Com um atraso de quase cinco horas, Marina Silva fez um comício em Teresina que começou no sábado, 13, e terminou no domingo, 14. E ainda teve o infortúnio do agricultor Luis Maria de Sousa, de 69 anos, que morreu de enfarte, por volta das 23h30, sem nem ver Marina, que chegou por volta das 23h40, depois de uma multidão lhe esperar desde 19 horas. Marina assegurou que não vai revidar os ataques que diz que vem sofrendo, principalmente por parte do PT. "Vamos dar a outra face. Mas vamos dar resposta. Não vamos ficar passiva a isso", declarou a presidenciável socialista. A defesa aos ataques será feita diariamente pela militância nas redes sociais.

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O discurso tanto de Marina, quanto de Beto Albuquerque, seu candidato a vice, ainda recorre muito à imagem e ao legado de Eduardo Campos, falecido em agosto. No evento, por conta de um mês da morte de Eduardo, teve um minuto de silêncio, vídeo de um comício de Eduardo em Teresina e gritos de guerra.

Beto Albuquerque falou sobre os ataques que a chapa vem sofrendo e disse que o Governo vem tentando desconstruir o discurso e o projeto de Marina, mas não apresentou nenhum plano de governo. "Dilma disse que pretende continuar tudo do jeito que está.", comentou Beto, com a confirmação de Marina. "Mas Marina é como biorana preta, uma espécie de bambu, enverga, mas não quebra.", frisou.

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O candidato a vice pediu que cada militante doe entre dez e quinze minutos por dia para responder aos ataques e defender o programa de governo e as propostas de Marina nas redes sociais.

Marina, apesar de dizer que dava a outra face, partiu para o ataque. Ela disse que "vai se manter firme no serviço". A presidenciável afirmou que nem a presidente Dilma Rousseff (PT), nem Aécio Neves (PSDB) têm plano de governo. "Temos só dois minutos de programa de TV, mesmo assim, nossos adversários tremem mais que vara verde. Eles tremem porque estão vendo o vento da mudança, o vento da esperança. Tem um plano de governo e nenhum deles apresentou um plano. Dilma diz que vai fazer a mesma coisa, escolhendo diretores da Petrobras com os mesmos critérios.", criticou.

A fase passiva de Marina acabou. Ela disse que o governo é uma tsunami de incompetência e arrogância. "E não reconhecem os erros. O País tem economia fraca, tem um crescimento para baixo, a inflação está de volta. E os malfeitos têm que ser corrigidos. Queremos manter as coisas boas. Estão aterrorizando a população dizendo vamos acabar com o Bolsa Família, com o FIES, com o Minha Casa, Minha Vida, mentira. Não vamos acabar nada. Vamos ampliar e melhorar. Queremos preservar as coisas boas, mas não seremos complacentes com os erros. O PT quer que o povo bata continência para direitos que foram adquiridos. São conquistas. É cidadania. Não vamos fulanizar as coisas. Nossa intenção é transformar as pessoas em cidadãos. É para isso que temos um plano de governo", discursou Marina.

Ela ainda defende um realinhamento político, dizendo que, se ganhar, pretende governar com todos os partidos. "Todo partido tem gente boa. E mais, pedimos uma chance para o Brasil sair do buraco. Não queremos reeleição. São apenas quatro anos. A reeleição virou uma desgraça para o Brasil. O governante não faz o necessário para o País, mas faz o necessário para se reeleger. Se faz qualquer coisa para se reeleger. Queremos fazer o que importa para o Brasil. Queremos mudar o Brasil. Há 40 anos tem gente se reelegendo e tem uma infinidade de obras que são iniciadas e não são acabadas. Tem obras inacabadas que nem deveriam ter sido iniciadas, porque não são prioridade para a população. Temos que ter eficiência e competência, por isso, temos um plano de governo", justificou Marina.

Voltando ao quesito agressões, Marina Silva disse que apesar de muito agredida, não vai responder na mesma moeda. "Não vamos usar as armas sujas da calúnia, mentira e boato. Não vamos nos transformar neles. Vamos oferecer a outra face. Não acredito que a Dilma faça isso comigo e não tenha dor na consciência. Eles estão apavorados. Mas se tem mentira, vamos apresentar a verdade. Se tem preguiça, vamos apresentar o trabalho. Se tem incompetência, vamos apresentar a competência. Temos que ser pessoas melhores e queremos governador com gente boa, que tem em todos os partidos. Por isso defendemos o realinhamento político e aposentar a velha república. E temos que chamar os novos à responsabilidade."

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Marina pediu votos para ser a primeira mulher negra a ser presidente do Brasil. "A mulher cujo o tempo chegou. Eu não sou otimista, nem sou pessimista. Eu sou persistente", finalizou a socialista.