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Marcelino e Adriana Coelho com o símbolo da campanha | Jonhatan Campos/ Gazeta do Povo
Marcelino e Adriana Coelho com o símbolo da campanha| Foto: Jonhatan Campos/ Gazeta do Povo

Laços de sangue

Levantamento mostra que há parentesco entre os políticos menos óbvios nesta eleição. Há pelo menos 70 candidatos a deputado federal e estadual que têm primos, cunhados, tios e sobrinhos que atuam ou já atuaram na política. Os dados foram obtidos com base nas respostas de cerca de 700 concorrentes deram ao Candibook, da Gazeta do Povo. Alguns dos parentes são vereadores e prefeitos em cidades do interior do estado, Santa Catarina e São Paulo.

  • Nelsão e Fernanda: apoio dos sindicalistas

Além da rotina da "vida a dois", alguns casais decidiram se dedicar à política e "dividem" a campanha nestas eleições. Assim como duplas famosas que fazem parte da história política mundial – Bill e Hillary Clinton, por exemplo – casais paranaenses estão concorrendo juntos a cargos públicos em 2014.

Nelsão da Força e Fer­nanda do Nelsão, ambos do Solidariedade, compartilham o cotidiano de uma campanha eleitoral com a família. Ele concorre a uma vaga de deputado federal e ela, estadual. "É difícil, mas como nossa campanha é familiar, ficamos mais perto um do outro", explica Nelsão. A ideia de concorrem juntos neste ano surgiu da família e de grupos de amigos ligados a movimentos sindicais – Nelsão é presidente licenciado da Força Sindical.

No Portal dos Candidatos – Candibook você pode acessar o perfil de todos os candidatos

Vídeo: veja quais as funções do deputado federal

Vídeo: veja quais as funções do deputado estadual

O casal não é novato em eleições. Fernanda é vereadora em Campo Largo desde 2013, cargo já ocupado por Nelsão anteriormente. Segundo ele, ambos sempre estiveram ligados à política. Eles se conheceram durante as eleições municipais de 2004, quando Fernanda era cabo eleitoral de Nelsão que, na época, concorria a Câmara de Vereadores da cidade da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

Entre a distribuição do material de campanha, o corpo a corpo com possíveis eleitores e reuniões nos comitês estão os seis filhos do casal. Segundo Nelsão, tudo é conciliado, "até porque a família inteira ajuda na campanha".

Opinião compartilhada por Marcelino Cilo Coelho e Dra. Adriana Coelho (PSD), candidatos de Paranaguá. "A vida de casado fica até mais fácil porque estou sempre com ela, se um dos dois não concorresse, ficaríamos mais tempo separados", afirma Marcelino.

A vontade de se lançarem candidatos também surgiu dentro de casa, com o apoio dos filhos. Para Marcelino, a ligação de ambos com a comunidade do Litoral impulsionou a candidatura. "Sempre estivemos ligados a assuntos públicos e políticos e também apoiando campanhas. Entendemos que agora estamos preparados para concorrer", conta ele.

De acordo com Vera Chaia, coordenadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Politica da PUC-SP, o eleitor acha comum que a mesma família tenha vários candidatos. "Em geral, pela maneira como a apresentação dos candidatos é feita [em casal], é um tipo de estratégia e pode alavancar votos", explica.

Santinho e cavalete

Na hora de produzir o material de campanha as duplas se mantêm. Em eleições notadamente casadas como a de deputado federal e estadual, os casais de fato também formam as conhecidas dobradinhas aparecendo juntos em santinhos, placas e banners. Eles também se complementam na hora de buscar os votos. "Se saímos separados para fazer campanha eu peço voto para ela e vice e versa", conta Marcelino.

Para Eugênio Giglio, professor e pesquisador da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RJ), essas composições são comuns e importantes quando se fala em custos. "A estrutura de produção que é montada para um candidato é aproveitada para outro, pois as campanhas são muito caras", comenta.

O casal Marcelino e Adri­ana está junto também nos números de urna. Ele, que concorre a federal, tem apenas um "5" a menos que ela, que busca uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná. "É mais um motivo que ajuda o eleitor a saber que somos um casal", afirma Marcelino.

Estratégia diferente da usada pelo casal de Campo Largo, que preferiu reforçar os nomes que aparecerão na urna: Nelsão da Força e Fernanda do Nelsão.

Filhos tentam seguir os passos do pai

É comum que os filhos sigam os passos dos pais em diferentes carreiras. Regra que vale também para a política. Em geral, alguém mais experiente da família – avós, pais e tios – que já ocupam um cargo eletivo, acabam influenciando a decisão dos mais jovens de lançarem suas próprias candidaturas. O que pode ter vantagens.

"Se uma das duas candidaturas já é conhecida e tem uma imagem boa perante a população, obviamente isso alavanca votos", afirma Másimo Della Justina, professor de Ciências Políticas e Economia da PUCPR. Mas, segundo ele, há também casos opostos: quando a imagem negativa de um é imediatamente ligada ao outro concorrente. "Essas famílias ocupam o vácuo deixado pelo cidadão, que muitas vezes tem vocação para a política, mas não tem coragem de concorrer", pondera Másimo.

Segundo levantamento com base nos dados do Candibook – o portal dos candidatos da Gazeta do Povo – há pelo menos oito duplas de pais e filhos que concorrem à Assembleia Legislativa, Câmara Federal, Senado e também ao governo no Paraná. Na maioria deles, o pai tenta a vaga federal e o filho a estadual.

Candidato a reeleição, o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB) e o filho Luiz Renato Hauly (PSDB), candidato a estadual, aparecem juntos nos materiais publicitários e trabalham em parceria na campanha. "Ele já acompanhou dez eleições minhas, coordenou algumas e estudou política", explica Hauly pai. Segundo ele, a família opinou na decisão do filho, devido ao peso e à responsabilidade de um cargo público. "Nós apoiamos, mas a decisão final foi dele", conclui.

Para o candidato a deputado federal Rafael Felipe Lucas (PSB), filho da candidata à deputada estadual Marisa Massa Lucas (PSC), a influência também nasceu em casa. O pai, Felipe Lucas, é deputado estadual e a mãe já ocupou cargos públicos. "Durante a campanha também trabalhamos juntos, mas a maioria do material é individual. Saímos candidatos por razões distintas, cada um tem um nicho de votação", conta Rafael.

Para Vera Chaia, professora da PUC-SP, o eleitor vê uma relação de confiança na família. "Dessa maneira facilita a identificação por parte do eleitor: se ele já votava no pai, vai votar no filho", explica.

De pai para filho

Veja quem são as duplas de pais e filhos:

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