Beto com José Richa. O filho diz ter aprendido a fazer política com o pai, falecido em 2003| Foto: Divulgação

Carlos Alberto Richa (PSDB) ingressou na vida pública em 1994 quando eleito deputado estadual, a contragosto do pai, o ex-governador do Paraná José Richa (1934-2003). Mesmo assim, o filho continuou galgando cargos na política estadual. Foi reeleito em 1998; eleito vice-prefeito de Curitiba, em 2000; prefeito da capital, em 2004 e 2008; e governador do estado, em 2010, e agora em 2014.

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Beto Richa diz que aprendeu a fazer política em casa, com o pai e demais políticos que frequentavam a residência da família, como Ulysses Guimarães (ex-deputado federal, ex-ministro e candidato a presidente em 1989) e Tancredo Neves (eleito presidente da República em 1985, mas acabou morrendo antes da posse). As advertências do pai de que a "vida pública é muito difícil" não foram suficientes para que Beto optasse por seguir carreira de engenheiro civil, sua formação acadêmica.

A persistência fez o discípulo superar o próprio mestre. O segundo mandato como governador do Paraná coloca o filho em um patamar que o patriarca não conseguiu alcançar. Nas eleições de 1990, José Richa tentou, sem sucesso, retornar ao cargo máximo do Executivo estadual, ocupado anteriormente em 1982. Na ocasião, ficou em terceiro lugar na disputa.

A reeleição de ontem tem ainda um gostinho especial para a família Richa. No longínquo ano de 1990, o patriarca disputou contra Roberto Requião (PMDB) e foi alvo de ataques do ­­peemedebista, sobretudo com relação às aposentadorias recebidas por Richa pai. Requião venceu o segundo turno após uma disputa acirrada com José Carlos Martinez (1948-2003), candidato do PRN e apontado como favorito pelas pesquisas. Na época, o caso Ferreirinha, no qual um suposto João Ferreira se identificou como matador de agricultores a serviço da família Martinez no horário político de Requião, foi fundamental para a derrota do candidato do PRN – posteriormente, a Polícia Federal provou que Ferreirinha era apenas um ator.

Passados 24 anos, a vitória de ontem de Richa ainda no primeiro turno eliminou as pretensões de Requião de assumir o comando do Paraná pela quarta vez.

Mais quatro anos

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O segundo mandato como governador, aos 49 anos, marca também o início da terceira década de vida pública de Beto, uma espécie de resposta aos ataques de adversários de que nunca trabalhou e "acorda sempre depois das 11 horas", frase proferida diversas vezes por Requião. Mais que isso, a reeleição alça o governador do Paraná ao hall dos nomes de peso do PSDB para eventuais disputas em âmbito nacional, apesar de o mesmo renegar tais pretensões. A posição fica ainda mais evidente em função da proximidade com Aécio Neves, influente na cúpula do partido. "Eu vim para o Paraná pegar um pouco do mel de Beto Richa", declarou Aécio na sua última passagem por Curitiba, dando ênfase à força de voto de Beto.

Casado com Fernanda Richa e pai de três filhos, Beto terá os próximos quatro anos no comando do estado para apagar eventuais rusgas da última gestão. Ele enfrentou problemas, que foram destacados pelos adversários, como carros da polícia sem gasolina, racionamento na alimentação dos cães da corporação e inúmeras rebeliões em presídios.

Ciclos

Além dos cuidados com o estado, o governador tem outra tarefa paralela: acompanhar a carreira política do filho mais velho, Marcello, de 28 anos. Assim como José Richa, Beto desencorajou o herdeiro, sem sucesso. Marcello já ocupou o cargo de secretário de Esportes de Curitiba na gestão de Luciano Ducci (PSB) na prefeitura e participou diretamente da campanha de Beto para reeleição ao governo.

No momento, a lei impossibilita que o filho dispute cargos no estado governado pelo próprio pai. Porém, talvez para desgosto de duas gerações da família Richa, Marcello também gosta de política.

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