Pela reeleição
Desde 1998, o Paraná sempre reelegeu os candidatos ao governo do estado. Confira a cronologia:
1994 Jaime Lerner (então no PFL) foi eleito no primeiro turno com 54% dos votos contra 38% de Alvaro Dias (então no PP).
1998 Jaime Lerner foi reeleito no primeiro turno com 52% dos votos contra 45% de Roberto Requião (PMDB).
2002 Roberto Requião foi eleito no segundo turno com 55% dos votos contra 44% de Alvaro Dias.
2006 Roberto Requião foi reeleito no segundo turno com 50,10% dos votos contra 49,90% de Osmar Dias (PDT).
2010 Beto Richa (PSDB) se elege governador no primeiro turno com 52% dos votos contra 45% de Osmar Dias.
2014 Beto Richa se reelege no primeiro turno com 55% dos votos contra 27% de Roberto Requião e 14% de Gleisi Hoffmann (PT).
79% foi a votação de Richa na cidade de Londrina. Foi seu melhor desempenho nos principais municípios do Paraná.
53% foi a votação de Richa em Curitiba. Nas eleições anteriores ele fez 67% dos votos na capital.
85% foi o desempenho de Richa em Guaporema, cidade onde teve sua maior votação no estado. A cidade fica no Noroeste.
14% foi o desempenho de Richa em Cerro Azul, seu pior desempenho. Requião fez mais de 80% dos votos no município.
O Norte e o Oeste do Paraná garantiram a Beto Richa (PSDB) a reeleição no primeiro turno. Nas duas regiões, a segunda e a terceira mais populosas do Paraná, respectivamente, o tucano fez 65,77% e 62,53% dos votos. Já a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) foi uma das duas únicas regiões onde Richa não venceria a eleição já no primeiro turno. Nos arredores da capital, o governador fez 49,01% dos votos no Centro-Sul, ele fez 47,86%.
INFOGRÁFICO: Veja o percentual de votos para governador por região
Veja o resultado da apuração dos votos para governador no Paraná
Veja o resultado da apuração dos votos para governador na cidade de Curitiba
Nas principais cidades do Norte e do Oeste, Richa fez um número alto de votos. Em Londrina, por exemplo, conseguiu 79,05% dos votos.
Para o cientista político Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná, o bom desempenho do governador na cidade se deve a dois fatores: primeiro, à popularidade de seu pai, José Richa, que foi prefeito da cidade. Outro fator foi a falta de candidatos fortes na disputa, segundo Codato. Na maior cidade do interior, o PT tem uma imagem bastante desgastada, o que impediu um bom desempenho de Gleisi, segundo o especialista. Requião também é bastante impopular na cidade, completa. No segundo maior colégio eleitoral da região, Maringá, Richa também teve um bom desempenho: fez 56,04% dos votos.
Boa votação
No Oeste, Richa conquistou o eleitorado da região. Na eleição passada, sua votação média na região foi 13% inferior ao resto do estado um de seus piores desempenhos. Desta vez, o seu desempenho na região foi bastante acima de sua votação total no estado 55,7%. Em Cascavel e Foz do Iguaçu, maiores colégios eleitorais da região, Richa conseguiu votações boas: 62,94% e 61,92%, respectivamente.
Já na RMC, Richa teve um de seus piores desempenhos regionais, mas ainda assim terminou na frente de Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Na capital, o governador fez 52,7% dos votos válidos, contra 30,69% de Requião e 11,65% de Gleisi. Apesar do resultado positivo, sua votação neste ano foi pior do que na eleição de 2010, quando fez 66,94% dos votos no município.
Para o cientista político Doacir Quadros, do grupo Uninter, essa queda reflete um possível desgaste do eleitorado da capital com Richa. "Ele já não conseguiu eleger seu indicado para a prefeitura, em 2012, o que já mostrava uma certa queda na sua popularidade entre o eleitorado curitibano", afirma. Já Codato avalia que, apesar de ter perdido votos, não é possível falar em um desgaste de sua imagem uma vez que ele ainda fez mais da metade dos votos válidos na cidade. Em outras localidades da RMC, Richa teve um desempenho pior: fez menos de 30% dos votos em três municípios do Vale do Ribeira.
Centros regionais
Dos dez principais centros regionais do Paraná, em nove Richa foi reeleito no primeiro turno. A única exceção foi Paranaguá. Na cidade, o governador perdeu muitos votos entre 2010 e 2014. Ele caiu de 64,76% para 45,91%. A situação é curiosa: em 2010, Requião teve seu pior desempenho na cidade, fazendo apenas 12,36% dos votos. Desta vez, o candidato fez 34,16% seu melhor desempenho nas maiores cidades do estado.
Beto se beneficiou das fragilidades de Gleisi e de Requião
Renan Araujo, especial para a Gazeta do Povo
Poder conquistado enquanto governador e fragilidade dos adversários. Para cientistas políticos, esses foram os dois fatores principais que contribuíram para a reeleição de Beto Richa (PSDB), que derrotou Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT). Requião, inclusive, chegou a estar praticamente empatado com Richa no início das pesquisas de intenção de voto, mas perdeu força durante a campanha.
Segundo o cientista político da Universidade Federal do Paraná Adriano Codato, a candidatura de Requião estava enfraquecida devido à divisão interna dentro do PMDB parte da legenda apoiava Richa. "Participar do pleito sem o apoio total do partido ou do PT [que estava com Gleisi] tornou as coisas mais difíceis para ele. O Requião achou que bastava ser ele mesmo para satisfazer o eleitor. Mas não foi isso que aconteceu."
Em relação a Gleisi, o cientista político da Uninter Doacir Quadros afirma que ela ainda sofre com a falta de experiência em cargos eletivos no Executivo. O grande trunfo utilizado por ela durante a campanha foi o trabalho como ministra-chefe da Casa Civil da Presidência e a parceria com o governo federal. "Gleisi tem uma competência já comprovada no segundo escalão de governo, mas ainda não tem experiência no Executivo, o que fragilizou, e muito, sua campanha no estado", avalia.
Capilaridade
Adriano Codato destaca ainda o apoio a Richa de pequenas e médias cidades do estado. "O governador possui uma força muito grande, principalmente no interior. Ele controla muitos recursos, então prefeitos acabam passando para a base do governo. Essa capilaridade de apoios e votos garante a reeleição."
Além disso, existe tradicionalmente uma preferência pelo candidato que tenta se reeleger, completa Doacir Quadros. "O candidato que é mandatário está com seu governo à disposição para o eleitor fazer esse balanço. Então aqui e em outros estados o candidato sai à frente", explica.
Futuro
Para os especialistas, os próximos anos do governo Richa ainda são uma incógnita. Mas eles preveem que a relação com o governo federal deve melhorar, ao menos nos próximos dois anos. Para Quadros, o problema se dá a partir do terceiro ano de governo. "Isso ocorre porque as eleições vão se aproximando e pode haver um desencontro entre um governo e outro", diz.
Codato também diz acreditar que os dois primeiros anos devem ser de dedicação ao governo, mas os dois últimos focados em eleições futuras. "Richa vai tentar se transformar numa liderança nacional do seu partido", prevê.
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