa de como morreu, como vamos ter uma política pública para resolver?"
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