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Sem verba, Pilotto é refém do busão

Sem dinheiro para alugar jatinhos, helicópteros ou veículos luxuosos, candidatos menores acabam tendo de recorrer ao bom e velho busão para viajar pelo Paraná. Um exemplo é o candidato Bernardo Pilotto (PSol). Em um mês, ele percorreu cerca de 3 mil quilômetros e participou de atividades em dez municípios, de diferentes regiões do estado – incluindo Noroeste, Centro-Oeste, Centro-Sul e Litoral. De acordo com ele, quase todos os deslocamentos foram de ônibus – em poucas situações que a passagem estava mais barata, usou aviões de carreira.

A opção pelo ônibus está longe de ser por conforto. Desde o início da campanha, ele recebeu R$ 33,5 mil em doações – difícil de competir com os três candidatos principais, que receberam doações na casa dos milhões já na primeira parcial. Para fins de comparação, um único voo contratado por Roberto Requião (PMDB) em julho custou R$ 24 mil. "É mais uma dificuldade que joga contra, mais um ponto que faz diferença nas campanhas", afirma o candidato.

Em alguns casos, Pilotto chegou a aproveitar os ônibus noturnos para economizar uma noite de estadia. "Hoje [sexta-feira], por exemplo, vou passar minha quarta noite na estrada", afirma. A rotina de viagens, segundo o candidato, é bastante exaustiva; ele inclusive diz que o cotidiano de campanha atrapalhou sua performance no último debate, realizado na quinta-feira da semana passada. "Eu estava bastante cansado", admite.

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O cargo de governador é o mais cobiçado do Paraná. Quase toda personalidade política do estado sonha em, um dia, sentar em uma confortável cadeira do Palácio Iguaçu e exercer seu poder sobre um dos maiores orçamentos públicos do Brasil. Mas, para chegar até lá, o caminho é longo – e bota longo nisso. Em tempos de campanha, os candidatos têm que andar, rodar e voar muito para vender seu peixe nos rincões mais afastados do estado. Apenas no mês de agosto, os três principais candidatos, somados, viajaram 13,5 mil quilômetros em campanha.

Nesse período, quem mais pegou a estrada foi o senador Roberto Requião (PMDB) – que conhece mais do que ninguém as benesses do cargo, que exerceu por três mandatos (1991-1994 e 2003-2010). Em um mês, ele viajou pelo menos 6,6 mil quilômetros, passando por 28 cidades, de quase todas as regiões do estado – apenas o Litoral não foi visitado neste período. Isso sem contar duas viagens, não contabilizadas nesse levantamento, para Brasília e Buenos Aires, para exercer atividades de senador.

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Já a senadora Gleisi Hof­­fmann (PT), única dos três que não exerceu o cargo, rodou 3,3 mil quilômetros. Ela passou por 25 municípios no período, mas, ao contrário de Requião, focou a campanha em algumas regiões – passou por oito delas. Beto Richa (PSDB), atual governador, fez trajetos mais longos, 3,6 mil quilômetros no total, mas focou sua campanha em menos municípios (19) e regiões (cinco).

A quantidade de compromissos em diferentes regiões faz com que os candidatos tenham de estar em lados opostos do estado quase que simultaneamente. Requião, por exemplo, teve compromissos em Maringá e União da Vitória no dia 9 de agosto. Gleisi passou por Tamboara, no Noroeste, e Jacarezinho, no Norte Pioneiro, no dia 30 – e no dia seguinte teve que correr para Candói, na região central do Paraná.

Já Richa, com a campanha no interior limitada aos finais de semana, teve de fazer uma espécie de "maratona" para cumprir seus compromissos. No dia 9 de agosto, um sábado, teve eventos de campanha em Maringá, Prudentópolis, Francisco Beltrão e Capanema – um tour de 538 quilômetros.

Meios de transporte

Para conseguir estar em tantos lugares no mesmo dia, os três principais candidatos recorrem a aviões fretados – o popular "jatinho". A reportagem solicitou o número de viagens feitas por esse meio de transporte às assessorias de comunicação das campanhas, mas nenhuma respondeu com precisão. Segundo a assessoria de Requião, a maior parte dos percursos foi feita de carro, mas jatinhos foram usados em ocasiões especiais. Ele foi o único a prestar contas de seus voos até agora: em julho, ele fez quatro pagamentos, somando R$ 74,5 mil, para aluguel de aeronaves.

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Já a assessoria de Richa comunicou que o governador freta aviões para percursos mais longos, sem especificar a distância. Em agosto, foram pelo menos dez trajetos feitos acima dos 200 km. A assessoria de Gleisi disse que a candidata tem viajado de aviões fretados e carros, e que os gastos estarão nas prestações de contas da candidata.