Na primeira escala do dia de campanha em Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff (PT) reforçou nesta terça-feira (21) a estratégia da campanha petista de apontar preconceito do PSDB contra o Nordeste.
Em palanque em Petrolina (PE), na divisa com a Bahia, a candidata afirmou que "tucanos" dizem que os votos dela na região "eram de pessoas ignorantes". "Essa região é uma das mais importantes desse país, apesar do que acham os tucanos. Porque os tucanos falaram que meus votos que recebi no semiárido, no Nordeste, [...] eram de pessoas 'Piauí', de pessoas ignorantes. Nós somos ignorantes porque nós ignoramos os tucanos", afirmou, irônica, a um público de agricultores e militantes sociais reunidos pela ASA (Articulação do Semiárido Brasileiro).
O PT reforçou a estratégia regionalista contra o PSDB após o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) afirmar, em entrevista após o primeiro turno, que o PT cresceu no país com o voto dos menos informados. "O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados", afirmou FHC na ocasião.
Dilma, que saudou o público com um "bom dia, semiárido", afirmou estar mudando a realidade da região junto com os moradores e disse que o PSDB não fez nada pela região e pelo país."Nós não reconhecemos nos tucanos alguém que fez uma política a favor de nenhum Estado brasileiro, muito menos no Nordeste", disse.
Usando a primeira pessoa do plural ao citar os nordestinos, a presidente voltou a usar a crise da água em São Paulo para atacar o PSDB, que governa o Estado do Sudeste. "O Estado mais rico do Brasil, o Estado de São Paulo, não se preparou para a seca. Vocês do Nordeste se prepararam, e hoje, diante da maior seca, nós temos condições de viver aqui e de não ficar catando pingo d'água por aí", afirmou Dilma, citando ações federais como construção de cisternas ("uma bênção que vocês construíram conosco"), Bolsa Família e Bolsa Estiagem.
Dilma disse que o PSDB cultiva uma "visão ultrapassada" do país. "Não sabem que o Brasil e esta região estão mudando pelo braço, a garra e o esforço de seu próprio povo, e pelas oportunidades que os governos do presidente Lula e o meu governo fizeram aqui no semiárido."
Também pediu votos ("peço humildemente o voto de cada um e cada uma") e incitou o público a "não deixar a bola cair". "Botemos a bola no campo e vamos levar essa bola para frente, levando cada um de nós a falar com vizinho, um parente, defendendo o que fizemos juntos."Ao final, nova alfinetada nos rivais. "No dia 26 [data do segundo turno] o que não vamos deixar é tucano voando por aí, contando mentiras por aí. Vamos claramente mostrar que o Brasil tem rumo, quer continuar mudando", afirmou.
AGENDADilma chegou à região por volta das 11h30, e foi recebida no aeroporto por integrantes de movimentos sociais como MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), MAB (Movimentos dos Atingidos por Barragens) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Os militantes entregaram à candidata uma carta de apoio que inclui reivindicações como reforma agrária no semiárido, combate ao uso de agrotóxicos e "democratização dos meios de comunicação".
A presidente teve a companhia no palanque do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e de políticos locais. A organização estimou o público presente em 30 mil pessoas.Dilma ainda terá compromissos de campanha nesta terça em Goiana e no Recife, esses ao lado do ex-presidente Lula.
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